Ambiente de trabalho tóxico, suas consequências e como evitá-lo.
Em algum momento das nossas vidas todos nós já nos deparamos com algum tipo de colega, empregado ou chefe, cujo comportamento era tóxico. Na verdade, sabemos ser quase improvável passarmos por essa vida sem termos tido ao menos uma meia dúzia de experiências com pessoas com as quais a convivência não foi exatamente fácil.
Um estudo realizado pela Harvard Business School levantou dados preocupantes ao revelar o impacto de um ambiente de trabalho tóxico sobre as pessoas. Neste estudo metade dos profissionais relataram terem diminuído o empenho por conta desses comportamentos, sendo que 38% afirmaram que a redução da qualidade das suas atividades laborais se deu de forma intencional. Mas o que há de diferente nesses comportamentos ditos tóxicos e como podemos distingui-los daqueles mais saudáveis?
Podemos distinguir os comportamentos humanos entre aqueles mais ou menos adaptativos, funcionais e maduros. Isto não significa que os mais adaptativos sejam perfeitos. Longe disso. No entanto, os menos adaptativos visivelmente causam perturbação, desordem e caos nos ambientes. É assim que conseguimos diferenciá-los sem tanta subjetividade.
Os comportamentos que chamamos de tóxicos, nada mais são do que comportamentos disfuncionais, mal adaptativos e imaturos. Primeiramente, é importante esclarecer que quem gera toxina são pessoas e há certas características de personalidade que podem predizer, com alguma dose de segurança, comportamentos tóxicos.
Os comportamentos e as atitudes podem ser vários, mas podemos citar alguns como:
Esses comportamentos se apresentam de forma rígida, quase imutável e crônica na personalidade de uma pessoa, ou seja, quase não se alteram, independentemente do ambiente, do interlocutor ou das circunstâncias vivenciadas.
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Algumas pessoas gostam de causar dor, mas é possível contaminar o ambiente mesmo sendo uma pessoa com boas intenções. As vezes a intenção é positiva, porém as atitudes irritam, incomodam e a pessoa nem tem ideia dos problemas que está causando. Em casos assim, às vezes um feedback é o suficiente, mas é necessário saber diferenciar cada caso. É possível recuperar e orientar algumas pessoas com esses feedbacks, pois há aquelas que são capazes de alterar o próprio comportamento quando passam a ter consciência dos transtornos que estão causando em um ambiente.
É bem possível afirmar que um ambiente se tornou tóxico quando as pessoas estão constantemente insatisfeitas, deprimidas ou doentes e a produtividade e o engajamento caíram. Quando se trata de identificar esses tipos de comportamento, um bom indicativo a ser observado são as eventuais instabilidades emocionais que uma pessoa apresenta com certa frequência. As emoções fazem parte da nossa vida e todos nós, vez ou outra, num mesmo dia até, nos confrontamos com situações positivas ou negativas e por isso ficamos tristes, zangados, com medo ou alegres e satisfeitos. Ou seja, “subimos” ou “descemos” em nossas emoções de acordo com os acontecimentos. No entanto, o ser humano verdadeiramente racional é aquele que expressa a emoção racionalmente exigida de acordo com as circunstâncias reais e de tempo presente. Se a situação de tempo presente exige raiva, medo, tristeza ou alegria, é natural que a pessoa expresse essas emoções e que também saiba gerenciá-las de forma proporcional - e aí entram em cena as habilidades de inteligência emocional - o que não ocorre com pessoas com muita instabilidade emocional.
O fato é que as emoções impactam o resultado dos negócios, para o bem ou para o mal. Assim como os comportamentos tóxicos podem arruinar o clima organizacional, prejudicar a performance geral e impactar de forma negativa os resultados do negócio, comportamentos saudáveis e construtivos melhoram o clima, a performance geral e aumentam muito as chances de sucesso. É por essa razão que devemos cuidar das nossas organizações e das nossas lideranças como cuidamos de um Ser ou um bem valioso visando ações construtivas, fazendo inclusive o trabalho preventivo.
É possível evitar que determinadas pessoas, com determinados tipos de comportamento, ingressem em nossas empresas. Não se trata de rotular pessoas, mas saber identificar os comportamentos indesejáveis, que podem contaminar toda uma organização. Até porque o custo mais alto será sempre o da perda de bons funcionários, já que é mais comum que bons profissionais peçam demissão do que aqueles que estão prejudicando o clima organizacional da empresa. Especialmente, se eles estiverem se sobressaindo às custas dos colegas honestos e competentes.
Não é suficiente desejar que isso fique longe de nossas organizações e equipes, é necessário, antes de tudo, compreender o cenário, estudar sobre possíveis caminhos e estratégias para evitar que nossos times tornem o ambiente tóxico e, se já tornaram, com treinamentos adequados podemos corrigir rotas e reorganizar fluxos de equipes. Quando se trata de construir times coerentes com nossos mais altos objetivos de sucesso, nenhum investimento em conhecimento e estratégia é considerado irrelevante.
Monica Benedetti