As Voltas de Um Certo “C”.

As Voltas de Um Certo “C”.

Eric Costa e Silva 


Dizem os passantes boiadeiros mais velhos, um breviário se faz juntando as lembranças onde os pés pisaram e de passo a passo regorgeiam na nossa mente o desnovelar de lastros neurais rumo a viagem dos nossos universos interiores.

Ontem, entre as minhas preces reluziam um certo ar de desalento nas retinas a pairar entre mim e uma paisagem árida.

Os tons de cerrado se aproximam no porvir do passado em ato de observar o relógio de sol-posto feito de gravetos no chão de areia fofa a mitigar os traços do azul anil do céu da época em que cheguei por essas bandas da cidade de Clementina. Era um daqueles carnavais promovidos pela Rádio Transamérica.

Nos carnavais do início da década de noventa, eu buscava encontrar o amor regado na máxima da razão e da emoção, pois para mim, tudo deve obedecer tal simetria. 

Desde ontem e seus vinte desérticos invernos, guardo comigo  os estudos dos clássicos de Maquiavel a Young, de Clarice ao Bruxo do Cosme Velho e dentre outros estavam junto deles as minhas espinhas no rosto.

Na escola, elaborava os estudos do método construtivista, tão nobremente ensinados no Centro Específico de Formação ao Magistério.

Bem lembro! Nos idos normalistas, costumava a dizer que os dias podem passar no calendário feito um toque místico. 

Entretanto, no fim constroem o tempo-espaço dado na sentença dialética de não existir nada mais dialético na vida do que nossa própria vida, uma vez, a cada instante, no qual vivemos, nós também estamos morrendo.

Tais recordações perfazem a vida do meu velho-jovem e a cada centímetro de chão batido nas minhas entranhas, dadas nas caminhadas na estrada do córrego “C”, posso perceber o estremecer do meu coração junto as sombras passadas de nossos  erros e poucos acertos. 

Errado estava eu ao disputar uma corrida de cavalos com o irmão da jovem, do qual compartilhava sonhos? 

Quem sabe! O jovem, além de perder a corrida, quase se desfalece com o tombo do cavalo, do qual, o levou a bater com a cabeça na cominheira da entrada da pequena Igreja, lugar de fé, onde homens e mulheres se dividiam ao se sentarem em lados distintos, no missal.

Certo foi eu me levantar cedo e brindar a sua manhã com mais uma inesquecível volta de trator com a minha companheira.

Após terminar o relacionamento pela distância e falta de certas carícias mais ousadas? Mesmo sendo testemunha de certos gracejos… Só nós podemos responder!

Digo, a vocês, as ações e escolhas, elevam a marca da incerteza e a não leveza para com a construção diária dos relacionamentos.

Quer seja com os amigos ou com a hoje ex-companheira, da qual em outros sóis, compartilho minhas entranhas ditas em meus passos na estrada municipal do córrego “C”.

Ao leitor! Posso dizer, devemos respeitar o passado desses nossos mais de vinte e poucos anos e desta conexão nos apegarmos ao advir dos laços das coisas boas.

Amanhã, tais como as estrelas a brilharem em nosso caminho, elas os são a justa perfeita de um quase abraço solitário de nosso ser rumo a rente foz das curvas do passado, cujo tempo, a mente retorna para refazer cada grão das linhas de nossas mãos, murmura e fecha os olhos, a estrada do córrego “C”.


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