Você vai chamar o Twitter de X??

Mudar o nome de uma empresa ou produto para o grande público não é exatamente uma novidade. Desde que o mundo é mundo, dezenas (talvez centenas) de companhias já fizeram esse movimento, seja renomeando a própria marca ou um produto. Muitas vezes isso acontece sem grandes traumas: a Telefônica virou Vivo, a pasta de dentes Kolynos virou Sorriso, o chocolate Lollo virou Milkybar, os sorvetes Yopa viraram Nestlé...e ninguém deixou de consumir esses itens por causa disso.

Mas existem marcas em que realizar esse tipo de rebrading exige um cuidado muito maior. E, em muitos casos, é melhor nem mexer. E sim, estamos falando do último movimento transloucado de Elon Musk que, como todo mundo sabe, resolveu rebatizar o Twitter como X – assim, do nada, numa bela manhã no final de julho.

O cofundador da Tesla redefiniu não apenas o nome da rede social, mas também a sua identidade visual, aposentando o famoso passarinho azul. De quebra, ele anunciou que a plataforma deve virar, em breve, uma espécie de super app, Inspirado no chinês WeChat, ele será usado para uma infinidade de funções, desde troca mensagens, vídeos e áudios até serviços financeiros, incluindo transferências e pagamentos. Tudo com um tempero de Inteligência Artificial, claro.

Mas, intenções de criar um super app à parte, a pergunta que fica aqui é: você vai chamar o Twitter de X hoje ou no futuro?

Você vai “tuitar” ou mandar um “X”?

O fato é que o movimento de Musk pode ter se mostrado ousado demais (ou mal pensado mesmo) para uma marca que já está consolidada na mente no público há quase 20 anos. Afinal, o termo Twitter já virou até mesmo um verbo (eu tuíto, tu tuitas, ele tuíta...) e seus usuários já criaram todo um vocabulário próprio em torno da palavra. Considerando que boa parte deles já torce o nariz em ver o cofundador da Tesla administrando a rede social, qual a chance de eles “enviarem ou compartilharem um Xis”, quando eles já tuítam / retuítam há tanto tempo?

O termo Twitter e suas variações já estão há tempo incrustados no público, que mesmo os rivais da rede social de Musk, como o Bluesky e o Threads vem suando sangue para tentar emplacar termos relacionados aos seus nomes. Aliás, você sabe quais termos próprios nessas plataformas quando se quer publicar algo? Pois é...

E olhando para outras empresas de Tecnologia que fizeram um rebranding de suas marcas / produtos, é possível notar que essas mudanças de nomes têm boas chances de não funcionar. O Facebook renomeou o nome da sua holding de Meta. Mas a grande maioria do público chama a empresa de...Facebook. O Google fez a mesma coisa ao criar a Alphabet como a marca mãe de suas companhias. Mas, com exceção dos jornalistas, que têm a obrigação profissional de citar a a empresa pelo nome correto, quase ninguém chama a empresa com esse nome. É Google mesmo e segue o jogo. Até o termo “Hotmail” é ainda bastante usado pelos usuários do serviço de e-mail da Microsoft , ao invés de Outlook. E olha que essa mudança já existe há um bom tempo.

Ao que parece, Musk pagou superestimados US$ 44 bilhões pelo Twitter para apagar qualquer evidência de que um dia ali existiu o próprio Twitter. Ele dá impressão de querer usar essa terra arrasada – promovida por ele voluntária ou involuntariamente – para criar do zero o tal do super app. Se isso dará certo ou não, ficaremos sabendo nos próximos capítulos dessa história.

Mas o fato é que, até aqui, esse rebranding para o X pareceu mais um movimento de “Eike Batista”, do que de alguém que ajudou a revolucionou o mercado de carros elétricos ou que levou civis ao espaço. Mas a história mostra que ataques de ego, definitivamente, não combinam com bons negócios.