ANTIGENÉRICO #33: Efeito Flywheel - O reforço mútuo que impulsiona a empresa
Alguns conceitos ganham projeção não só pelos resultados que entregam, mas também pela forma simples como são comunicados. Especialmente diante do ambiente competitivo em que boa parte das empresas se insere.
São ideias que nos fazem refletir sobre nossas próprias ações e nos perguntarmos: estou no caminho?
Uma dessa ideias é o Efeito Flywheel.
O conceito foi trazido pelo Jim Collins. Primeiramente, no livro Empresas feitas para vencer. Depois, no livro Turning the Flywheel, que detalha o método. Mas o caso se tornou notório, principalmente, por ter ajudado a Amazon a se erguer na crise do PontoCom em 2001.
Mas antes de contar essa história, vamos entender a alegoria utilizada.
O que é um Flywheel?
Flywheel é um aparato mecânico: uma roda que, enquanto gira, é capaz de armazenar energia cinética. Presente em bicicletas ergométricas e motores automotivos, pode ser traduzida como roda de inércia, ou volante de inércia. Mas como esse nome não ajuda muito, vamos manter flywheel.
Veja a descrição do funcionamento de um flywheel, nesta matéria da revista A3, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF):
"Para entender o funcionamento do flywheel basta pensar em um peão. Você enrola a corda, depois a puxa bem rápido, soltando o brinquedo para girar. Ele roda sozinho a partir da força cinética e, em determinado momento, cai, por causa do atrito com o ar e com a superfície do chão. O flywheel é como um volante ou uma roda. Ele recebe um primeiro impulso elétrico (como sua mão quando puxa a corda do peão) e, então, começa a girar armazenando energia cinética. Quanto mais alta for sua rotação, que pode chegar a 60 mil por minuto, e menor atrito houver no seu funcionamento, mais tempo irá girar, armazenando energia."
Na estratégia corporativa, o flywheel é composto por elementos que se alimentam continuamente, de forma cíclica. Diferentemente do exemplo do peão acima, o flywheel nos negócios se assemelha mais a um grande disco pesado, que demora a ganhar tração. Contudo, uma vez que esse movimento ganha velocidade, a energia gerada retroalimenta o sistema.
Como a Amazon adotou a ideia?
Jim Collins havia acabado de lançar seu livro, no outono de 2001. O mundo então vivenciava o estouro da bolha ponto-com, e Bezos e seu time de executivos andavam preocupados com o futuro da Amazon.Com. Jim foi chamado para uma conversa.
"Estávamos bem no meio da quebradeira ponto-com, quando alguns pensavam em como (e se) a Amazon poderia se recuperar e prevalecer como uma grande empresa. Eu contei a eles sobre 'O Efeito Flywheel' que havíamos descoberto em nossa pesquisa."
A Amazon não apenas adotou o modelo na época, como o vem reforçando ao longo de todos esses anos. Veja a sequência a seguir:
Ok, você já entendeu.
Em 2000, o Walmart era insuperável. Maior empregador do planeta, e líder inquestionável no varejo. A Amazon levou alguns anos para acumular a energia necessária para fazer a Flywheel girar. Mas o momentum chegou de forma avassaladora.
Como alcançar o efeito Flywheel?
Embora a ideia seja de fácil compreensão, fazer essa roda girar (e mantê-la girando) não é nada simples. Nas palavras (adaptadas) de Collins:
Recomendados pelo LinkedIn
"Empurrando com grande esforço, você faz o flywheel se mover lentamente. Você continua empurrando, e com esforço persistente, faz o flywheel dar uma volta completa. Você não para. Continua empurrando. O flywheel se move um pouco mais rápido. Duas voltas... depois quatro... depois oito... o flywheel ganha impulso... dezesseis... trinta e dois... acelerando... mil... dez mil... cem mil. E então, em algum momento, acontece o ponto de virada! O flywheel avança com um impulso quase imparável."
Desenhar o flywheel exige analisar o negócio de forma crítica e ampla. O processo a seguir não é a transcrição exata, mas a minha própria sugestão, a partir da leitura do livro.
É possível imitar um flywheel?
Algumas empresas, em estágio inicial, podem se inspirar no flywheel de outros negócios para ganhar tração, e aos poucos desenvolverem suas próprias variações do flywheel.
Collins cita o exemplo da Giro Sports Design. Essa fabricante de capacetes para ciclismo se inspirou no trabalho que a Nike faz ao patrocinar atletas para influenciar as vendas.
A Giro patrocinou o ciclista americano Greg LeMond na Tour de France, a mais famosa competição de ciclismo do mundo. Le Mond venceu o torneio usando um capacete Giro, e o resto é história.
Considerações importantes
Como o flywheel precisa de tempo para ganhar tração, não pode ser construído a partir de modismos. Também não deriva de uma linha de produtos específica, uma nova ideia ou invenção.
Muito pelo contrário, aliás: requer uma visão de futuro sólida, escolhas difíceis, bastante esforço e uma disciplina incansável, alimentada pela vontade de construir algo para durar.
Na hora de desenhar o seu flywheel, não faz sentido nenhum conectar elementos estáticos sem relação direta. Ao invés disso, pense em ações que dependem umas das outras, em um ciclo único que, a cada giro, se torna mais e mais poderoso.
"Quando você alcança 100 voltas na flywheel, passe para 1.000 voltas, e então 10 mil, e então 1 milhão, e então 10 milhões, e continue até (ou ao menos que) você tome a decisão de abandonar a flywheel. Saia definitivamente ou renove obsessivamente, mas jamais negligencie o seu flywheel."
Jim Collins
Um forte abraço,
Para refletir:
_______________________________
👉 Gostou dessa newsletter? Compartilhe com quem possa se beneficiar!
❓ Podemos melhorar? Claro que sim! Como poderíamos fazer isso?
🤔 Comente: o que mais você gostaria de saber sobre marketing e inovação?
_______________________________