Malu Gaspar
PUBLICIDADE
Malu Gaspar

Análises e informações exclusivas sobre política e economia

Informações da coluna

A operação da Polícia Federal que está nas ruas nesta quinta-feira (27) para prender dois ex-executivos da Americanas e faz busca e apreensão em outros 15 alvos é baseada nas delações premiadas dos ex-executivos da empresa Marcelo da Silva Nunes, que foi diretor executivo financeiro, e Flavia Carneiro, diretora de controladoria. Os dois tinham participação direta nas fraudes e, depois de fechar o acordo com a PF e o Ministério Público Federal, forneceram cópias de e-mails, mensagens de celular e documentos que comprovariam a fraude.

O rombo de R$ 25,7 bilhões no balanço da varejista foi revelado pela própria empresa em janeiro do ano passado, pouco antes de a empresa entrar em recuperação judicial.

A descoberta levou ao início de investigações pela Polícia Federal, pelo Ministério Público Federal e pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que regula o mercado financeiro. A operação de hoje é resultado dessa apuração, que avançou principalmente a partir do fechamento do acordo com os ex-executivos, fechado em maio do ano passado.

Segundo parecer do MPF obtido pela equipe da coluna, os delatores entregaram documentos que comprovariam as manobras na companhia, com dois objetivos.

"De um lado, um conjunto de manobras fraudulentas foi marcado pela inserção de receitas fictícias no balanço da empresa, bem como o uso de outros expedientes para maquiar os resultados. De outro lado, um outro conjunto operações foi realizado para gerar caixa, de forma a impedir que o primeiro grupo de manobras fraudulentas fosse descoberto".

Operações fictícias

O MPF e a PF afirmam ainda que as fraudes se repetiam todos os anos, e começavam a partir da elaboração de um orçamento que funcionava como uma conta de chegada. Definia-se o resultado que a empresa deveria ter, como receita e lucro, e daí se produziam operações fictícias, inclusive falsificando documentos, para se chegar ao resultado pretendido.

No topo da cadeia de comando, segundo o MPF e a PF, estavam o CEO da Americanas, Miguel Gutierrez, e a diretora Anna Ramos Saicali, que tiveram ordem de prisão decretada, mas estão fora do país.

Segundo as investigações, os ex-diretores praticaram fraudes contábeis relacionadas a operações de risco sacado, que consiste numa operação na qual a varejista consegue antecipar o pagamento a fornecedores por meio de empréstimo junto aos bancos.

Por meio de nota, os advogados de Gutierrez disseram não ter tido acesso aos autos e, por isso, "não têm o que comentar". Ainda segundo o comunicado, o ex-CEO "reitera que jamais participou ou teve conhecimento de qualquer fraude e que vem colaborando com as autoridades, prestando os esclarecimentos devidos nos foros próprios".

A investigação revelou a prática de crimes, como manipulação de mercado, uso de informação privilegiada, associação criminosa e lavagem de dinheiro. Caso sejam condenados, os alvos poderão pegar até 26 anos de prisão.

Saicali estava na Americanas desde 2013, onde atuou como diretora de 2013 a 2018, e presidiu a B2W, o braço de varejo digital do grupo, entre 2018 e 2021. Também foi CEO da AME, a plataforma fintech da Americanas, de 2021 a 2023.

Capa do audio - Malu Gaspar - Conversa de Bastidor
Mais recente Próxima Gilmarpalooza antecipa fim de semestre no STF
  翻译: