Imprensa de 'rivais' dos EUA chama desempenho de Biden de 'catástrofe' e questiona saúde do presidente

Veículos de países como a Rússia chegaram a estimar o tempo de vida restante ao democrata e classificaram o debate como um 'reality show'

Por O Globo


Pessoas assistem ao debate entre o ex-presidente Donald Trump (E) e o presidente dos EUA, Joe Biden Mario Tama/Getty Images/AFP

RESUMO

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GERADO EM: 28/06/2024 - 16:00

Desempenho de Biden é criticado em debate e rumores de substituição surgem.

Em debate, desempenho de Biden é criticado por veículos de países 'rivais' dos EUA. Rumores de substituição na chapa democrata surgem. Opiniões variam de 'catástrofe' a 'reality show' sobre o embate com Trump.

O mau desempenho do presidente dos EUA, Joe Biden, no debate com o ex-presidente Donald Trump na noite de quinta-feira provocou abalos dentro do meio político americano, e rumores de que os democratas pensam em substituí-lo na eleição de novembro. Mas em países onde Biden não é exatamente o político mais popular, uma palavra se destacou nas matérias sobre o debate: “catástrofe”. E não foram poucos a questionar sua capacidade de ficar mais quatro anos no cargo.

Na Rússia, onde a idade de Biden é explorada há tempos pela mídia estatal, a agência RIA Novosti, financiada pelo Kremlin, dedicou grande espaço ao debate em sua página principal, e uma matéria sugeriu que a CNN, rede que organizou o programa, “fez de tudo para garantir a vitória” do presidente, mas que nem isso foi suficiente. O texto citou os rumores sobre a eventual substituição de Biden na chapa democrata, e a relutância do presidente em aceitar a ideia de desistir.

Ainda na RIA Novosti, o filósofo e constantemente chamado de “guru do Kremlin”, Alexander Dugin, comparou o debate a um desenho animado dos anos 1990, “Beavis e Butt-Head”, centrado na vida de dois adolescentes que não eram conhecidos por sua genialidade.

“Trump é um remake de Beavis, Biden é um remake de Butt-head. Trump ainda tem exatamente o mesmo penteado. E o conteúdo do debate está totalmente dentro do espírito da série”, escreveu Dugin, que completou dizendo que o embate de quinta-feira também foi um retrato da “alma” dos EUA, um país que, segundo ele, não consegue evoluir, e estará ”para sempre preso entre ser criança e adulto”.

Na agência Tass, o colunista Andrey Shitov fez uma longa análise sobre o debate, destacando a pouca profundidade dos tópicos levantados pelos moderadores e, especialmente, a forma física do presidente.

“Na verdade, já ao entrar no palco, o atual presidente dos Estados Unidos deu passos cautelosos e hesitantes, varrendo com as pernas e os braços. Ele então falou apressadamente, mas com uma voz fraca e calma - quase murmurando, às vezes de forma inaudível”, escreveu Shitov. “Em geral, comportou-se de acordo com a sua idade de 81 anos, que era o que mais temiam os seus apoiantes e companheiros de partido.”

O jornal Vedomosti destacou, além do desempenho ruim de Biden, a dificuldade para substituir o presidente em novembro. Em entrevista, o analista político Evgeny Minchenko afirmou que “os democratas não tem uma figura comparável ao atual presidente em termos de reconhecimento”, e que Trump “esmagará Kamala Harris”, se referindo à atual vice.

Já a Komsomolskaya Pravda, ligada ao Partido Comunista, preferiu uma abordagem menos tradicional: em entrevista, um geriatra afirmou que o presidente tem “4 ou 5 anos mais de vida”, e que “injeções mágicas”, como se referiu a supostos estimulantes usados por Biden.

“A demência é sempre uma deterioração das funções cognitivas do paciente. No caso de Biden, o primeiro fator provocador foi a carga, que não correspondia à sua idade e estado geral. Ficar no palco por uma hora e meia e ter uma conversa animada não é fácil para Biden em sua posição”, escreveu a publicação.

Na China, a agência Xinhua chamou o debate de “encenação de um reality show sobre a democracia americana”, e destacou que muitos dos que acompanharam o programa publicaram em redes sociais que era algo “sem sentido”, uma “perda de tempo” e que se assemelhava a uma “cena de acidente de carro”. A apatia foi reforçada por matéria de dois correspondentes em Atlanta, onde ocorreu o embate, contando que embora estivesse sendo exibido na TV de um bar, as palavras dos dois candidatos não eram nada mais do que um “ruído secundário”.

Para a Telesur, emissora baseada na Venezuela, o debate trouxe Biden “mais uma vez” com “o olhar perdido e uma voz frágil”, contra um Trump “que se mostrou mais firme, mas de maneira mais contida em relação a apresentações anteriores”. Para a correspondente do canal nos EUA., “o debate foi pior do que se esperava entre aqueles que buscam um segundo mandato nos EUA”.

A agência semi-estatal iraniana ISNA dedicou algumas matérias à perspectiva de substituição de Biden, apontando alguns dos possíveis indicados, como Kamala Harris, a governadora do Michigan, Gretchen Whitmer, e o governador da Califórnia, Gavin Newsom. O Irã realizou eleições nesta sexta-feira, e apesar do curto tempo de campanha, realizou uma série de debates entre os seis candidatos aprovados para a disputa.

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