Como a ansiedade prejudica a carreira de um CEO, sua companhia, e a sociedade

O ano de 2020 tem sido o ano mais estressante da vida de muitas pessoas. Uma pesquisa internacional realizada pela Oracle, com aproximadamente 12.000 profissionais, entre colaboradores, managers e altos executivos de 11 países, entre eles USA e Brasil, revelou que 78% dos profissionais declaram que pandemia do Covid-19 tem afetado negativamente a sua saúde mental.

53% do nível executivo mais alto das companhias, os diretivos de nível C, declaram que estão sofrendo com problemas de saúde mental no seu trabalho, frente a 45% das suas equipes. Essa e outras pesquisas, nacionais e internacionais, deixam bem claro que a autêntica pandemia global, que estabeleceu o Covid-19, é uma pandemia de saúde mental.

Mas, como problemas de saúde mental como o estresse, a ansiedade, e a depressão, ou outros, afetam aos CEO de companhias, e outros executivos de nível C, no seu trabalho a frente das organizações?

O trabalho de um CEO, ou outro executivo de nível C, pode ser dividido, de maneira muito simplista, em três grandes funções: A primeira, planejamento estratégico para definir o rumo da organização, a segunda, gestão de recursos para alinhar a organização para a implementação dessa estratégia, e finalmente, liderar pessoas para que tudo seja realizado garantindo os melhores resultados possíveis.

Como realmente afeta a saúde mental do CEO a suas funções básicas?

1.   O planejamento estratégico sob os efeitos da ansiedade.

O cérebro de uma pessoa ansiosa, tem como principal objetivo a autoproteção, muitas vezes de perigos que não são reais, e está totalmente focado na identificação de ameaças. Um cérebro ansioso se encontra instalado no medo e procura confirmar esse medo com perigos a sua volta.

O sistema límbico e os sistemas neuronais que o formam, e a amigdala no seu centro, responsável pela ansiedade e o medo, coincidem com sistemas neuronais que também participam na tomada de decisões económicas.

As decisões ao respeito de planejamento estratégico tomadas por um CEO sofrendo ansiedade são opções estratégicas menos arriscadas, mais defensivas e mais focadas em ameaças identificadas no analise estratégico que nas oportunidades.

O planejamento estratégico de um CEO ansioso sempre será menos arriscado que o de um CEO sem ansiedade.

Estudos provam que, CEOs ansiosos, além de não conseguir identificar e aproveitar oportunidades, também tendem a ter comportamentos oportunistas por se sentir ameaçados constantemente devido ao seu alto nível de ansiedade.

2.   A gestão de recursos para alinhar a organização com ansiedade.

A gestão de recursos por parte dos CEOs, sendo esses recursos materiais, financeiros ou humanos, é sempre feita em base a toma de decisões, e as decisões de uma pessoa com ansiedade estão afetadas por distorções cognitivas.

Uma das mais comuns distorções experimentadas é a de percepção excessivamente negativa de sucessos e informação neutros ou até positivos.

Se as informações recebidas pelo CEO, já em muitas ocasiões insuficientes e imperfeitas, são interpretadas de maneira negativa por culpa da ansiedade, as decisões tomadas encima dessa informação mal-interpretada, também serão errôneas, não corresponderão com a realidade e levarão ao não cumprimento de objetivos estratégicos e metas.

3.   Liderança de pessoas sob os efeitos da ansiedade.

E finalmente, a liderança de pessoas, principalmente equipes diretivas próximas ao CEO, para que tudo o planejamento estratégico seja realizado, também está fatalmente afetada por conta da ansiedade.

O CEO com um nível alto de ansiedade, também faz leituras errada de expressões faciais, ou até entonações e qualquer linguagem verbal ou não verbal, Essas leitura equivocadas podem ter como consequência situações de grande tensão emocional, com falta de controle de impulsos que faça que as interações entre CEO e a sua equipe mais direta seja muito tensa.

Em organizações nas que o CEO não é admoestado por essas reações emocionais é percebido um clima, e cultura tóxicos que parece ser apoiado pelos mais altos órgãos de governo da companhia gerando renuncias.

A carreira do CEO, a companhia e a sociedade em perigo

Um CEO com problemas de saúde mental, especialmente ansiedade, coloca em risco sua carreira, e a sua companhia, tomando opções estratégicas não focadas em oportunidades que fazem muito difícil o crescimento organizacional. O CEO de uma companhia é avaliado pelos resultados, e de maneira especial pelo crescimento.

Por outro lado, um CEO com problemas de ansiedade, coloca em risco a sociedade, tendendo a tomar estratégias oportunistas, ainda sem ter uma percepção clara do que está acontecendo, devido ao medo que sente de maneira constante um cérebro ansioso, e o fato de se sentir ameaçado pelas possíveis consequências de não obter resultados,

Os problemas de saúde mental em CEOs, executivos de nível C, e diretivos em geral, são um problema para eles, para suas companhias e para a sociedade, devemos falar deles abertamente, e procurar soluções, para melhorar a vida pessoal e profissional dos executivos e também para o bem da sociedade como um todo.