Apple Vision Pro: vale investir? Se a 🍎 entrou no game, talvez faça sentido

Apple Vision Pro: vale investir? Se a 🍎 entrou no game, talvez faça sentido

No último dia 05 de junho, a Apple surpreendeu e apresentou ao mundo o Apple Vision Pro. Além de ser o primeiro inédito da companhia em quase 10 anos, ele explorará tecnologias que a empresa nunca demonstrou muito interesse: as realidades virtual (RV) e aumentada (RA). 

Previsto para chegar ao mercado em 2024, o Vision Pro, na explicação da Apple, “combinará perfeitamente o mundo real e o mundo virtual”. O dispositivo vai explorar, principalmente, a realidade aumentada (ou realidade mista, se preferir), quando elementos digitais se sobrepõem no mundo físico ao nosso redor. A partir dos óculos, os usuários poderão, por exemplo, assistir filmes, produzir documentos e acessar aplicativos, controlando tudo a partir de um “combo” de comandos usando os olhos, a voz e as mãos. Tudo embalado em um conceito que a Maçã chama de “Spatial Computing”. 

Confira no vídeo abaixo como ele vai funcionar:

As realidades virtual e aumentada finalmente vão deslanchar com a chegada do Vision Pro?

A curto prazo, a resposta é NÃO! Ainda que, à primeira vista, o Vision Pro tenha um manuseio mais intuitivo que a concorrência (Quest, da Meta, HoloLens, da Microsoft e o Explorer Headset, da Lenovo) e também conte com o apelo quase irresistível da Apple, há uma série de obstáculos que a empresa precisa superar.

A começar pelo preço salgado de lançamento: o Vision Pro custará US$ 3.499 (ou R$ 16.912 na cotação atual). Claro que haverá pessoas - principalmente os early adopters - que estarão dispostas a gastar essa quantia para ter o “brinquedo”, mas esse valor está longe da realidade da esmagadora maioria dos mortais - mesmo os fãs da Apple. Com isso, é possível que apenas os mais empolgados e empresas de diversos setores se disponham a comprar o item.

Além disso, a Apple ainda precisa “convencer” o consumidor de que o Vision Pro vai resolver problemas reais do seu dia a dia. Usando exemplos da própria empresa, o iPod mostrou que ouvir música poderia ser fácil e intuitivo; o iPhone chegou para mostrar ao mundo como um smartphone deveria ser e ainda inaugurou a economia dos aplicativos. E o iPad veio para expandir as funções do smartphone, sendo um perfeito exemplo de “PC intermediário “ para funções que seriam desconfortáveis executar em um celular, mas que também não precisaríamos de um notebook para realizá-las.

Mas a pergunta que fica é: que tipo de problema o Vision Pro resolve que um iPhone, um iPad ou um Macbook já não solucionam? A Apple precisa ter essa resposta para convencer o usuário a gastar “uma bala” em seu novo hardware. 

Outro obstáculo - e talvez o maior que produtos da categoria do Vision Pro enfrentam - é convencer produtoras, desenvolvedores de aplicativos e games, entre outros players, a criar conteúdo devidamente adaptado aos óculos da Apple. Essas empresas decidem investir nesse tipo de tecnologia quando preveem que haverá demanda suficiente que justifique os gastos que elas terão (que não são baixos). Se não há gente suficiente comprando os óculos de RA, essas companhias não veem sentido em gastar centenas de milhões de dólares em aplicações que, com poucos usuários, certamente lhe trarão prejuízos. 

Mas fica um adendo aqui: ainda não está claro de como será o desenvolvimento de conteúdos e afins para o Vision Pro. Se eles exigirem apenas pequenas adaptações do que já existe para outros dispositivos móveis, para rodar de forma satisfatória nos óculos da Apple, então isso pode ser um ganho relevante para sua popularização, já que não exigiria grandes investimentos. 

Então o Apple Vision Pro não vai impactar meu negócio?

Eu adoraria dizer que sim, já que o potencial do tipo de tecnologia embarcada no Vision Pro parece ser incrível. Mas, pensando friamente, em um primeiro momento, eu não vejo isso acontecendo. 

Ainda que a Apple não tenha inventado os óculos de RV /RA, ela apresentou ao mercado um produto muito mais bem acabado e intuitivo do que os da concorrência - a exemplo do que fez com o MP3 player, o smartphone ou o tablet. Mas devemos levar em conta que, além de resolver problemas reais, esses produtos estavam em uma faixa de preço muito mais acessível, o que possibilitava amplas vendas, ganhos de escala e movia a engrenagem de todos os players ao redor deles (desenvolvedoras de aplicações, fabricantes de acessórios, estúdios de games e filmes e por aí vai). Tudo isso fez com que esses dispositivos se popularizassem e seus preços caíssem.


Mas se o alto preço do Vision Pro for um impeditivo de sua popularização (e, a princípio, deve ser), eu não acho que seja uma boa ideia para a maioria das empresas desenvolver projetos para ele, já que o alcance será baixo e o ROI, idem. Antes de investir em qualquer coisa envolvendo o gadget da Apple, as companhias interessadas devem fazer as seguintes perguntas:

1 - Uma aplicação para o Vision Pro faz sentido para o meu negócio?

2 - Que tipo de retorno eu posso ter com esse projeto e como eu posso mensurá-lo?

3 - Esse projeto pode gerar novos negócios para a minha empresa?

Se o departamento de Marketing - ou alguma agência de publicidade mais empolgada - gaguejar nas respostas das três questões acima, volte duas casas. 

Mas, antes que me acusem de ser pessimista: eu torço muito para que o Apple Vision Pro dê certo. A seguir, cenas dos próximos capítulos! 

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