A Síndrome do Cobertor Curto

Nos últimos dias o Brasil tem acompanhado em todos os noticiários a greve dos caminhoneiros no qual tem gerado bilhões de prejuízo em inúmeros segmentos sobretudo na agricultura, indústria e comércio. A proposta desta reflexão não se trata de uma crítica em relação aos ‘caminhoneiros guerreiros’, nem tampouco medir forças no que tange ao real motivo da greve, seja na esfera racional e/ou emocional, ou mesmo até que ponto a greve é considerada como legítima ou não.

Torna-se evidente que o Brasil parou e como consequência tivemos 02 resultados que merecem atenção especial. O primeiro deles foi a redução do preço do diesel nas bombas. Se levarmos em consideração que o modal rodoviário é o maior do país (61,1%) conclui-se que se trata de uma conquista importante e que consequentemente reduz também os custos do frete, podendo até mesmo diminuir o preço de venda do produto junto ao consumidor. Mas como consequência da greve não podemos esquecer que tivemos perdas bilionárias de alimentos e outros produtos, reduzindo sua oferta e elevando seus preços ao consumidor, sem levar em consideração os abusos praticados pelos oportunistas.  

Se tomarmos como parâmetro de análise a redução do preço do diesel, o questionamento pode ser: Quem vai pagar a conta desse subsídio? A conta precisa fechar! Noticiários revelam que o subsídio vai gerar rombo em torno de 9,5 bilhões e que o governo avalia subir impostos para compensar. A partir desta ação vejo que o governo está com a SÍNDROME DO COBERTOR CURTO, no qual para resolver um problema acaba piorando outros. E como consequência dessa Síndrome podemos avançar na seguinte análise: Qual o impacto dessa Síndrome? Qual o impacto da compensação para o bolso do brasileiro?

Sabemos que essa greve traz consigo uma grande força de luta ao povo brasileiro. Talvez essa greve traz ao povo um novo viço de ir à luta por um país melhor. Mas ressalto aqui que atender os objetivos de uma única classe não resolve o problema do país. O problema do país é conjuntural. É preciso combater de forma incisiva a corrupção e reduzir os custos da máquina pública. E aqui temos ainda um outro grande problema: Ninguém quer abrir mão de direitos da máquina pública. Isso traz como consequência um grande peso tributário ao povo brasileiro.

Acredito que a redução do diesel não irá reduzir a corrupção nem mesmo os impostos, mas pelo contrário, o governo irá aumentar os impostos para cobrir o benefício do diesel. Oxalá se tivéssemos a mesma força que os caminhoneiros tiveram para cobrar a reforma tributária no Brasil. O povo está cansado e não aguenta mais a alta carga tributária. É preciso tomar ações inteligentes e eficazes. A conquista da greve foi muito positiva, mas quem irá pagar a conta das perdas é o povo brasileiro. Fato é que o governo irá adotar a SÍNDROME DO COBERTOR CURTO. Irá cobrir a máquina pública, que não abre mão dos seus direitos e benefícios, e descobrir os pés que sustentam esse país, que são os trabalhadores.

Diga sim à reforma tributária!

Diga não a SÍNDROME DO COBERTOR CURTO!

Créditos Imagem: Marlon Brum