4 lições sobre inovação e empreendedorismo que a ida do homem ao espaço nos ensinou
53 anos depois da primeira vez que o homem pisou na lua, ainda existem lições valiosas que podemos tirar a partir desse importante acontecimento histórico.
A ida do homem à lua
Em 20 de julho de 1969, a missão Apolo 11 atingia o seu sucesso ao levar três homens, em segurança, até a Lua - Michael Collins, Buzz Aldrin e Neil Armstrong. Sendo Neil o primeiro a pisar na superfície do satélite natural, cunhando à famosa frase “Este é um pequeno passo para um homem, mas um salto gigante para a humanidade”.
Apesar disso, a corrida espacial – disputa entre os Estados Unidos e a União Soviética – não foi nada simples. Ela havia começado 12 anos antes, em 1957, e foi marcada por inúmeras missões de ambos os lados. De todo esse contexto, podemos tirar quatro lições sobre inovação que nos ajudam a expandir a mente e analisar por outro ângulo nossa carreira.
1- Construa, avalie e aprenda (Build, Measure and Learn)
As condições do espaço são bem diferentes das condições da Terra. Lá, a maioria das leis da física que conhecemos atuam de forma diferente, como a Lei da Gravidade, a relação com o tempo é completamente diferente (um dia na lua dura aproximadamente 29,5 dias terrestres) e os impactos biológicos no corpo humano são grandes, em resumo, dar um simples passo para um homem pode ser realmente desafiador.
Isso significa que, para o sucesso das missões, eram necessárias diversas adaptações. Por exemplo: a comida para os astronautas precisava ser formulada de maneira que pudesse durar vários dias e suportasse os efeitos das condições espaciais. Os próprios banheiros das naves também deveriam ser adaptados, uma vez que durante a viagem eles estariam em gravidade 0 e na lua, com gravidade reduzida... Não é preciso entrar em maiores detalhes.
Além disso, os instrumentos precisavam ser mais leves, para facilitar o lançamento da nave, e os trajes precisavam ser projetados para garantir a segurança dos astronautas nas mais adversas situações.
E desta forma surgiram os alimentos de longa duração, os instrumentos sem fio, os trajes de segurança utilizados por nossos bombeiros, óculos de sol, palmilhas e sim, a espuma de viscoelástico que usamos nos travesseiros. Foi necessária muita pesquisa, estudo e, principalmente, saber adaptar os materiais e conhecimentos já existentes a essas novas condições.
E é graças aos diversos testes, protótipos, aprendizados e novos testes realizados durante a corrida espacial que hoje possuímos coisas tão comuns como o filtro de água, tênis que amortece o impacto, câmeras de celular e até mesmo pneus mais aderentes e resistentes.
Uma das premissas da inovação é justamente aprender durante a jornada, uma vez que, você está dando passos jamais dados e criando o seu um novo caminho.
O diagrama acima foi inspirado no Livro “A Startup Enxuta” de Eric Ries e demonstra a aplicação prática do conceito Build, Measure and Learn.
2- Evolua sempre, mesmo que em pequenos passos
E se você pensa que as inovações pararam por aí, está muito enganado. Após a corrida espacial, as pesquisas continuaram acontecendo e os cientistas foram capazes de melhorar e otimizar, ainda mais, os recursos existentes.
Os foguetes, por exemplo, custavam o equivalente a US$1 bilhão. Hoje, essas aeronaves são produzidas por cerca de US$ 90 milhões ou até menos segundo a Space X e Blue Origin.
Além disso, as imagens capturadas durante a expedição Apolo 11 incentivaram estudos sobre a superfície terrestre, o que contribuiu, por exemplo, para a evolução na busca por petróleo, no desenvolvimento de políticas ambientais e no acompanhamento da evolução urbana.
Podemos então concluir, que a própria pesquisa e dados coletados durante o desenvolvimento produzem outras fontes de investimento para a inovação, gerando assim um ciclo virtuoso. Existem diversos exemplos no mercado de produtos de sucesso e até mesmo medicamentos e vacinas que surgiram durante a tentativa de criar outras coisas, as vezes até, bem longe da área de pesquisa.
