Atrás De Toda Grande Empresa Existe Uma Grande Conselheira!

Enquanto acontecia o primeiro break da reunião do conselho de administração daquela empresa, alguém do grupo de homens, de ternos bem arrumados, olhou para o lado e disse:

-- Ei, você, pode pegar um cafezinho pra gente?

Manuela olhou... e fingiu que não era com ela -- na maior cara de pau! Não estava ali para isso!! Mas sim para comentar sobre o fluxo de caixa.

Seria cômico se não fosse trágico. O diálogo acima retrata os obstáculos de uma ex-CEO, com experiência internacional e então conselheira, em uma de suas primeiras reuniões de conselho. De lá para cá aprendemos muito sobre a emancipação da mulher.

Será que já foi o tempo em que uma conselheira recebia esse tipo de pergunta? Ou ainda persiste, nem que seja de brincadeira? Tô falando como se tivessem todas lá para dizer... mas a verdade é outra. Ainda há um número reduzido de mulheres atuando em conselhos, cerca de 19% em empresas de capital aberto. A tendência é que este número aumente e se permeie também a outros tipos de empresas.

Os tempos sempre estão mudando. Hoje (2023) elas são maioria nas universidades, estão abrindo negócios e ocupando espaços. A mulher que não enxerga essas oportunidades está perdendo tempo! As empresas que não enxergam essa tendência, idem. Como podemos nos beneficiar da visão das mulheres no conselho?

Pode parecer de "outro mundo" para certos neandertais, mas tenho que te confessar, elas são mais do que necessárias. Vou te explicar o porquê.

Não é guerra de sexos

Não se trata de uma guerra de sexos, de receber influências "anti-conservadoras" e nem de reserva de mercado. Trata-se de ser inteligente e buscar visões complementares para crescer. Toda grande empresa que se preze deveria buscar uma conselheira -- assim como todo grande Homem precisa de uma grande mulher.

Abílio Diniz já definiu as empresas como sendo "um monte de pessoas e um monte de processos", nada mais que isso. Dentro desse espectro, existem muitos perfis diferentes, que juntos, moldam toda uma cultura -- que come a estratégia no café da manhã. Sempre será sobre pessoas.

Fica cada vez mais claro que o planejamento estratégico começa na contratação do perfil certo, para a vaga certa. Trazer uma conselheira à bordo faz todo sentido. Mas como isso é difícil! Quantos talentos deixam empresas promissoras todos os anos -- por não abraçarem os desafios da diversidade e inclusão? Resultado? Quem sai se une a outras mentes brilhantes e criam startups para dominar o mundo!

Um dos nossos papeis enquanto Conselheiro, Palestrante, Mentor de Aprendizagem e Alta Performance é justamente fazer esse monte de visões e percepções trazerem lucro!

A despeito de ser homem, compreendo e estudo há pelo menos duas décadas o tema da liderança e das habilidades. Fas-ci-nan-te!

A antropologia já nos ensina que nossas visões de mundo são diferentes, mas não opostas. Os homens são mais voltados a objetivos e metas, pois nosso passado é de caçadores. Focamos em algo e vamos até o fim. Já as mulheres lidam melhor com detalhes e processos. Sua natureza é mais perceptiva, sua visão mais ampla, são atentas as pequenas nuances e o sexto sentido, nem se fala... além de serem mais prudentes.

Poder contar com ambas habilidades na direção da sua empresa é de aguçar os olhos, concorda? O bom mesmo é divergir para depois convergir, ouvir pontos de vista conflitantes e aprender com eles. Conselho que tem a mesma opinão sempre e todo mundo diz amém, não agrega valor.

"O mundo é dos homens, mas Roma é das mulheres".

Obviamente que este conceito não é determinante, muito menos excludente. Inclusão é a palavra de ordem. Sinceramente, não faz diferença se é Homem ou se é Mulher, desde que seja competente e agregue valor. Nesses quesitos, as Mulheres já avançaram bastante.

Um projeto de lei tramitando na Câmara visa garantir acesso a pelo menos 30% das vagas de conselhos de administração de empresas públicas às mulheres. Parece que vai à frente. Vejo com bons olhos. Os conselhos devem ser diversificados, saindo daquele padrão dos good old boy´s club. Como a sociedade pela primeira vez na história possui 5 gerações no mercado de trabalho, devemos pensar sim em diversidade e inclusão. No caso das mulheres não seria diferente -- o que também alcança a possibilidade de um perfil mais jovem de conselheiro. Cabe o destaque.

Toda empresa que se restringe a uma faixa etária ou um tipo de pensamento consolidado, está fadada ao fracasso. Os conselhos consultivos voltados a governança proativa e inovação possuem oportunidades de crescimento exponenciais, principalmente em se tratando de mercados voláteis como o brasileiro. Possuir um conselho fará a diferença.

O desafio

O desafio é primeiro montar um conselho. Grande parte das empresas que poderiam ter acesso a estes profissionais ainda não descobriu seus benefícios. O segundo passo é identificar perfis de conselheiras que se adaptem ao segmento em vista. Adotar como parâmetro a complementariedade das habilidades e visões de mundo trará grandes benefícios. Crescer é sempre junto e a longo prazo! A história nos ensina.

A sociedade está cada vez mais complexa e diversa. Nem com toda boa vontade do mundo é possível analisar os cenários futuros sem a habilidade de pensar fora da caixinha. Precisamos ser mais inclusivos.

Existem vários benefícios na inclusão das mulheres nos conselhos. Alguns dos principais incluem:

1) Diversidade de perspectivas: As mulheres trazem diferentes perspectivas, experiências e habilidades para a mesa de decisões. Isso pode levar a uma maior diversidade de ideias e soluções inovadoras.

2) Melhor desempenho financeiro: Estudos mostram uma correlação positiva entre a presença de mulheres em conselhos e o desempenho financeiro das empresas. A diversidade de gênero tem sido associada a melhores resultados financeiros e maior valor para os acionistas.

3) Representatividade: Ter mulheres nos conselhos ajuda a garantir uma representação mais equitativa da população, refletindo a diversidade dos stakeholders da empresa.

4) Tomada de decisão mais equilibrada: A diversidade de gênero no conselho pode levar a uma tomada de decisão mais equilibrada e justa. As mulheres podem trazer uma abordagem mais colaborativa, empática e inclusiva para as discussões e decisões.

5) Impacto na cultura organizacional: A presença de mulheres nos conselhos pode ter um impacto positivo na cultura organizacional, promovendo a igualdade de oportunidades e a diversidade em todos os níveis da empresa. Isso pode contribuir para um ambiente de trabalho mais inclusivo e atrativo para talentos diversos.

Qual dos benefícios acima te chamou mais atenção? Deixe nos comentários!

Cheers,

Felipe.