Cinema, diversidade e o exercício da sensibilidade, da inteligência e da esperança.
Quero indicar um filme e por várias razões. O filme é MILAGRE NA CELA 7.
Através de uma história que provoca várias emoções e sentimentos como ternura, encantamento, espanto, revolta e raiva (com as injustiças do mundo), surpresa, curiosidade, tristeza (com as mesmas injustiças do mundo) e, acima de tudo, esperança - algo de que o mundo está precisando muito nesse momento, o filme turco deixou muitas pessoas querendo mais. Mais desse tipo de Arte.
Milagre na Cela 7 foi o filme de maior bilheteria na Turquia em 2019, ultrapassando Vingadores Ultimato, e conta a história de Memo (Aras Bulut Iynemli), um pai que sofre com uma deficiência intelectual - biologicamente tem 30 anos mas mentalmente tem 6 - e é acusado e condenado injustamente à morte após um trágico acidente com a filha de um militar de alta patente, portanto muito poderoso.
O principal foco da história é a belíssima relação de Memo com sua filha Ova (Nisa Sofiya Aksongur) e também com a avó, Fatma (Celile Toyon Uysal). Esse núcleo, desenvolvido de forma impecável pelos atores (não há um único ator ou atriz que não esteja perfeito em sua performance), vai conduzindo o espectador à uma variedade de sentimentos e também a conhecer um pouco o universo de uma cultura bem pouco difundida; a cultura turca.
Como a maioria das pessoas que me conhece sabe, diversidade e inclusão são temas com os quais trabalho e que moram no meu coração, logo, conhecer culturas diferentes faz parte do meu dia-a-dia, de uma forma ou de outra. Bem, este filme é uma porta - uma belíssima porta - de entrada em uma cultura bastante diferente da minha.
A primeiríssima razão pela qual recomendo o filme é sua beleza que está expressa de várias formas e em vários momentos do filme, resultando em um todo memorável.
Outro tipo de beleza é a das relações entre pai e filha; neto, 'neta' e avó; professora e aluna; e, finalmente, entre amigos bastante improváveis.
Mais uma razão é o filme mostrar, sem quaisquer reservas, que homens - mesmo os mais machões - choram sim. Que uma emoção, quando legítima, deve ser manifestada e que isso, ainda que mostre a fragilidade humana, é sinal de saúde, não de fraqueza. Pelo contrário!
Vale uma curiosidade que ajuda a apreciar ainda mais a atuação do protagonista. Aras Bulut Iynemli, um dos mais belos homens que eu já vi, consegue se despir de quaisquer vaidades e se transformar de tal modo que custei a reconhecê-lo nas fotos da internet. Ele é formado em Engenharia pelo Departamento de Engenharia e Aeronáutica da Universidade de Istambul e passou dentre os primeiros lugares de sua turma, num curso extremamente competitivo, principalmente na modalidade de Engenharia. O ator, que interpreta perfeitamente um deficiente intelectual, tem comprovadamente, um QI acima da média.
A atriz mirim é especialmente encantadora, chega a ser hipnótica. A cena onde ela compreende o pai, quando a bisavó explica que eles têm a mesma idade, é particularmente bela e sensível. Acho que só uma criança mesmo compreende outra criança integralmente e sem julgamentos de quaisquer tipos.
Outra razão pela qual eu estou recomendando o filme é o fato dele mostrar o quanto a inocência pode curar e ajudar as pessoas a encontrarem o melhor de si mesmas, além de tomar o cuidado de não restringir os "vilões" nem à uma única categoria - há militares bons e sensíveis entre os duros, injustos e vingativos - e prisioneiros idem, e os mesmos personagens que se mostram ora duros, frios e vingativos, são capazes de ações e sentimentos calorosos, amistosos e dignos de um santo. Os atributos são dados às pessoas e não aos seus papéis sociais e, mesmo assim, em determinados momentos de suas vidas. Não como se a maldade fosse sua essência. Mesmo o principal "vilão" da história, está profundamente ferido com a perda de alguém muito amado então, como diz a música de Oswaldo Montenegro, "(...) fere e faz barulho o bicho que se machucou".
Finalmente, gostaria de deixar uma dica do site Omelete: "Em sua visita à cadeia, Ova passa pelos prisioneiros questionando qual é a “doença” de cada um, isto é, o que os levou para o confinamento. Na cena, Ova encara Yusuf (Mesut Akusta), um indivíduo que vive perturbado pelo misterioso crime que cometeu no passado. Ao se explicar para Ova, Yusuf dá a entender que matou sua própria filha. Mais tarde, quando ele conversa com o prisioneiro Hafiz, que serve como mentor espiritual do grupo, Yusuf explica que nunca será perdoado pelo que fez, e por isso não reencontrará sua filha na vida após a morte. “Se machucou sua própria filha, precisa ajudar outras crianças”, lhe responde Hafiz. O diálogo é um momento chave para entender o desfecho de Milagre na Cela 7." Isso porque o filme não se entrega facilmente. Ou seja, além de tudo que já expliquei sobre minhas razões, ainda há um ou dois mistérios a serem compreendidos. É um exercício de ligar os pontos com poucos elementos disponíveis na história para isso, é verdade, mas suficientes...
Então é isso, vá exercitar sua sensibilidade, inteligência e, acima de tudo, sua esperança em que tudo que acontece, acontece para um bem maior.
Data de lançamento: 10 de outubro de 2019 (Alemanha)
Direção: Mehmet Ada Öztekin
Música composta por: Hasan Özsüt
Idioma: Língua turca
Roteiro: Kubilay Tat
Empreendedora
4 aAssisti e fiquei fascinada, ha tempos nao assisto algo tao profundo👏👏👏❤
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4 aGabriela Venturi
Diretor BY Engenharia / Sales Representative Davis Standard / Gala / Maag / Farrel Pomini / Mica / EsseCi / Gamma Meccanica / Plasmec / Scantech / Schwing / Sica / Maillefer / Cloeren
4 aMuito bom Inês. Parabéns pela recomendação.
Human Resources| Office Assistant at ST Engineering iDirect
4 aUm grande exemplo de Empatia.
Conselheiro Certificado, Advisor, Especialista em Empresas Familiares, Professor Convidado da FGV, Mentor de Executivos e Sucessores e Membro da Comissão Temática de Empresas Familiares & Sucessão da Board Academy
4 aInes Cozzo concordo integralmente! O filme mexe muito com nossas emoções e traz muitas lições de vida! Vale a pena!