Adeus, 2016
Terça-feira, 07/03/2017, às 10:11, por Thais Herédia
Faltava apenas o resultado do PIB de 2016 para deixar o ano passado para trás e também a pior recessão já vivida no país. O recuo no crescimento foi de 3,6%, na ponta mais pessimista das estimativas. No último trimestre do ano a economia caiu 0,9%, pior do que o previsto pelos economistas e também do que no período anterior, quando o PIB caiu 0,7%. Assim, completamos agora uma sequência de oito períodos de quedas consecutivas! O quadro abaixo não me deixa mentir.
O Brasil teve uma performance “de galinha” da atividade no Brasil nos últimos 5 anos. A imagem abaixo não esconde isso. Sendo que a “dita cuja” embicou de vez a partir de 2014. A última coisa que deveríamos desejar agora é que este quadro se repita na recuperação que chega tímida e devagar. Cada vez que a galinha achou que podia decolar, a realidade de sua anatomia se impôs.
DNA brasileiro não permitiu até hoje que a gente alçasse voos maiores. Até tentaram nos enganar, nos dando a sensação de que nossas asas tinham crescido e o céu nos aguardava. Como a memória é curta e o tempo voa (este sim!), o brasileiro esqueceu que milagres econômicos não existem, muito menos com força de vontade e muito dinheiro público.
Depois de descermos muito pelo poço da recessão, estamos aprendendo pela dor que aquela promessa de voos nunca antes experimentados neste país, se transformou numa dívida monstruosa. Deixar 2016 para trás não faz a conta desaparecer, principalmente para os mais de 22 milhões de brasileiros em situação de desemprego ou subemprego. Ela pelo menos vai parar de crescer com o ciclo de retomada que desaponta no horizonte.
Os dados divulgados pelo IBGE dão muitas pistas do que esperar dos próximos trimestres. Como o recuo nos últimos três meses de 2016 foi maior do que o esperado, infelizmente, o risco de vermos mais um número negativo no primeiro trimestre do ano aumentou. De todos as fontes de riqueza do país, apenas duas ficaram no azul: agropecuária (1%) e gastos do governo (0,1%). Todos os outros - serviços, consumo das famílias, indústria e investimentos – tiveram perdas entre outubro e dezembro do ano passado.
Os dados mais desalentadores dos números de 2016 são os do consumo das famílias e dos investimentos. O primeiro fala da qualidade de vida dos brasileiros, e o outro, da construção do futuro. Perdemos muito no primeiro, com queda de 4,2%, e recuamos demais no segundo com perdas acima de dois dígitos, 10,2%. Ambos devem se recuperar, mas não o suficiente para fecharem positivos em 2017.
O consumo das famílias depende da renda e do emprego, duas variáveis que mais sangraram durante a recessão. A renda vai se recuperar com a queda mais veloz e intensa da inflação e a consequente redução dos juros. Aliás, ao ver um buraco mais fundo na economia, é bem capaz de o Banco Central cortar com mais força a taxa de juros.
Enquanto isso, o emprego, principalmente aquele com qualidade e segurança, ainda vai demorar a dar boas novas. Tem uma coisa positiva que pode acontecer antes de vermos a taxa de desemprego baixar. Quem está empregado pode se sentir menos ameaçado pela crise e voltar a fazer planos para o futuro.
Quem vai tirar o Brasil da recessão vai ser a agricultura. Mesmo depois de perder 6,6% em 2016, o crescimento esperado para este ano está acima de 6% - uma reversão exuberante para o setor. As outras fontes de riqueza não terão a mesma sorte e vão contribuir com muito menos para o PIB de 2017. Por isso as perspectivas para o ano são tão fraquinhas, rondam 0,5%.
Modelista Técnico na Vulcabras|Azaleia
7 a"Nunca na história deste país...". Como pôde um programa de governo irresponsável e insustentável ter sido aceitado por uma parcela tão significativa da população? Respondo: uns aceitaram por puro interesse e outros por pura ignorância.