É preciso pôr a saúde mental no orçamento familiar
Precisamos nos conscientizar da fundamental importância da saúde mental na nossa qualidade de vida, pois ela desempenha papel crucial no enfrentamento do estresse, na tomada de decisões conscientes, na manutenção de relacionamentos saudáveis e no alcance de nossos objetivos. Assim sendo, para se ter uma vida harmoniosa e plena, é preciso pôr os investimentos no bem-estar emocional dentro do orçamento familiar. Porque não?
De acordo com o Panorama da Saúde Mental, co-idealizado pelo Instituto Cactus e pelo AtlasIntel, apenas 5% dos brasileiros fazem psicoterapia. Em um país com tantos desafios como o nosso, será que as pessoas não precisam de cuidados com a saúde mental? Claro que precisam! É o que revela um outro levantamento realizado pelo Instituto Ipsos, o qual aponta que, após a pandemia, mais da metade da população brasileira relata ter diagnóstico de doença mental, e um em cada cinco brasileiros está depressivo. Mas não são apenas doentes que necessitam de psicoterapia, recomenda-se que pessoas saudáveis também busquem a terapia para se autoconhecer e viver melhor.
Sigmund Freud, ao ressaltar a importância da psicanálise, reconhece que a psicoterapia é um tratamento demorado e que os custos são elevados, dessa forma, nem todo mundo pode pagar. Contudo, nos dias atuais, existe uma grande quantidade de profissionais com diferentes modalidades de atendimento - presencial e online, bem como pacotes diferenciados oferecidos aos clientes na perspectiva de melhor atendê-lo. Existe no país, por exemplo, uma plataforma de psicoterapia virtual de cunho social, cujo valor da sessão custa apenas R$30,00. Mesmo assim, algumas pessoas atendidas por essa plataforma interrompem o tratamento alegando dificuldade financeira. Não duvido! Mas será que essa é a única razão?
Com efeito, sem desconsiderar a realidade financeira, mas ainda insistindo na importância da psicoterapia, não seria o caso de começarmos a considerar os investimentos no bem-estar emocional dentro do orçamento familiar? Posso afirmar, sem sombra de dúvida, que despesas com o bem-estar emocional são um investimento. Vamos admitir que a desatenção em relação à saúde psíquica tenha como causa a situação financeira. Mesmo assim, não podemos deixar de suspeitar que ainda não superamos o estigma cultural, a vergonha de buscar ajuda e a falta de compreensão concreta sobre a terapia. Também não podemos nos esquivar de apontar a forma um tanto equivocada de como fomos educados a cuidar da nossa saúde integral (bem-estar físico, mental e social).
Doutor Deepak Chopra, do Chopra Center dos Estados Unidos, pondera a forma como cuidamos da saúde integral no Ocidente. Para ele, a medicina científica, em essência, equivale à ação de levar o carro ao mecânico para consertar. Com isso ele quer dizer que, de um modo geral, as pessoas buscam tratamento quando a situação já se encontra demasiadamente grave, e que a abordagem médica mecanicista ignora o mundo instável e pouco confiável dos sentimentos do paciente e de seus pensamentos, hábitos, tendências, ou qualquer coisa que seja considerada subjetiva.
Nesse contexto, o cuidado com a saúde integral pressupõe, acima de tudo, prevenir o agravamento de transtorno mentais e evitar o surgimento secundário de doenças psicossomáticas, tais como, as cardiovasculares, distúrbios respiratórios, distúrbios do aparelho digestivo, doenças de pele, doenças das articulações, distúrbios endócrinos e do aparelho reprodutor (REES, 1976), pois como vimos no artigo anterior, quase todas, se não todas as doenças têm como origem os conflitos intrapsíquicos que carregamos ao longo da vida.
Diante do exposto, me responda, faz ou não sentido pôr os investimentos no bem-estar emocional no orçamento familiar?