Com ajuda da Filosofia, como entender o cenário político para 2022?
Brasil: Hobbes ou Rousseau? O cenário político da eleição presidencial de 2022 parece indicar outra escolha binária entre a direita representada por Bolsonaro, e a esquerda representada por Lula. Na eleição passada a esquerda foi representada por um procurador, desta vez, tudo indica que será pelo chefe. Isto nos aproxima do cenário argentino, onde ao longo das eleições mudaram os nomes, mas a disputa entre o populismo pseudo-esquerdista do peronismo contra o radicalismo com um viés liberal. A história nos mostra o triste resultado de um cenário político dominado pelo maniqueísmo do “nós x eles” (vide Argentina).
Como podemos entender este cenário e quais as possíveis alternativas para ele?
Vamos buscar ajuda na filosofia.
Usando a lógica da curva de Gauss (curva da distribuição natural) temos uns 15% apoiando sectariamente cada um dos dois candidatos, que seguem o modelo descrito por Thomas Hobbes na sua obra mestra O Leviatã. Isto deixa 70% dos votos para uma alternativa proposta por , em O Contrato Social.
Cenário Hobbesiano:
Resumidamente Hobbes disse que:
- O ser humano segue um desejo universal de autopreservação, por isto busca o que é necessário e cômodo para a vida;
- Somos diferentes das abelhas e formigas que trabalham em conjunto. Competimos entre nós usando a razão (ou falta dela, em comentário meu);
- Esta concorrência gera atritos que podem levar a uma guerra;
- Para manter a paz é necessário um Estado poderoso (Leviatã);
- Neste Estado os homens concordam em dar ao Soberano poder absoluto para garantir sua segurança.
Neste cenário, embora Hobbes aceite formas de governo como a monarquia parlamentarista ou a oligarquia, ele prefere um modelo absolutista (soberano absoluto). Neste modelo, o escolhido para exercer poder de forma absoluta (despótica) deve ser seguido por todos os cidadãos. O soberano não precisa dar satisfação da sua gestão a ninguém, somente a Deus. Ele é sua própria fonte legisladora e judiciária.
Hobbes publicou “O Leviatã” em 1651, por isso não conheceu Bolsonaro ou Lula. Os dois, que sofrem de hipossuficiência literária aguda, não leram Hobbes, mas temos que admitir que a descrição do Soberano Absoluto cabe nos dois como uma luva. Na verdade, temos que admitir que Lula usa o poder soberano de uma forma mais sutil, porém no fundo, quer a mesma coisa. Duas frases deles que mostram essa diferença. Enquanto um diz que vai chamar “o seu Exército”, o outro, mais modesto, ameaçou chamar “o exército do Stedille.”.
Cenário de Rousseau:
A tese de Rousseau pode ser resumida em uma frase emblemática do “Do Contrato Social”: “O homem nasce livre e por toda parte encontra-se acorrentado”.
Rousseau difere de Hobbes a partir da premissa de que o homem é essencialmente bom, mas o Estado o corrompe (isto que ele não conheceu a experiência petralha no Brasil). Por isto, defende que o Contrato Social deve representar a Vontade Geral, que seria a opinião da maioria do povo. O soberano no Estado proposto por ele deve executar a lei que reflete a opinião da maioria do povo.
Que Brasil queremos?
De alguma forma, nós brasileiros, somos mais hobbesianos. Por razões econômicas ou de comodidade, estamos dispostos a renunciar nossa liberdade para ter um “guia” um “iluminado” que resolva nossos problemas e gere a felicidade geral da nação (dito por outro hobbesiano: Dom Pedro I).
As experiências de modelos de delegação de poder absoluto ao Soberano (de direita ou esquerda) tem consequência danosa para os brasileiros, principalmente os mais pobres.
Vamos embarcar novamente em uma experiência utópica ou optar por um modelo no qual a vontade geral seja respeitada pelo governante?
Sou Ismar Becker, conselheiro, mentor, estudei na Harvard Business School, no curso de Owner and President Management Program. Sou especialista no mercado de cerâmica em mais de 70 países e acumulo experiência de mais de 40 anos de viagens pelo mundo.
*Siga-me no LinkedIn
Bibliografia utilizada:
- Os 100 Livros que mais influenciaram a Humanidade – Martin Seymour-Smith
- Leviatã ou Matéria, Forma e Poder de um Estado Eclesiástico e Civil - Thomas Hobbes de Malmesbury.
- Do Contrato Social ou Princípios do Direito Político – Jean-Jacques Rousseau