Zacimba, ESG e uma tentativa

Zacimba foi uma princesa angolana que chegou ao Brasil para ser escravizada. Após ter a sua origem nobre descoberta, ela sofreu nas mãos do algoz até conseguir se libertar, envenenando o escravagista e libertando todos os demais povos que viviam na fazenda, localizada na região do Espírito Santo. (continuamos com a história dela na próxima News) 

Eu acho essa história fascinante e o nome desta News é uma homenagem à princesa Zacimba também para as mulheres que se reconstroem e seguem a vida mudando as realidades que nos são impostas. As mudanças foram muito sentidas por aqui em 2023 e deixar de ouvir os algozes e olhar mais para o que podemos mudar é o foco.

Aqui, vamos falar sobre #ESG, #raça, #gênero, ser sarcástica com a vida e tentar dar minha opinião sobre assuntos que antes ficavam guardados só para mim ou para alguns sortudos que bebem comigo. (Vem de DM!)

Então, bora lá falar dos esforços, erros e conversas sobre a presença do ESG dentro dos debates sobre relações raciais e as práticas dentro de empresas e na sociedade ou como é dura a vida das mulheres que estão no mercado tentando falar de sustentabilidade, diversidade e inclusão!

Sem água, sem futuro

Entre muitas histórias marcantes do livro “Em busca de mim” de Viola Davis , o trecho em que ela descreve a falta de água e saneamento mostram o quanto esse item básico para a existência humana pode ser limitante para uma vida saudável. 

No Brasil, ainda hoje são quase 32 milhões de pessoas sem acesso a água e saneamento, apenas no estado de São Paulo, são 42 mil pessoas nessa condição. Este foi o assunto do evento ESG e o Ciclo da Água, mediado pela jornalista Marina Fillipe. O debate entre: Rubens Filho, Gerente da ODS 6 do Pacto Global da ONU no Brasil, Luana Siewert Pretto CEO do Instituto Trata Brasil , Luiz Cláudio Ferreira Leite Pinto Diretor da Rocca Sanitários Brasil, Claudio Pinto, Thiago Crucciti Diretor da @Worl Vision Brasil e Ismael Rocha além de trazer números que dimensionam o tamanho da crise sanitária que ainda vivemos, também evidencia um viés cruel, conforme, Luana Pretto explicou em entrevista: “Descobrimos com o estudo que a maior parte de pessoas que não tem acesso ao saneamento são pessoas com até 20 anos de idade, com filhos, pretas e pardas e com baixa escolaridade. Isto é, a falta de saneamento impacta diretamente nas pessoas que não tem o básico para se desenvolver”

A falta de saneamento continua impactando de maneira direta as crianças que nascem em famílias pretas e pardas em todo o Brasil. Os dados da pesquisa podem ser acompanhados Aqui

Vale aqui a reflexão, será que está previsto no contrato de privatização da Sabesp o trabalho específico para essa população? Reflitam...

Mulheres no topo. Quando?

Uma pessoa querida faleceu em novembro, o pai de um amigo que tenho em alta conta e ele dizia uma frase, já no final da vida, quando questionado sobre sua saúde: “No news, good news!” 

Mas, sabemos que não ter notícias não significa que está tudo bem. Sobre a presença de mulheres negras na liderança, por exemplo, não falamos sobre como estamos fazendo uma força descomunal para furar a bolha, e os números continuam sendo de apenas 13%, segundo pesquisa desenvolvida por Dilma Campos (CEO, sócia fundadora da Outra Praia, head de governança ambiental, social e corporativa da B&Partners.co)

Imagino que os homens, brancos e cis que estão na liderança acreditem mesmo no “No news, good news!”, afinal, se não falamos sobre isso, poque eles precisariam mudar algo que está estabelecido e "funcionando" a tanto tempo?

Ao longo do evento II Conferência Empresarial ESG Racial a fala mais presente foi sobre o quanto é fundamental darmos acesso e condições para que as mulheres tenham condições de alçarem cargos de liderança e permanecerem neles, mas como isso será possível? 

Só com o envolvimento dos brancos, meus Zacimbeiros (Ah pronto! A News é minha e você gostou, que eu sei!)

Caso tenha chegado até aqui, proponho um exercício, vamos lembrar do julgamento que você fez sobre uma demissão meio mal explicada, mas que você achou a justificativa em uma entrega não feita ou em um erro. Se ela fosse branca teria outra chance? Olhe também para o tipo de apoio que você deu para escritores, produtores de conteúdo, empreendedoras, enfim todo o povo preto que tá aí correndo atrás (há séculos) de oportunidades. Sim, esse também é um jeito de ser vetor de mudança, não sabia?

Bem, agora, Branco, você já sabe. Ser um aliado é mais do que dizer na trincheira que: “É Fundamental termos mulheres pretas na liderança!” o importante mesmo é de fato arregaçar as mangas, olhar para sua atitude no cotidiano e MU-DAR.

Call to action…(termos em inglês, pra quê????)

#partiu2024 com algumas sugestões:

1- Comprem o livro Direito e Relações Raciais - Um debate entre democracia e regulação social - texto bons para além do campo jurídico e sigam Camila Torres Cesar e Cauê Ranzeiro . Link aqui

2- Descansem meus consagrados. Não será nessa vida que teremos a dívida paga! Tem muita luta por vir! 

3 - Me sigam, falem comigo se gostaram do conteúdo e me digam se vale ter a próxima news Zacimba! 

Contato: patriciasouzal@gmail.com