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3- O sucesso ocorre quando o preparo encontra a oportunidade
Nascido em Bauru, cidade no interior de São Paulo que hoje é considerada um polo de inovação e tecnologia, as chances de Marcos Pontes ir ao espaço eram praticamente nulas, mas isso nunca o impediu.
Ele se graduou em tecnologia aeronáutica pela Academia da Força Aérea (AFA) e em engenharia aeroespacial pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica, se tornou mestre em engenharia de sistemas pela Naval Postgraduate School, na Califórnia e, ainda, pilotou 25 aeronaves por mais de 2.000 horas na Força Aérea Brasileira (FAB).
Por conta de um acordo internacional, o Brasil poderia escolher 1 candidato para ser enviado ao programa espacial da NASA e por seu desempenho e qualificação, Marcos foi o selecionado. Entretanto após o acidente com o ônibus espacial Columbia em 2003 a NASA optou por congelar alguns projetos. Ainda assim, ele não desistiu e continuou seu treinamento para se tornar oficialmente um astronauta em um futuro próximo.
Em 2006 por meio de um acordo entre a Rússia e o Brasil, ele finalmente embarcou na nave Soyuz e a partir disso se tornou o primeiro e (por enquanto) o único brasileiro a explorar o espaço. Esta missão espacial recebeu o nome de “Missão Centenário” em homenagem aos 100 anos do voo de Santos Dumont.
Apesar de ter contado com um pouco um de sorte, já que na época o Brasil não teria condições de enviar um homem ao espaço por conta própria, Pontes estava preparado para agarrar a oportunidade quando ela surgiu. Não fosse por sua qualificação e experiência, ele não teria sido selecionado. Percebemos, portanto, que a sorte (ou sucesso) está a favor daqueles que se preparam.
🕹️ Dica da Move: Se quiser saber um pouco mais sobre essa história, confira o livro "Missão Cumprida: A história completa da primeira missão espacial brasileira", escrito por Marcos Pontes.
4- A concorrência é um grande catalisador para a inovação
Como mencionamos anteriormente, a chegada do homem à Lua ocorreu por conta da corrida espacial, disputa entre EUA e Rússia (à época ainda URSS) durante o período da Guerra Fria no século passado. E é inegável que em mercados onde a concorrência é acirrada, os produtos e serviços tendem a evoluir mais rapidamente. Não foi diferente nesta disputa, que apesar de tudo trouxe grande desenvolvimento tecnológico para a humanidade.
A União Soviética, por exemplo, começou enviando o primeiro ser vivo para o espaço, a cachorrinha Laika, que em 1957 tripulava o satélite Sputnik. Um ano depois, isso incentivou os Estados Unidos a enviar seu próprio satélite que, apesar de sem tripulação, foi responsável por descobrir o Cinturão de Van Allen, região radioativa ao redor da Terra.
Quatro meses depois seria criada a NASA - National Aeronautics Space Administration –, a principal agência espacial do mundo.
O país soviético ainda foi responsável por enviar os primeiros homens e a primeira mulher ao espaço, Valentina Vladimirovna Tereshkova, que realizou um total de 48 voltas ao redor da órbita da terra em aproximadamente 71 horas. Isso foi um grande incentivo para que os estadunidenses buscassem superá-los.
A partir de então, o país americano investiu em pesquisas que possibilitassem as expedições tripuladas até a Lua, o que em 1969, resultou na missão bem-sucedida Apolo 11 – um dos principais marcos da ciência moderna.
Se não fosse pela disputa entre os dois países, talvez a humanidade demorasse muito mais para conquistar esse feito ou, até mesmo, nem teria realizado. Ou seja, a concorrência saudável nos incentiva a evoluir, a buscar o novo para manter-se ou conquistar a liderança e a atingir nossos objetivos profissionais.
🕹️ Dica da Move: Para conhecer um pouco mais sobre a primeira viagem do homem à lua, veja o documentário “Apollo 11” do diretor Todd Douglas Miller, lançado em 2019.
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Esse artigo foi escrito por: César Augusto Pessôa