WYSIATI - What You See Is All There Is? Como desenvolver emoções e vieses cognitivos treinados para o sucesso.
“Cada homem leva os limites de seu próprio campo de visão para os limites do mundo.”
Schopenhauer
Muitos talvez não tenham reparado, mas na bandeira da cidade de São Paulo há o seguinte lema: Non Ducor, Duco, que significa “Não sou conduzido, conduzo”. Será que você realmente é o condutor da sua própria vida?
WYSIATI - What You See Is All There Is (O que você vê é tudo que existe?) é um conceito psicológico que descreve a nossa tendência de basear decisões apenas nas informações que temos em mãos, ignorando o que não é imediatamente visível. Isso costuma nos levar a conclusões simplistas e enganosas.
Qual é o seu norte? Qual é o seu horizonte? Quantos lados seu olhar pode ver? E mais: Se a crítica contra vós tiver fundamento, pretendeis resistir à verdade?
Há uma interessante pegadinha mental chamada falácia do custo afundado. Trata-se de uma artimanha muito utilizada em cassinos, por exemplo, para manter as pessoas jogando mesmo após sucessivas perdas. Ela se resume àquela sensação de “agora vai!”. Como você sente que já investiu demais em algo, parece tolice desistir, e cria-se uma forte sensação de que, se você tentar só mais um pouco, conseguirá o que almeja. Loucura é fazer a mesma coisa várias vezes e esperar um resultado diferente, dizia Einstein. Se você tomou um caminho na vida que não te agrada, talvez seja hora de mudar. Muita gente se mantém amarrada a relacionamentos, pessoas, projetos e empregos disfuncionais pelo custo afundado que vê neles. Se você está no caminho errado, voltar atrás significa progresso (Lewis, 2020). Mais difícil que retroceder, porém, é admitir o próprio erro.
Erguer defesas é um ato instintivo de sobrevivência, e nossa mente está constantemente em busca de confirmação e segurança. Nossas defesas pessoais são uma tática protelatória, cuja função é nos proteger de potenciais mágoas emocionais. Elas geralmente só são suspensas quando somos confrontados com situações extremas, como um risco de morte – não é toa que, nesses casos, muitas pessoas relatam recordar vividamente os eventos da própria vida, e esse playblack abrupto é resultado do súbito afrouxamento das defesas, possibilitando que enxerguemos o mundo interior e exterior com muito mais clareza e lucidez.
Ver ou não ver, eis a questão. Nossos cérebros têm uma visão limitada do mundo – e conseguem processar ainda menos -, mas são ótimos ilusionistas e nos pregam peças de diversos tipos. Embora possamos ter uma bela família, um lugar agradável para morar e um bom emprego, por exemplo, no cotidiano simplesmente negligenciamos essas coisas devido a uma característica cerebral conhecida como habituação. A habituação é a tendência a disparar neurônios cada vez menos em reação a coisas que são constantes. Quando entramos em um recinto cheio de flores, por exemplo, após algum tempo mal sentimos seu perfume – e, do mesmo modo que nos acostumamos com isso, também nos habituamos a um emprego, um relacionamento, uma nova casa ou uma promoção muito desejada no trabalho. O que antes era sonhado e desejado ardentemente passa a fazer parte da rotina diária. Você se habitua a isso – seja um carro novo, um parceiro ou um cargo -, e sem perceber deixa de fazer a manutenção ou demonstrar seu apreço, um equívoco muitas vezes fatal.
As distorções cognitivas são vieses cognitivos ou padrões mentais tendenciosos que nos levam a enxergar a realidade de modo enganoso ou distorcido. Nossa bagagem emocional e psíquica cria vários filtros de percepção que, por sua vez, nos fazem encarar as situações pelas lentes de nossas feridas internas.
As coisas não mudam; mudamos nós.
