Análise Demonstrações Econômico-Financeiras

Boa tarde para todos. Hoje escrevo sobre a importância do Demonstrativo de Resultados (DRE) na análise do desempenho de uma empresa, e a visão que está sendo dada como balizador único do desempenho de uma empresa.

O DRE tem importância fundamental na análise do desempenho econômico-financeiro de uma empresa, mas de forma nenhuma pode ser tratado como verdade absoluta e garantia de que todos os haveres serão pagos nas suas datas estabelecidas.

- A visão apresentada pelo DRE é por competência e não por caixa;

- Estabelece apenas o CPV ou CMV, dos produtos efetivamente vendidos;

- Não considera o valor gasto para aquisição do estoque de cobertura, que garante a concretização dos níveis das vendas de determinado exercício;

- As vendas apresentadas no DRE na sua grande maioria não se realizam no próprio mês da demonstração (competência), estando em média distribuídas em vários prazos de pagamento, quer seja no varejo através das vendas por cartões de crédito, ou no atacado pelo parcelamento em várias vezes;

- Os recebimentos das vendas em cartões de crédito, estão em média distribuídos em 50% a 60% em 30 dias, 25% a 30% em 60 dias e 15% a 20% em 90 dias. As vendas do atacado em média 30/60/90 dias;

- Necessita acompanhamento constante dos DRE´s dos meses anteriores para garantir não só EBITDA´s positivos, para seja gerada capacidade de pagamento dos haveres de cada mês;

Poderia enumerar mais alguns itens que não garantem a fluidez do caixa da empresa, mas acredito já ter me feito entender.

Não estou dizendo que o DRE não tem importância, ao contrário, é de primordial importância, desde que seja analisado juntamente com outras informações que se completam e dão uma visão global e concreta do caixa e por consequência da capacidade de pagamento da empresa.

Um dos mais importantes, senão o mais importante é o Fluxo de Caixa, que tornará as informações do DRE em números concretos para uma análise conjunta e definição das estratégias que a empresa deverá nortear seu planejamento.

Para que possamos equilibrar as informações do DRE e do Fluxo de Caixa algumas estratégias devem ser consideradas.

- Estabelecer a capacidade de endividamento diária/mensal;

- Trabalhar para que os prazos médios de recebimentos sejam superiores, no mínimo equivalentes, aos prazos médios dos pagamentos;

- Estabelecer prazos de pagamentos aos fornecedores que sejam múltiplos de 7 (sete) para que não se acumulem nos finais de semana e fiquem melhor distribuídos, gerando desta forma sobra de caixa, pois os recebíveis não obedecerão a mesma regra; (Esta não é uma obrigação mas apenas uma sugestão para desconcentrar os pagamentos habituais após os finais de semana e gerar caixa para os dias subsequentes)

- Planejamento das compras evitando ao máximo a concentração das compras em datas com eventos onerosos como pagamentos de aluguéis, folha de pagamento, pagamento de encargos, pagamentos de impostos e outros eventos que extrapolem a capacidade diária de pagamento;

- Antecipação de recebíveis serão operados apenas se os custos financeiros já estiverem previstos no preço final do produto e que não reduzirão a capacidade de pagamento gerando despesas financeiras;

- Mais algumas variáveis poderiam ser assinaladas, mas acredito que já tenha passado o conceito.

A análise do DRE e do Fluxo de Caixa é tão importante não só no conceito do caixa, mas de forma concreta no efetivo desempenho do caixa e da saúde financeira da empresa.

Este conceito se tornou reconhecidamente relevante quando da publicação da nova lei das S/A No 11.638/07 que define as demonstrações necessárias que devem ser apresentadas e entre elas não está mais a simples apresentação do DRE, mas também obriga a demonstração do Fluxo de Caixa da empresa.

 Independente da não obrigatoriedade, este mesmo procedimento também está sendo adotado pelas grandes empresas mesmo que não tenham capital aberto.