50+: Uma reflexão sobre meus ativos e limites pessoais
Puxa, quando se fala em ativos de início de carreira logo vem o principal, que é minha formação, claro, e, além dela, uma boa comunicação e assertividade para saber “bater” nas portas certas, e em como bater; saber identificar os players de mercado e desenvolver o tal marketing de relacionamento. Nunca me esqueço de uma head hunter que “decorou” meu curriculum com sua caneta vermelha e me fez chorar copiosamente, em casa claro, debruçada sobre o valioso documento. O que fiz? Comprei um livro de résumés, currículos, e cover letters, e, com um mosaico de frases perfeitas, adaptadas às minhas qualificações, montei um currículo que ficou tão bom, que uso até hoje. Vale observar que minha obstinação não foi motivada por raiva da head hunter (bom, no começo foi sim, sou humana), ou por ter me sentido desafiada por ela, e sim, por agradecer de ter tido a oportunidade de receber uma revisão de uma profissional tão qualificada. Bem, a juventude tem dessas, já soltei a adaptabilidade e a flexibilidade logo de cara.
Não menos importantes a esperança e os sonhos projetados eram ativos combustíveis inerentes à condição de uma jovem começando sua trajetória.
Porém, somando-se à carinha feliz, também se posicionam os contrapontos como a falta de experiência e o escasso autoconhecimento que me levaram a uma zona de desconforto contínuo. A partir daí, ou expandia meus ativos, ou deixava que minhas limitações falassem mais alto. Posso dizer que foi um pouco dos dois, e assim fui caminhando até chegar aqui, nesta autoanálise para a Labora.
Não me alongo na forma de conteúdo dos parágrafos anteriores, pois seria um texto sôfrego no que tange ao quesito produtividade. Tenho muito que falar dos ativos e dos limites ao longo do meu tempo, mas ainda 80% de curso a cumprir pela frente. Então vamos ao que interessa.
Muito bacana poder elevar a consciência sobre a minha longevidade e elencar quais características pude desenvolver de uma forma holística, ampla, completa.
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Minha fé cristã se fortaleceu tornando-se minha única crença. A religião que me foi ensinada desde a infância, prevaleceu sobre tantas outras que procurei ao longo da vida quando, durante um dos momentos mais difíceis de minha existência, ela foi a mais importante para mim. Simultaneamente, meu universo espiritual também começa a me mostrar que é preciso trabalhar com a proximidade do fim. Um verdadeiro contraponto com a imortalidade e sensação de tempo infinito da juventude.
Como você pode falar em universo emocional ao longo do tempo sem falar que conseguiu melhorar, ao menos um pouco vai, seu autocontrole e que seu autoconhecimento está bem melhor? – Ainda assim, sigo com muita dúvida sobre mim mesma e a quê ou onde pertenço. Meu ceticismo em relação aos relacionamentos motivados por decepções e frustrações, torna a gestão de relacionamentos e empatia um tanto limitantes para mim.
Já o mental está recheado de ativos desenvolvidos ao longo de muitas primaveras, criatividade para solucionar problemas e adaptar-se às circunstâncias são meus carros-chefes. Flexibilidade, gestão do tempo e priorização e pensamento crítico completam o mental acurado. Por outro lado, alguns limítrofes vão surgindo devagar como a diminuição da concentração, da memória e o aparecimento da fadiga e do stress.
O mundo físico é sempre um desafio, cheio de surpresas, o corpo é só limite na disposição e na visão, no metabolismo e reflexos mais lentos, na perda da força física e da massa magra, na baixa hormonal e no colágeno. É lançar mão de todos os recursos que a ciência pode oferecer para uma longevidade de qualidade. O ativo maior? – A consciência corporal e a resiliência que se impõe movendo as montanhas do estilo de vida e das escolhas que fez no passado.