Workaholic ou “Vestir a Camisola”?
Nos dias de hoje, em plena era digital, vivemos numa azáfama constante, onde computadores, smartphones e smartwatches abundam por todo o lado. Isto resulta invariavelmente numa avalanche de notificações de e-mails ou mensagens no grupo de trabalho do Teams, ou seja, estamos sempre ligados ao trabalho mesmo que não estamos a trabalhar.
Certamente já terá ouvido falar do termo workaholic e workaholism. Mas qual o seu significado?
Workaholism é uma expressão americana que define uma pessoa que trabalha compulsivamente, de uma forma excessiva e durante longas horas e que não consegue desligar-se do trabalho. Isto pode parecer-lhe novo e um fruto dos tempos modernos, mas na verdade, este fenómeno é alvo de estudos há quase 50 anos.
Mas cuidado não podemos confundir entre ser um workaholic e “vestir a camisola”. Workaholism não é sinónimo de trabalhar arduamente e nos EUA e Canadá é até apelidado de “adição respeitável”. Tal se deve ao carácter menos negativo com que é percepcionado pela sociedade em geral, que acaba por desvalorizar quando as pessoas são consumidas pelo trabalho e não mantêm relações pessoais saudáveis, nem interesses fora do trabalho e acabam por negligenciar a sua própria saúde.
Ao contrário, quem “veste a camisola”, privilegia os seus momentos de pausa, sabe que tem de cuidar de si mesmo/a para dar o seu melhor e está pronto/a para dar tudo pela sua empresa, pois acredita na sua missão, nos valores que esta defende… mas nunca descurando o seu bem-estar e o seu descanso.
Voltando aos workaholics, é também sua característica sentirem uma necessidade enorme de se manterem sempre ocupados ao ponto de fazerem tarefas que não são necessárias para o projecto que têm em mãos. Fazem-lo pois, acreditam que mais ninguém fará melhor a tarefa, nem lhe dedicará o tempo e atenção que eles/elas acham que a tarefa merece e, também por isso, não a delegam. Aqui começa a nascer o problema, pois estes/estas trabalhadores/as passam a focar-se no seu trabalho como fonte exclusiva de respeito e reconhecimento e até de autoconfiança. Dedicam a ele grande parte da sua vida e é do seu desempenho e dos seus sucessos que começam a retirar todo o seu valor e significância, identificando-se como profissionais de alto desempenho e grandes responsáveis pelo sucesso da empresa. Por outras palavras, o seu valor pessoal passa a ser determinado exclusivamente pelas suas conquistas profissionais. E um ciclo vicioso inicia-se.
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Este tipo de padrão de comportamentos leva muitas vezes a que estas pessoas tenham dores de cabeça, dificuldades de concentração, irritação constante, sofrem de insónias graves e outros problemas de sono, que muitas vezes debilitam as suas funções cerebrais e cognitivas. Tudo isto aumenta o risco do/a trabalhador/a apresentar sintomas de Ansiedade, Burnout e até de Depressão, resultando muitas vezes em conflitos pessoais e familiares.
Então e você: “Veste a sua camisola” ou é um workaholic?
Para que mais facilmente responda a esta pergunta, elaboramos uma lista de sinais de alerta:
A verdade é que pode não se considerar workaholic e até nem se aperceber que tem este problema. Contudo, se se identifica com alguns destes pontos é importante que reflita e monitorize o número de horas que dedica ao seu trabalho. Caso esteja a ser difícil fazer isso sozinho/a, fale com um Psicólogo/a de forma a ser ajudado/a a estabelecer limites saudáveis para que possa reequilibrar a sua vida pessoal e libertar-se do peso do trabalho.