Who Run The World?

A Ascensão das Mulheres em Cargos de CEO

Recentemente, uma declaração do empresário Tallis Gomes, fundador da Easy Taxi e presidente da G4 Educação, acendeu um debate intenso sobre a presença e a capacidade das mulheres em cargos de CEO. Gomes afirmou que prefere não ver mulheres em posições de CEO, alegando que esse papel "masculiniza" as mulheres e as afasta de responsabilidades familiares. DEUS ME LIVRE DE QUEM PENSA ASSIM EM PLENO 2024!

Como mulher, mãe, irmã, filha, esposa, executiva durante 15 anos da minha carreira e hoje, consultora de muitas empresas em treinamentos de vendas e liderança, não me furto em afirmar que essas declarações subestimam a importância e as conquistas das mulheres. Vamos explorar melhor esse tema, trazendo à tona os desafios enfrentados e as vitórias alcançadas pelas mulheres nas posições mais altas das empresas. Afinal, quem realmente manda no mundo corporativo?

Pressão e Estresse

Um dos argumentos usados pelo empresário foi a ideia de que o cargo de CEO envolve muita pressão e estresse, o que, em sua visão, não seria adequado para as mulheres. Porém, essa perspectiva ignora completamente a resiliência e a competência demonstradas por inúmeras mulheres líderes ao redor do mundo. No Brasil, Luiza Trajano, presidente do conselho de administração do Magazine Luiza, é um exemplo concreto de como mulheres podem liderar com excelência mesmo em ambientes desafiadores.

Energia Feminina e Masculinização

Outro ponto levantado foi a suposta "masculinização" das mulheres que ocupam cargos de comando. Tal argumento perpetua estereótipos de gênero que limitam a atuação das mulheres no mercado de trabalho. A ideia de que a energia feminina seria melhor empregada exclusivamente no âmbito familiar subestima o potencial transformador que as mulheres têm ao assumirem posições de liderança. O livro Liderança Shakti pode ampliar as perspectivas de quem quer saber um pouco mais sobre as energias que feminino e masculino podem trazer aos negócios.

Indra Nooyi, ex-CEO da PepsiCo, e Ginni Rometty, ex-CEO da IBM, são exemplos de mulheres que não só alcançaram o topo de grandes corporações, mas também implementaram mudanças significativas que beneficiaram não apenas suas empresas, mas a sociedade como um todo. Além delas, no Brasil, Cristina Palmaka, presidente da SAP América Latina, tem liderado com maestria uma das maiores empresas de tecnologia do mundo.

Estatísticas Relevantes

De acordo com um estudo da Grant Thornton, apenas 29% dos cargos de liderança sênior globalmente são ocupados por mulheres. Apesar do aumento gradual, a presença feminina em cargos de CEO ainda é minoritária. No entanto, empresas lideradas por mulheres, como a General Motors, comandada por Mary Barra, têm mostrado grande sucesso e resiliência no mercado.

Reafirmar estereótipos ou sugerir que a entrada das mulheres no mercado de trabalho e em posições de liderança trouxe consequências negativas para a sociedade é um retrocesso que se apoia em uma visão sexista e ultrapassada.

Benefícios para as Empresas

Diversos estudos demonstram que a diversidade de gênero nas lideranças empresariais não é apenas uma questão de justiça social, mas também traz benefícios econômicos significativos. Segundo um relatório da McKinsey & Company, empresas com maior diversidade de gênero na gestão têm 21% mais chances de ter uma performance financeira acima da média. A presença de diferentes perspectivas no processo decisório enriquece a capacidade da empresa de inovar e se adaptar a mudanças. Apesar dos avanços, as mulheres ainda enfrentam barreiras significativas para alcançar posições de liderança.

Entre os principais desafios estão o preconceito de gênero, a falta de mentorias e redes de apoio, e a dificuldade em conciliar as demandas profissionais e familiares em uma sociedade que ainda carrega muitos vieses patriarcais.

As declarações de figuras como Tallis Gomes são um reflexo de uma mentalidade retrógrada que ainda permeia parte do mercado de trabalho. A história e os fatos mostram claramente que as mulheres são plenamente capazes de desempenhar qualquer papel de liderança com a mesma competência e sucesso que seus colegas homens. É essencial que continuemos a combater esses estereótipos, promovendo a equidade de gênero e valorizando o papel das mulheres em todas as esferas da sociedade.

Vamos além das palavras: é hora de promover ações concretas que incentivem a ascensão das mulheres a cargos de liderança. Empresas devem implementar políticas de igualdade de gênero, como programas de mentorship e treinamento especializado. Se você é um líder empresarial, considere como pode apoiar e promover talentos femininos em sua organização. Não contrate empresas que perpetuem vieses tão distorcidos da realidade. E para todas as mulheres que, assim como eu, já passaram ou aspiram a cargos de liderança, continuem a lutar por seus objetivos – vocês têm o poder de transformar o mercado de trabalho e a sociedade.

Esse artigo pretende não só informar, mas também inspirar e motivar uma mudança Afinal, como Beyoncé cantou, "Who run the world? Girls!".  Vamos tornar isso uma realidade também no mundo corporativo.