Como educar na curiosidade, segundo L'Ecuyer
Atualmente, nós, pais ou educadores, enfrentamos o desafio de motivar e engajar crianças e jovens em um mundo repleto de distrações e estímulos visuais. Vivemos na era do entretenimento, onde a demanda por cativar a atenção dos estudantes muitas vezes parece superar o próprio propósito educacional.
Além disso, a crescente prevalência de diagnósticos como o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) levanta questões sobre as causas e soluções para a falta de concentração e motivação na aprendizagem. Embora saibamos que se trata de alterações genéticas, o ambiente interfere no processo.
A escritora Catherine L'Ecuyer aborda essas questões em seu livro Educar na curiosidade, destacando a importância de compreender a natureza intrínseca da criança para promover um desenvolvimento saudável e uma aprendizagem significativa.
Como educadores e pais, precisamos nos questionar: o que motiva verdadeiramente nossas crianças e jovens? Como podemos cultivar um ambiente propício para despertar o interesse genuíno pela descoberta e pelo conhecimento?
Educando na curiosidade
A resposta as perguntas anteriores, pode residir na observação cuidadosa da criança desde tenra idade. L'Ecuyer nos leva a refletir sobre os primeiros anos de vida, quando a curiosidade natural da criança é evidente em sua fascinação pelas pequenas coisas do cotidiano. Desde o balbuciar dos primeiros sons até os primeiros passos incertos, as crianças são impulsionadas por uma motivação intrínseca para explorar e compreender o mundo ao seu redor.
Essa curiosidade inata, segundo L'Ecuyer, é o motor primordial do aprendizado. Ao permitir que as crianças sejam guiadas por sua própria vontade de descobrir, criamos as condições ideais para um desenvolvimento saudável e uma aprendizagem autêntica. É essencial proteger e nutrir essa curiosidade desde a mais tenra idade, proporcionando um ambiente rico em estímulos, mas também permitindo momentos de calma e contemplação.
Mudanças na educação
Ao longo dos séculos, pensadores como Tomás de Aquino e educadores como Maria Montessori reconheceram a importância da curiosidade como precursora do conhecimento. A neurociência moderna tem corroborado essa visão, desafiando abordagens mecanicistas da educação e enfatizando o papel fundamental da motivação intrínseca no processo de aprendizagem.
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Diante desse contexto, surge uma importante questão: como podemos resgatar e cultivar a curiosidade perdida em nossas crianças?
L'Ecuyer nos convida a refletir sobre estratégias pedagógicas que valorizem a autonomia, a experimentação e a descoberta. Em vez de inundar as crianças com estímulos externos, devemos criar oportunidades para que elas sejam protagonistas de sua própria aprendizagem, seguindo seus interesses e explorando o mundo de forma ativa e criativa.
É necessário repensar o papel do educador como mediador e facilitador do processo de aprendizagem, reconhecendo e valorizando a singularidade de cada criança. Ao invés de impor um currículo pré-determinado, devemos estar atentos às necessidades e interesses individuais, adaptando nossa prática pedagógica para estimular a curiosidade e o desejo de conhecimento.
Em última análise, educar na curiosidade significa reconhecer e respeitar a natureza intrínseca da criança como um ser curioso e ávido por aprender. É sobre criar um ambiente que nutra e proteja essa curiosidade, permitindo que nossos filhos e alunos se tornem verdadeiros exploradores do mundo, motivados não por recompensas externas, mas pelo puro prazer de descobrir e compreender.
Referência
L'ECUYER, Catherine. Educar na curiosidade: a criança como protagonista da sua educação. São Paulo: Fons Sapietiae, 2016.
Até mais!
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