Algumas das mais marcantes cenas olímpicas de Tóquio envolveram brasileiros. E, ao menos uma delas, não vai se repetir em Paris, para tristeza de amantes de todos os estilos. Justamente na cidade do amor, Bruno Fratus e Michelle Lenhardt não serão novamente protagonistas da imagem mais romântica dos Jogos.
Em câmera lenta, após o pódio, com um giro 360º de olhares do mundo todo, o beijo após a medalha de bronze foi reprisado centenas, talvez milhares de vezes, nos últimos três anos. Para quem está acostumado a contar o tempo como os gregos antigos, porém, o ciclo olímpico mais curto da história foi cruel com o melhor nadador do país na atualidade.
Bruno Fratus está fora dos Jogos de Paris. O anúncio feito nesta semana partiu o coração dos fãs. Por mais que há algumas semanas já houvesse a suspeita de que esse relacionamento de amor com as Olimpíadas não fosse continuar em julho deste ano.
Bruno Fratus quebra protocolo e beija a esposa após receber o bronze - Olimpíadas de Tóquio
Ficam as lembranças, os vídeos, as fotos e, por que não, os memes daquele 31 de julho de 2021. Quem pôde ver a esposa e técnica Michelle com a medalha de bronze em mãos, cuidando com o carinho de quem segura um filho, nos bastidores, depois da conquista, enquanto Bruno concedia entrevistas, nunca vai esquecer daquela manhã.
Um dia que mudou a história do velocista que um ciclo anterior ficou marcado como "Felizão" e, depois de um terceiro lugar épico nos 50 metros livres, se transformou no mentor olímpico de uma geração com o já consagrado "eles são grandes mas nóis é ruim".
Na maratona masculina, brasileiro Daniel Nascimento cumprimenta sorridente o atleta Eliud Kipchoge, do Quênia
Apenas uma semana depois do beijo olímpico, veio o soquinho da maratona. Logo no início da mais tradicional prova das Olimpíadas, o brasileiro Daniel do Nascimento estava no pelotão de líderes da maratona quando trocou olhares, palavras e um cumprimento com o queniano Eliud Kipchoge. O atleta do Quênia se tornou bicampeão olímpico, Danielzinho não terminou aquela que era somente a segunda vez da vida que corria oficialmente uma prova de 42,195 metros. Mas a imagem ficou sendo repetidamente exibida como sinal de reencontro, de contato, de amizade em tempos de pandemia.
Três anos depois, nesta semana, o ranking olímpico da maratona foi fechado. Danielzinho é o único brasileiro com índice. Kipchoge foi convocado pela seleção olímpica do Quênia que teve 77 homens com índice para disputar a maratona olímpica de Paris. E o brasileiro já confidenciou a este escriba que acaba de conseguir o novo telefone do ex-recordista mundial para conversarem antes dos Jogos.
Rendez-vous! O reencontro está marcado para 10 de agosto em Paris. Se aquele cumprimento que o mundo assistiu na câmera lenta das nossa memórias esportivas se repetira é difícil de prever. Ao menos a Danielzinho os deuses do olimpo deram a nova chance para terminar a sua primeira maratona olímpica e, quem sabe, subir ao pódio para abraçar o amigo. Bruno descansará no panteão.
A vida, muitas vezes, é imprevisível como uma edição de Jogos Olímpicos. Seja para quem tem o destino definido em 21 segundos seja para quem tem duas horas para buscar a glória. Cenas olímpicas históricas são mais difíceis de prever do que medalhas.
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