Sociedade 5.0: Uma nova sociedade centrada no ser humano
Sociedade 5.0 ou Sociedade da Imaginação é um conceito proposto no Japão, em resposta aos desafios enfrentados por sua população bastante envelhecida, em um cenário no qual à força de trabalho enfraquece e os desafios ambientais e energéticos são pautas recorrentes. O tema tem sido objeto de discussão em vários encontros e conferências, como no World Economic Forum de 2018.
Para entendermos melhor o termo 5.0, precisamos fazer uma retrospectiva de como chegamos até aqui. Atualmente estamos na era da informação a chamada Sociedade 4.0, em transição para a 5.0. As três primeiras foram: a sociedade da caça (sociedade 1.0); a sociedade agrária (sociedade 2.0) e; a sociedade industrial (sociedade 3.0).
O objetivo da Sociedade 5.0 é criar um ambiente social onde possamos resolver problemas sociais e desafios do cotidiano, incorporando as inovações da quarta revolução industrial (por exemplo, IoT, Big Data, Inteligência Artificial e Robótica) em todas as indústrias e na vida social. Nesse sentido, o ser humano passa a ser o centro da inovação e transformação tecnológica (Will Bring About a Human-centered Society).
Em um cenário prático, o Big Data será coletado por meio dos sensores da IoT sendo convertido em novas percepções de Inteligência a partir do processamento da Inteligência Artificial, impactando todas as esferas da sociedade. Os resultados serão comunicados de diversas formas aos humanos em espaços inteligentes (casas, carros, ruas, hospitais, empresas), trazendo novos valores e serviços.
A nova estrutura tecnológica estará atuando a serviço da sociedade, auxiliando na resolução de problemas como: eficiência energética, agricultura, desastres naturais, mobilidade urbana, saúde, bem estar, envelhecimento da população e segurança, por exemplo. Além disso, a proposta procura estar alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.
A partir dessa convergência, a sociedade do futuro será aquela em que novos valores e serviços serão criados continuamente, tornando a vida mais adaptável e sustentável por meio das novas tecnologias e tendências.
Essas tecnologias substituirão os atuais empregos?
Apesar de vários estudos sobre a Indústria 4.0 apontarem a desaparecimento de alguns empregos devido à disrupção tecnológica, Yoko Ishikura acredita que - no contexto da Sociedade 5.0 - a maioria dos trabalhos existentes irão sofrer profundas alterações, mas não deixarão de existir por isso, ou seja, nesse cenário, as tecnologias “precisam ser aproveitadas para ajudar os seres humanos e nosso avanço, não para nos substituir de qualquer maneira". Essa previsão atua como um contraponto ao que promete a Indústria 4.0.
E os profissionais como ficarão nesse novo contexto?
O grande desafio é o processo de migração do mindset dos profissionais para esse mundo completamente digital (mindset digital). As várias áreas profissionais precisam entender a influência da tecnologia no seu dia-a-dia, se apropriar dos termos e entender sua a aplicabilidade. Os currículos tradicionais deverão sofrer alterações e as tendências tecnológicas começarão a fazer parte da formação acadêmica em todas as áreas. A publicação “Japan’s ‘Society 5.0’ initiative is a road map for today’s entrepreneurs” apresenta um relato interessante sobre o impacto nas áreas. Atrelado a isso e, para além das competência técnicas (hard skills), os profissionais precisam desenvolver as competências emocionais (soft skills), as chamadas 21st Century Competencies.
Na área do Direito, os algoritmos e a inteligência artificial já estão sendo utilizados para favorecer a tomada de decisão no Poder Judiciário. Nesse sentido, o IBM Watson tem sido requisitado para desfechos de processos jurídicos. Além disso, outras sub-áreas do direito estão sendo impactadas, como o uso dos Smart Contracts registrados a partir da rede blockchain. Para citar um exemplo, recentemente, a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) realizou a entrega dos primeiros diplomas digitais desenvolvidos com tecnologia de registro e autenticação distribuída, baseada em blockchain e certificados digitais.
Na área da Saúde, podemos falar do impacto dos dispositivos vestíveis (wearables) para a geração de dados de análise para a medicina esportiva, por exemplo. Nesse contexto, o desenvolvimento de métodos de armazenamento, análise e interpretação para transformar o Big Data de Saúde para ações proativas, preditivas e preventivas, serão cada vez mais utilizados. Além disso, estão sendo utilizadas técnicas de Machine Learning para a detecção de anomalias ou normalidades em exames de radiologia e laboratoriais de forma automatizada, auxiliando o profissional de saúde na tomada de decisão. As Startups em Saúde estão crescendo a partir da interação de profissionais das várias, a ConquerX - foi a primeira Startup que desenvolveu um dispositivos para detectar 18 tipos diferentes de câncer. Outras 31 startups de Saúde podem ser acessadas aqui.
Nas áreas de Gestão Financeira, Bancária e de Investimentos observamos um alto crescimento do mercado das Fintechs e Bancos Digitais. Hoje já são mais de 370 empresas que fornecem soluções desse tipo. A mentalidade inovadora das Fintechs em fornecer além de um serviço, uma experiência digital, tem aumentado dia-a-dia, atingindo também as apps de grandes lojas.
Pensando na convergência com a área da Construção Civil e da Arquitetura, o StartSe propôs a Conferência Construtech, que objetiva discutir interação de tecnologias como Realidade Aumentada, Impressão 3D, Drones, IoT, para toda cadeia da Construção.
Diante desse cenário, podemos concluir que estamos vivenciando uma verdadeira revolução digital, que irá acelerar nos próximos anos, como profissionais precisamos estar preparados, mantendo uma cultura permanente de atualização tecnológica, observando os impactos em sua área de atuação, entendo a tecnologia como ciência meio, vindo para potencializar e transformar e não para substituir.
Diretor na Snet Tecnologia
5yArtigo sublime sobre a transformação social que as tecnologias tem trazido para o cotidiano. Parabéns pelo ótimo conteúdo!
Diretor de operações na DigitalPub Soluções Educacionais
5yMuito bom, Felipe!