1ª liderança - Como lidei com minha primeira experiência de gestão de pessoas?

Fui promovido! 

Aos 23 anos, sai do time da vaga de analista de Customer Success para coordenador de uma equipe de duas pessoas no time de transportes, sendo responsável pela parte do Inbound/coletas. Eu estava extremamente feliz e empolgado. Era minha chance de tomar decisões mais estratégicas e não apenas fazer parte da execução. O time era pequeno e havia sido construído há pouco (cerca de 2 anos ele iniciou e começou a ser melhor estruturado 6 meses antes com a entrada de um gerente, uma coordenadora e uma analista).

O primeiro frio na barriga bateu quando foi confirmado o meu time: José*, um dos assistentes mais antigos da área de transportes (lembrando que a Loggi tinha entrado há pouco no ramo de transportes de produtos e-commerce) e outro assistente alocado em outro centro de distribuição. Os dois extremamente experientes no ramo de transportes, fazendo a operação rodar no dia a dia. Portanto, eu tinha duas pessoas abaixo de mim, com mais de 10 anos de diferença, em dois locais diferentes. Somado a isso, eu conhecia pouco de transportes. A verdade é que pouco é eufemismo, não sabia diferenciar uma HR de uma Sprinter baú, o que para quem trabalha com transportes, é igual você ser médico e não saber usar o estetoscópio. 

E agora? 

Bom, antes de mais nada, tomei uma dose de curiosidade e humildade. Dado meu conhecimento extremamente pobre, eu precisava aprender, caso contrário, seria mais um gestor sem empatia pelos liderados e mandando o time executar sem saber se as demandas eram pertinentes e como elas deveriam ser realizadas, ou seja, eu iria "delargar" as atividades ao invés de delegar e acompanhar. Antes de ir a livros ou procurar cursos, por que não perguntar e extrair o conhecimento de quem tinha muita experiência? Bom, no começo isso não foi um problema. Eu era o cara novo chegando na área recém formada. A partir do momento que você pergunta algumas inúmeras vezes, a situação pode se tornar um pouco chata. Além disso, a expectativa dos liderados, em sua maioria, é os líderes conhecerem e entenderem mais, tanto tecnicamente, quanto em termos de gestão de pessoas. Eu tinha pouco conhecimento nos dois pontos, logo o que fiz a partir desse momento foi tentar aprender o máximo possível executando.

Espera um pouco. Qualquer livro de liderança, qualquer gestor e qualquer artigo da revista Exame vai te dizer para não executar quando você está em uma posição de liderança. Seu time precisa fazer isso e você faz a gestão deles, correto?

Sim! Mas, isso só faz sentido quando você já está com um time estruturado. Não era nosso caso, pois a segunda pessoa do meu time passou a ajudar em outra equipe, devido ao nosso crescimento intenso. Com isso, ficamos eu e José para fazer contato com transportadores, clientes, nosso time de vendas e clientes internos. Isso parece ruim e, confesso, na época foi bastante desgastante, uma vez que eu não tomava decisões estratégicas e nem estava atuando como coordenador. Eu era um executor, apenas. Porém, o fato de começar a executar devido a falta de outros braços para apoiar o José me deram a bagagem necessária. Eu fui parando de perguntar e tirar dúvidas, pois estava na linha de frente. Eu estava entendendo na prática todos os processos e como fazer tudo acontecer. Aprendi na prática a preencher planilha, entender de onde vinham as informações, os erros mais frequentes e, com isso, já conseguia fazer algumas correções para diminuir o número de incêndios apagados diariamente.

Logo após a experiência narrada acima, começamos a trazer mais gente para o time, tivemos a volta do outro assistente e começamos a estruturar a equipe. Depois de alguns meses, consegui ir deixando um pouco mais a operação para focar em outros assuntos. Porém, eu conseguia falar a mesma língua do meu time, tanto dos antigos, quanto dos novos. Ao mesmo tempo, eu conseguia entender os demais stakeholders nas suas dores. Enfim, eu não sofria mais com a parte técnica do trabalho e poderia, finalmente, passar a fazer a gestão da minha equipe, entendendo as dificuldades do dia a dia e delegando conforme as demandas surgiam.

Hoje, tenho plena convicção da minha sorte no início da minha carreira como gestor. Se eu não tivesse tido a oportunidade de entrar no dia a dia da execução, provavelmente eu não teria aprendido tão rápido e de forma tão certeira a fazer o trabalho, identificar gargalos e problemas e, principalmente, ter empatia com meu time. Mesmo com o crescimento da equipe, com o aumento da demanda e dos desafios, eu conseguia entender exatamente nossos problemas, as dificuldades e principalmente os acertos de cada um. Isso é extremamente valioso para um gestor, pois é a partir disso que conseguimos montar uma equipe olhando para o futuro e falar das dores para os pares, superiores e profissionais de outros times para nos auxiliar.

*José é um nome fictício 

Fonte imagem 1 - Boneco em dúvida