Brasil: lições amargas
O buraco entre as receitas e as despesas dos governos é uma realidade mundial. Fechar este buraco é quase impossível, resta tentar diminuir a profundidade dele. O Estado tem duas ferramentas para fazer isto: inflação e endividamento. O Brasil usou a primeira desde o governo JK (1956-60) até o Plano Real (1994). A inflação desvaloriza a dívida pública, que teoricamente, ficava controlada. Logo após o Plano Real, a relação da dívida x PIB estava em 34%, subiu para 76% no governo Lula, caiu para 60% com a inflação do (des) governo Dilma, chegando a 81% no governo Temer.
Para avaliar porque chegamos neste buraco (com o perdão do trocadilho), emprestei muitos dos conceitos deste artigo do pequeno (só no tamanho) livro Lições Amargas, de Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central.
Causas - déficit fiscal
A Constituição de 88 imaginou (ou sonhou) criar um Estado grande, ativo, redentor, estabilizador, protetor e empreendedor. Alguém acreditaria que isto teria alguma chance de dar certo aqui no Brasil ou em qualquer lugar? Até o Plano Real, este sonho (ou delírio) foi financiado com a inflação. De lá para cá, com o Estado emprestando dinheiro para pagar a conta de um Estado cada vez mais forte, mais incompetente e mais corrupto. Um economista já disse que o Estado não cabe mais no Brasil. O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, definiu melhor: “O carrapato ficou maior do que a vaca”.
Solução - déficit fiscal
A única solução possível para garantir o futuro dos nossos filhos e netos é reduzir o tamanho do Estado. Isto pode transformar o Brasil do sistema de anticapitalismo selvagem para um capitalismo social, que pode ser conseguido com uma combinação:
- Venda ou fechamento de todas as estatais;
- Reforma Tributária com redução da carga e justiça social (quem ganha mais tem que pagar mais);
- Extinção da (in)Justiça do trabalho;
- Abertura controlada do mercado
- Choque de capitalismo (não selvagem) x anticapitalismo selvagem;
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- Fim da estabilidade de emprego na maioria das carreiras públicas;
- Reforma Política com cláusulas de barreira para diminuir o número de partidos e com o fim das reeleições para os cargos do executivo e limite de dois mandatos para o legislativo.
Obstáculos - mudanças
As mudanças não acontecem devido a uma combinação de rentistas (que ganham com os juros da dívida), com centenas de milhares de barnabés com salários obscenos (enquanto a maioria ganha pouco), burocratas (com dois erres) apagados aos carimbos, políticos corporativistas e/ou corruptos e um pequeno número empresários que privatizam o lucro e socializa o prejuízo.
Mesmo quando leis, para melhorar, são aprovadas, os escalões intermediários da burrocracia (com dois erres) encontram maneiras de boicotá-las. Um ótimo exemplo (positivo e negativo) destes obstáculos é a Lei da Declaração dos Direitos da Liberdade Econômica, que é uma verdadeira Lei Áurea para os negócios. Mesmo após algumas mudanças no Congresso, a Lei 13.874 (19/9/2019) permite impactos enormes na criação de novas empresas e empregos. São Bento do Sul foi o segundo município brasileiro a regulamentar a Lei da Liberdade Econômica, após uma negociação coordenada pela Associação Empresarial (Acisbs) com o Executivo e o Legislativo, além de todos os outros órgãos intervenientes (Bombeiros, Vigilância Sanitária, Ministério Público). Os efeitos práticos são pequenos porque uma casta de fiscais intocáveis entrincheirados na Secretaria de Planejamento cria todos os obstáculos possíveis.
Temos futuro?
Nenhum país está condenado ao fracasso ou tem um futuro brilhante garantido. Países com muito menos recursos nos ultrapassaram (Coreia e Taiwan, por exemplo) e outros ficaram para trás (Argentina). Para mudar esta história, temos que parar de procrastinar as Reformas Estruturais para ter menos Estado e mais Brasil para os brasileiros.
SOLUÇÃO BRASIL: MENOS PARA O ESTADO MAIS PARA O CIDADÃO.
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Sou Ismar Becker, empresário, conselheiro, mentor, estudei em Harvard Business School, no curso de Owner and President Management Program. Sou especialista no mercado de cerâmica em mais de 70 países e acumulo experiência de mais de 40 anos de viagens pelo mundo. A experiência e conhecimento que adquiri, e continuo a ganhar diariamente, busco repassar às pessoas e empresas por meio de uma visão cosmopolita e holística em novos desafios.
Chairman na Ruy de Lacerda & Ca., S.A.
3 aSimplesmente na mouche e super actual, quiçá por mais negativo, este seu artigo. Brilhante! Posso partilhá-lo? Fala do Brasil, mas se eu colocar a palavra Portugal o resultado é o mesmo... infelizmente! O rácio da nossa dívida pública em percentagem do Produto Interno Bruto situa-se em 132,8% (com o COVID a UE fecha os olhos para o máximo de 60%); temos um sector público em crescendo de funcionários, já acima do antes da Troika, quando a digitalização aponta para uma reforma e plano de Skills para o estado; a retórica é sempre cor de rosa pois ninguém fala, nem gosta de falar, do flagelo do crescimento da Pobreza, > 23% geral e com novos pobres COVID! Brasil, Portugal “and do on” com o mesmo problema, ou seja, um enorme déficit de Estadistas competentes! Abraço!
Conselheiro Consultivo | Consultor & Mentor Empresarial | Diretor Comercial no ramo Imobiliário | Liderança | Maratonista 42Km | Especialista em Vendas, Riscos, Contratos | Produtor de Conteúdos | +179mil Seguidores
3 aMeu amigo Ismar Becker mais um bom artigo. Obrigado por isso. Desejaria ver uma reforma administrativa e tributária realmente eficaz no sentido de fomentar o crescimento, bem como desburocratizações diversas. Nosso endividamento é altíssimo, mas pior que isso é o risco-país seguir com notas baixas pelas principais agências do setor, o que de certa maneira freia a demanda por investimentos externos. Me preocupa ainda o cenário caótico político que tende a ficar mais complexo conforme chega o fim do ano e acentuar ano que vem. Aliás, ano de eleições é sempre marcha lentíssima no quesito propostas, efetividade e aportes diversos. Eu “ainda” sigo cautelosamente otimista, mas confesso que os desafios são grandes, em especial enquanto empreendedor, já fico até de olho no mercado se surge alguma oportunidade para mim… Um abraço mestre!!!
CCO & Co-founder | Head Comercial | Conselheiro Consultivo Certificado | Desenvolvimento de Negócios | Gerente de Produtos |
3 aIsmar Becker, excelente tema! Infelizmente, é um problema crônico e complexo porque em nosso caso a relação receita/despesa não se mantém, aliás vem se desequilibrando fortemente na última década e para tentar amenizar esta situação se faz necessária, com urgência, as reformas tributária e administrativa, pois com o aumento do endividamento em relação ao PIB, acaba por aumentar nosso risco e com isto impactar investimentos externos que não sejam puramente especulativos. Um abraço.