Algumas abordagens do Desenvolvimento Cognitivo
Hoje faremos uma explicação básica sobre duas das cinco abordagens principais, na próxima semana vamos refletir sobre as outras três.
Dúvidas, sugestões e partilhas são sempre bem-vindas!
Um fraterno abraço e um ótimo final de semana!
O que é desenvolvimento cognitivo?
O desenvolvimento cognitivo é o processo de ampliação da capacidade de processar informações, o que envolve a aquisição de recursos, habilidades, aprimoramento da linguagem e demais aspectos relacionados ao amadurecimento do cérebro.
Os processos cognitivos podem ocorrer de forma natural ou artificial, consciente ou inconsciente, mas geralmente são rápidos e funcionam sem a gente nem mesmo perceber.
Por exemplo, quando estamos na rua e vemos um semáforo ficar vermelho, iniciamos o processo cognitivo que nos indica que temos que tomar uma decisão (atravessar ou não). A primeira coisa que devemos fazer é prestar atenção ao semáforo, através da visão percebemos que está vermelho. Em apenas alguns milissegundos, obtemos da memória que quando o semáforo está vermelho não devemos atravessar, mas também lembramos que, às vezes, se não há nenhum carro podemos atravessar. Aqui é quando provavelmente tomarmos a primeira decisão: esperar até o semáforo ficar verde, ou olhar para a direita e à esquerda (alterando novamente nossa atenção) para comprovar se há algum carro passando.
Este é apenas um dentre os diversos exemplos da atuação dos processos cognitivos, quanto mais saibamos sobre eles mais poderemos os estimular nas crianças.
Como comentei acima, existem diversas linhas de pensamento e estudo sobre o desenvolvimento cognitivo na psicologia e na pedagogia, selecionei cinco abordagens e hoje, vamos refletir sobre duas.
1. Abordagem Piagetiana
Para Jean Piaget, a inteligência se organiza por meio de estruturas que mediam as funções e os conteúdos comportamentais.
Os conteúdos comportamentais variam de acordo com a faixa etária da criança.
As funções definem a atividade da inteligência, não se alterando com a idade.
Para Piaget, o aprendizado é construído pela criança durante sua relação com objetos e pessoas. Essa ideia é a base da teoria chamada construtivismo, que é a abordagem adotada em nossa escola.
Piaget postulou que o conhecimento não é simplesmente transmitido de professor para aluno, mas construído ativamente pelo aprendiz. Ele enfatizou que as crianças devem ser incentivadas a fazer suas próprias experimentações e pesquisas. Em suas palavras, para uma criança compreender algo, “ela deve construí-lo por si mesma, ela deve reinventá-lo”. Essa perspectiva contrasta acentuadamente com a educação baseada na memorização ou também chamada de tradicional.
Segundo Piaget cada nova descoberta é assimilada e acomodada junto ao que a criança já conhecia do mundo, tornando-o cada vez mais amplo. Gradualmente, as relações se formam e as coisas começam a fazer sentido na cabeça da criança.
Assimilação é a incorporação de novas experiências em esquemas existentes. Em outras palavras, a criança utiliza estruturas mentais já estabelecidas para compreender uma nova informação ou situação.
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Exemplo: uma criança vê uma zebra e a nomeia “cavalo”, porque a associa com um animal conhecido com o qual a zebra compartilha características.
Acomodação se dá quando a informação ou experiência nova não se encaixa em um esquema existente, é necessário modificar esse esquema. Esse ajuste ou mudança é denominado acomodação.
Exemplo: A professora ensina as diferenças entre zebras e cavalos, alterando assim as suas estruturas anteriores e reconhecendo que existem outros animais grandes e de quatro patas que não são cavalos.
O resultado dos processos de assimilação e de acomodação é a adaptação ao meio, e essa adaptação é a inteligência. Segundo a teoria de Piaget, as pessoas aprendem mediante estes mecanismos, que se completam e constituem a base para a construção da inteligência. Portanto, a aprendizagem é um processo ativo e dinâmico que implica mudar constantemente para alcançar um equilíbrio.
2. Abordagem Neopiagetiana
Essa abordagem tem como base a Piagetiana e procura preencher lacunas, acrescentando ao estudo a mudança do comportamento que se apresenta dependendo do contexto social, tipo de tarefa, materiais e instruções repassadas para a criança, tornando a abordagem anterior mais específica.
A importância dos vários grupos sociais (dentre os quais a escola) é salientada na criação de oportunidades que permitem aos indivíduos a apreciação de outras perspectivas e o colocar-se no papel do outro, favorecendo o desenvolvimento da empatia e da moral.
Algumas das principais referências dessa abordagem são: Robert Selman, Lawrence Kholberg e Jane Loevinger.
Selman dizia que "a criança, em sentido geral, estrutura e compreende o seu ambiente social através da descentralização e indo em direção ao outro, e o desenvolvimento moral depende da sua perspectiva social".
Kohlberg ressalta que os fatores culturais e ambientais ou capacidade mental inata podem alterar a velocidade do desenvolvimento moral nos indivíduos. No entanto, todos os indivíduos passarão pela mesma ordem de estágios, independente do meio em que estão inseridos, embora nem todos atinjam o estado mais elevado.
A essência do eu consiste, para Loevinger, no "impulso para dominar, integrar e dar sentido à experiência".
Os estágios do ego são definidos em termos de estruturas, funções e motivos, referentes à autovalorização e defesa do próprio sujeito.
Para a melhor compreensão desta teoria sugiro que assistam ao seguinte vídeo, são apenas 8 minutos.
Essa abordagem ressalta a importância da criação e manutenção na escola de um ambiente acolhedor, dinâmico e desafiador de modo que o potencial que existe em cada criança possa ser estimulado, assim como suas especificidades respeitadas.