A bússola emocional: rotas, colisões & fronteiras mentais

A bússola emocional: rotas, colisões & fronteiras mentais

“O inferno são os outros.”
Jean-Paul Sartre, filósofo francês

A cena é comum em quase todas as empresas de diversos setores: durante uma briga entre funcionários, o sangue sobe à cabeça e o que não deveria ser dito de jeito nenhum acaba sendo dito de qualquer jeito – geralmente o pior possível

Antigamente, o alvorecer era a hora de levantar para trabalhar e o crepúsculo representava o fim do expediente; hoje, esses ritmos naturais foram abandonados e os negócios dominam todo o nosso tempo, a qualquer dia e hora. Os limites das pessoas são frequentemente violados por demandas digitais, e muitos se sentem incapazes de evitar esse avanço.

Todo o estresse e o cansaço criados por essa nova dinâmica exaustiva influenciam negativamente o já desafiador campo das relações interpessoais no trabalho. Essa área foi profundamente explorada ainda na década de 1930 pelo psiquiatra Harry Sullivan (1892-1949), fundador da abordagem interpessoal (Sullivan, 1968). 

Sullivan defendia que o foco da psicologia deveria ser mais direcionado ao relacionamento do indivíduo com os outros, alertando sobre a grande influência que o ambiente sociocultural exerce sobre o bem-estar de uma pessoa. Para ele, praticamente todas as nossas atitudes buscam, no fundo, a autorrealização e o controle da ansiedade.

 “No passado tivemos a tendência de supor que éramos indivíduos contidos, que observávamos os acontecimentos do alto da torre de um castelo particular, do qual saíamos em excursões periódicas para satisfazer desejos e necessidades físicas, mentais e emocionais. Partíamos da premissa de que o contato com o mundo não nos afetava e que voltaríamos para o castelo sendo as mesmas pessoas de antes. Na opinião de Sullivan, essa é uma completa falácia, porque não apenas temos experiências – nós somos nossas experiências(Brown, 1972).

 As relações interpessoais e seus conflitos também foram alvo de pesquisa de Salvador Minuchin, um extravagante terapeuta familiar argentino. Ao estudar a dinâmica de poder numa família, ele propôs a chamada Terapia Familiar Estrutural (Minuchin, 1974). Baseados nela, podemos nos questionar: se esta equipe fosse uma família, como ela seria?

Minuchin apontou duas questões referentes às famílias problemáticas: enquanto algumas são “emaranhadas” – desordenadas, porém intensamente conectadas -, outras são “desconectadas”, ou seja, marcadas por relacionamentos fragmentados. Nas duas situações, as famílias sofrem pela falta de limites claros. Os parentes emaranhados estão entrelaçados demais para estabelecê-los; já os desconectados estão afastados demais para trocar orientação e apoio. E a sua equipe, é emaranhada ou desconectada?

Limite é um termo geralmente usado com o significado de uma linha divisória entre objetos ou pessoas, como uma cerca ou um muro. No âmbito dos relacionamentos, esses muros invisíveis proporcionam o crescimento e a manutenção de relacionamentos saudáveis, nos protegendo dos prejudiciais. Sem fronteiras, a qualidade e a reciprocidade dos relacionamentos acabam invariavelmente comprometidas.

 Os limites, seja em famílias ou equipes de trabalho, existem em um contínuo. Em uma ponta estão os limites emaranhados, nos quais a autonomia é sacrificada em prol da proximidade; na outra, ficam os limites desligados, onde as pessoas estão emocional e fisicamente distantes entre si. Entre esses dois extremos estão os limites claros, um ponto de equilíbrio entre o individual e o coletivo.

Enquanto nos limites desligados observamos um individualismo crônico – as pessoas com esse tipo de limite têm pouco compromisso ou apego com os outros, não acreditando poder contar com eles -, os limites difusos ou emaranhados criam uma dependência excessiva entre os indivíduos, que podem chegar a perder a própria noção de identidade.

Todos nós temos essas linhas divisórias na vida, percebamos ou não isso. Há um acordo velado sobre o quanto de espaço livre deve haver entre você e as pessoas com quem convive diariamente. Quando reclamamos de alguém ter “invadido nosso espaço”, estamos nos referindo na verdade a limites ultrapassados – eles variam conforme a personalidade de cada um e o grau de intimidade do relacionamento. Geralmente permitimos uma fronteira mais apertada com um cônjuge, por exemplo, mas determinamos uma muito maior com alguém que não conhecemos bem ou de quem não gostamos.

A análise desse riscado e vaivém de linhas é uma habilidade essencial para conviver melhor e gerenciar equipes. Para auxiliar nesse processo, a FELLIPELLI disponibiliza o Programa de Certificação FIRO-B™, uma ferramenta de excelência para identificar as necessidades fundamentais de um relacionamento, promover a confiança e influenciar mudanças reais nos líderes e no pipeline de liderança.

Victor Raful

Seu parceiro de crescimento || Marketing, Vendas e Negócios || Analiso seu caso e trago solução || Plano Estratégico, Go To Market e Empreendedorismo

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#top. A cultura de um povo ou nação pode influênciar?

Márcia Britto

Coach e Mentora de Carreira/Soluções em RH/ Psicóloga

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Eu não desconsidero o poder do meio e sua influencia em nossas vidas, porém, como diziam os estoicos, somos donos de nossa mente e por isso é nossa escolha nos deixar influenciar a ponto de determinar nosso modo de olhar a vida.

Daniele Meani

Gestora de Projetos | Liderança & Human Skills | Coaching & Mentoring | Cultura Organizacional | Sales Training

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Maravilhoso, Adriana!

Claudia Colnago

Mentora de Lideranças e Habilidades Essenciais de Executivos | Governança Familiar | Conselheira | Comunicação & Transformação Organizacional | Palestrante

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Adriana Fellipelli ensaio belíssimo que nos leva a refletir . Obrigada por compartilhar !

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