Como é a empresa boa para trabalhar?
Sempre tive essa dúvida. Somos diferentes, homens e mulheres, e a diferença deve ser reconhecida logo de cara, caso contrário é ignorada e desrespeitada. Mas somos humanos, e isso nos torna equivalentes, até onde eu saiba.
Para se candidatar à seleção das Melhores Empresas para se Trabalhar, as organizações precisam respeitar critérios mínimos da consultoria Great Place to Work, a GPTW. Ter no mínimo 15% de mulheres entre a força de trabalho e em cargos de liderança e pelo menos 100 funcionários.
Só nesse corte já ficou de fora toda a torcida do Corinthians e do Flamengo. Sobra a tropa de elite das organizações brasileiras, concorda?
Então fica claro que as empresas selecionadas são uma espécie de luz no fim do túnel, uma inspiração de boas práticas, que, portanto, vale a pena a gente entender e copiar. Porque é disso que se trata, não há tempo a perder em reinventar a roda. O negócio é se inspirar naquilo que dá certo.
E o que dá certo entre as melhores empresas para a mulher trabalhar?
1. Política ativa de salários iguais. No Brasil, as mulheres recebem 20% a menos do que os homens para realizar a mesma função. Diferença que pode chegar a 25%, sobretudo no caso de mulheres negras. Entre a tropa de elite das organizações brasileiras, a diferença salarial foi de 2% a menos para as mulheres, a média entre todas as 640 empresas que se candidataram ao ranking GPTW Mulher 2020. Aqui não tem o que discutir: igual é igual.
2. Feedback é algo que funciona. Quanto mais, melhor. Dar retorno sobre o desempenho de cada colaborador, falar sobre qualidades e pontos a aprimorar é uma receita simples, que funciona e estreita vínculos de confiança.
3. Credibilidade do líder, da empresa e orgulho de pertencer à organização faz total diferença.
4. Políticas de contratação específicas para inclusão, que valem para todos os trabalhadores excluídos por gênero, etnia ou condição social. É preciso ter métricas para progredir de verdade.
5. Combate à discriminação contra mulheres com a contratação – e valorização – da mulher grávida. Gravidez é um momento mágico de criação e conexão, algo raro e caro, e profundamente desvalorizado no universo corporativo constituído por e para homens brancos, heterossexuais declarados, meia idade, que dificilmente reconhecem seu viés racista, machista e homofóbico.
6. Falar sobre nossas sombras é curativo. Então falar sobre assédio e discriminação é necessário. Ponto.
7. Exigir os mesmos princípios de fornecedores e terceiros é outra forma de multiplicar as ações em busca de organizações mais humanas. Isso é bom para todos, não apenas para as mulheres, vamos combinar? Na prática, significa praticar na cadeia de valor atitudes de respeito ao meio ambiente e aos direitos humanos.
8. Falando de sombra, que tal assumir que na média gerência, com mais de 20 anos de experiência, as mulheres são catapultadas das organizações? Isso é da conta de todos nós. Caso contrário, formaremos um exército de mulheres de meia idade miseráveis, e idosas desalentadas, para usar expressão da moda. Diria sem esperança mesmo, que é mais real.
9. Desenvolver a equidade de oportunidades para os gêneros, com treinamento, políticas de formação, promoção, contratação e liderança para todos. Para progredir, é preciso medir, avaliar e corrigir rotas, com transparência. Dar acesso à tecnologia é essencial para capacitar e incluir.
10. Dar voz a quem não é ouvido. Esse talvez seja o item mais desafiador de todos: ouvir é algo que se faz por inteiro, com os olhos, os ouvidos e com o coração. Ouvir quem não tem voz em nossa sociedade exige reconhecer que somos, como nação e como sociedade, racistas, homofóbicos e odiamos assumir isso em nós. Quem sabe depois da pandemia, quando a covid deixou claro que para o vírus não há diferença de idade, gênero, cor da pele ou extrato bancário, possamos entender que fazemos parte de um só grupo, a raça humana.
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