SEMÁFORO: O NOVO GOVERNO ALEMÃO
REUTERS/ Fabrizio Bensch

SEMÁFORO: O NOVO GOVERNO ALEMÃO

A Alemanha tem um novo governo depois de 16 anos de imobilismo quase que total. Fazer o que não foi feito nestes anos, corrigir os passivos que a Muti deixou, não é uma tarefa fácil. Fazer isto, no meio de uma quarta onda de Covid, em um país onde muitas pessoas não querem tomar a vacina, é quase uma missão impossível. Vamos ver o porquê a coligação Semáforo chegou no poder e o que ela pode fazer para mudar a Alemanha?

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A história política da Alemanha pós-guerra é a mais estável da Europa democrática. De 1949 até agora, a Alemanha teve somente oito chefes de governo (Kanzler), sendo que três deles (Adenauer, Kohl e Merkel) ocuparam o posto por 46 dos 72 anos. Nos próximos dias, assumirá um novo Kanzler, que comandará uma coligação de três partidos: SPD (Centro-Esquerda), FDP (liberal centro-direita) e Grüne (esquerda ambiental). Devido às suas cores, respectivamente vermelho, amarelo e verde, esta coligação é conhecida por Semáforo. Ainda não sabemos por quanto tempo o semáforo ficará em cada cor, mas conhecendo o espírito “zona de conforto” dos alemães, aposto que o amarelo predomina, não para implementar políticas liberais, mas porque estarão uma grande parte do tempo esperando o verde abrir ou o vermelho fechar. Vamos ver como chegaram lá.

ALEMANHA APÓS SEGUNDA GUERRA

Depois da ocupação da Alemanha pelos aliados, o primeiro governo foi chefiado por Konrad Adenauer, que aplicou os princípios econômicos de Ludwig Erhard e que o sucedeu em um curto mandato. O modelo tirou a Alemanha das cinzas, transformando o país na locomotiva da Europa e em uma das cinco maiores economias mundiais. Esta locomotiva está perdendo velocidade e combustível, porque diversos governos fizeram mais do mesmo, seguindo o mote: por que mudar se nós sempre fizemos assim. No final dos anos 90, a Alemanha, mesmo com todo seu sucesso, era considerada o filho doente da Europa. Quem mudou esta trajetória foi o esquerdista arrependido Gerhard Schröder (Kanzler de 1998 a 2005), com um pacote de medidas neoliberais (Agenda 2010).

IMOBILISMO ERA MERKEL  

Angela Merkel surgiu, quase que do nada, no cenário político pelas mãos de Helmut Kohl (Kanzler de 1982-98). Aprendi na minha curta carreira política, que muitas vezes a criatura tenta derrubar o criador. Neste caso, Merkel conseguiu acabar com o longo governo Kohl, e abriu as portas para o opositor Schröder colocar a Alemanha nos trilhos, para derrubá-lo em 2005. Aí começou um longo período de crescimento econômico, como resultado da Agenda 2010 de Schröder, em que ela pode tomar a decisão que mais gosta: não tomar decisão nenhuma. As três únicas medidas que tomou em 16 anos (fechar usinas nucleares, injetar bilhões na Grécia e escancarar a porta para imigrantes ilegais) foram um desastre. Antes que perguntem ou critiquem: Ela ficou este tempo todo porque deixou os alemães na zona de conforto, como o sapo cozinhando na panela.  

DESAFIOS COLIGAÇÃO SEMÁFORO     

O caminho para uma mudança política na Alemanha, foi aberto pela própria Merkel, quando escolheu duas mediocridades para sucedê-la. Primeiro, uma política obscura de nome impronunciável (Annegret Kramp-Karrenbauer) e depois um verdadeiro picolé de chuchu (Armin Laschet). O candidato do partido que poderia ganhar as eleições (Friedrich Metz), foi boicotado por ser um empresário de sucesso, que promoveria mudanças, o que é inaceitável para quem criou o verbo “Merkel”, que pode ser traduzido como discutir muito e não decidir nada.

DESAFIOS COLIGAÇÃO SEMÁFARO     

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Para assumir o comando da Alemanha ontem (08/12), Olaf Scholz teve que negociar com dois partidos que não tem quase nada em comum. Além disto, alguém que se curou do esquerdismo radical, terá que conter uma ala de xiitas dentro do seu SPD. Um conflito potencial será entre o ministro das Finanças (o liberal Christian Linder), que quer manter o caixa fechado, além de baixar impostos, com o ministro da Economia e Clima (o verde Robert Habeck). Atingir a meta de gerar 80% da energia sem a emissão de carbono até 2030, quase que inevitavelmente, colocará estes dois ministros em rota de coalizão.

Será que Scholz terá a paciência e capacidade de persuasão, para administrar estes conflitos e fazer as reformas que a Alemanha necessita?

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Sou Ismar Becker, empresário, conselheiro, mentor, estudei em Harvard Business School, no curso de Owner and President Management Program. Sou especialista no mercado de cerâmica em mais de 70 países e acumulo experiência de mais de 40 anos de viagens pelo mundo. A experiência e conhecimento que adquiri, e continuo a ganhar diariamente, busco repassar às pessoas e empresas por meio de uma visão cosmopolita e holística em novos desafios.

Victor Aguiar (PhD)

Contribuo com o progresso das pessoas - esse é meu propósito de vida. Mentor de carreira, liderança e alta performance | TEDx Speaker | Palestrante | Empreendedor | Hipnoterapeuta | Atendimento presencial e remoto |

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Vamos aguardar Ismar Becker. O desafio é a união deste casamento triplo resistir aos desafios do dia-a-dia e aos interesses individuais.

Mauro PERIQUITO

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Muito interessante como agendas tão diferentes se uniram nessa coligação Ismar Becker. Muito bom texto!

Francine Ghanem

Linkedin Creator | Empreendedora | DASA | Santa Luzia Laboratório Médico | Gestão de Saúde | Farmácia de Manipulação | Análises Clínicas | Atendimento ao Cliente | Liderança Feminina | Casa de Comadre

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ótima reflexão Ismar Becker, muito bem vindo seu artigo, abs!

Rodrigo Hogera

Conselheiro Consultivo | Consultor & Mentor Empresarial | Diretor Comercial no ramo Imobiliário | Liderança | Maratonista 42Km | Especialista em Vendas, Riscos, Contratos | Produtor de Conteúdos | +178mil Seguidores

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Ismar Becker estou curioso para saber como será na prática, até porque muito do que ocorre na Alemanha ressoa no resto da Europa dada a sua esperada e conhecida força motriz. Obrigado pelo artigo. Um abraço mestre

Wilson de Oliveira Neto

Professor e pesquisador na Universidade da Região de Joinville

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Acabei de ler seu artigo, Ismar Becker. Confesso que estava curioso para saber o que você pensa. Trabalho indiretamente com história da Alemanha e a trajetória política desse país me interessa muito. Gostei do artigo.

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