Henry David Thoreau
Grande parte das pessoas passa a vida encurralada em um mundo repleto de becos escuros, em que forças silenciosas e aparentemente incontroláveis determinam suas ações e seu destino. Nossas emoções criam a nossa realidade de forma mais direta e complexa do que qualquer outro aspecto em nossa vida. Elas definem até nossa relação com o tempo: um sofrimento futuro é previsto com medo e ansiedade, enquanto uma perda passada é encarada com raiva e tristeza.
Só encontramos o mundo que procuramos (Thoreau, 2022). Por isso, todos nós precisamos aprender a identificar e filtrar as informações, conscientes dos nossos próprios padrões emocionais e vieses cognitivos – nem imaginamos quantas vezes um único detalhe ignorado ou uma palavra mal comunicada estragou casamentos, amizades, carreiras e negócios inteiros.
Ninguém está imune ao fracasso em ver – executivos, garçons, neurocirurgiões, motoristas, engenheiros, babás, atletas ou vendedores -, afinal todos possuímos olhos, cérebros – e emoções – humanamente falíveis.
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Em um dos mistérios de Conan Doyle, Sherlock Holmes diz ao dr. Watson (Doyle, 2019):
“Você vê, mas não observa. A distinção é clara. Por exemplo, você viu muitas vezes os degraus que trazem do vestíbulo a esta sala.”
“Muitas”, confirma ele.
“Quantas?”
“Ora, algumas centenas de vezes”, responde Watson.
“Então quantos degraus são?”
“Quantos? Não sei.”
“É claro! Você não observou. Apesar de ter visto. Este é o xis da questão. Pois bem, eu sei que há dezessete degraus porque tanto vi quanto observei.”
Em uma pesquisa da Universidade de Cleveland, Ohio, os participantes foram capazes de aumentar em incríveis 35% a força de seus dedos usando somente treinamento mental, sem nenhum movimento físico real – eles apenas imaginavam estar exercitando os dedos por quinze minutos diários ao longo de duas semanas. Isso não é mágica: o ganho muscular sem movimento foi atingido porque o ensaio mental ativa as mesmas áreas corticais do cérebro que o movimento físico (Vinoth K. Ranganathan et al., 2004). Da mesma forma, a prática mental pode influenciar processos controlados subconscientemente por compartilhar dos mesmos circuitos neurais; cientistas da Universidade de Oslo comprovaram que, embora não seja possível ajustar voluntariamente a abertura das pupilas dos olhos, estas podem se constringir até 87% quando as pessoas pensam numa luz imaginária (Rodriguez, 2014).
Observar o que está evidente, mas ninguém percebe. Observar o que não está aí, mas deveria estar. Observar a solução, a oportunidade, as alternativas, os atalhos, os sinais de alerta. Onde você estaria agora se pudesse treinar sua mente para observar o que realmente importa, e suas emoções para não te sabotarem nesse processo?
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REFERÊNCIAS
Business Executive B2C & B2B l Especialista em Soluções em Instrumentos de diagnósticos l Liderança l Business Partnes l Soluções Coorporativas l Pesquisa e Diagnósticos l Desenvolvimento Organizacional l Neurocoaching
9 m“Você vê, mas não observa. A distinção é clara." Qtas vezes, vemos e não observamos? Texto de pura reflexão!
Associado | Graduação em Administração de Empresas
9 mMaravilhoso Adriana Fellipelli Obrigado!!!
Presidente/ CEO/ CFO / Conselheiro / Diretor Geral/ Consultor em Negócios/ Coach e Mentor de Executivos
9 mExcelente Adriana. Se conhecer e entender suas proprias emoções é o primeiro passo para construir um caminho melhor ….
Consultora de Desenvolvimento Estratégico Organizacional | Palestrante | Treinamento | Coaching | RH | Escritora| Desenvolvimento | MBTI | TKI | Firo-B | Management 3.0 | Gestão de Pessoas | Design Thinking |
9 mExcelente artigo Adriana Fellipelli!
Tantas verdades num só texto. Sigamos para as reflexões . Sigamos a espalhar isso pelo mundo. Que todos possam acreditar que o desenvolvimento poderá nos levar a novos caminhos !