Como "caí" na TI (um pouco da minha história)
Boas vindas ao Negócio da TI. Nesse espaço pretendo falar sobre TI, principalmente, para as pessoas que não são do métier, os usuários da TI, ou seja, para qualquer pessoa, considerando que, no mundo de hoje, é muito pouco provável que alguém consiga escapar da convivência com os computadores. Mais do que isso, neste pequeno rincão, mostrarei que a TI não é, como muitos pensam, uma ciência exata, simplesmente porque, a despeito dos desejos de todos os envolvidos, o elemento chave do desenvolvimento de software é a comunicação.
Com efeito, de nada adiantam fórmulas, algoritmos, regras, metodologias se não houver uma comunicação afinada entre todos os personagens do universo da TI, antes porque os computadores ainda não pensam* e, especialmente, depois que aprenderem a faze-lo.
Conto com sua indulgência nesse primeiro artigo, que será um pouco mais longo do que os próximos. Ainda no âmbito da introdução da coluna, quero dizer que o objetivo é alternar textos “genéricos” (minha vivência na TI, ilustrações da relação “Mundo Real X Mundo TI”**) com análises e comentários sobre assuntos do momento, sempre buscando traduzir o “informatiquês” para as pessoas “normais”, finalmente com entrevistas com pessoas importantes, do lado do usuário e do lado da TI.
Meu primeiro contato com o universo da TI foi quando esta ciência ainda era chamada de Processamento de Dados. Meu saudoso pai obrigou-me a fazer dois cursos: Datilografia e Programação de Computadores. (Por que, cargas d’água a gente não escuta nossos pais, não é?). Todos os dias eu praguejava contra ele, indo para os cursos e hoje, quando consigo entender a lógica dos comandos para o computador, intrincadas linhas de código, sqls*** e/ou quando consigo digitar com meus 10 dedos, sem precisar olhar para o teclado, tenho vontade de acender uma vela para manifestar minha gratidão pelo que ele fez.
Anyway, no curso de programação, feito numa sala sem computadores (nem para o professor), o heróico docente desenhou um computador no quadro branco e descreveu, com gestos e setas, o que acontecia, desde o momento em que ligamos o computador até quando começamos a teclar (enviar entradas) e vemos as letras aparecendo na tela (recebendo saídas).
Anos se passaram e nunca perdi esse conhecimento. Embora eu tenha me aventurado pela Engenharia Química ao sair do segundo grau**** e entrado no mundo profissional pela Administração (o curso que todos os que não sabem direito o que desejam fazer, fazem), no longínquo 2001, fui contratado para gerenciar um Provedor de Internet, no bairro de Piabetá no município de Magé, RJ.
Como éramos apenas cinco funcionários, mais dois ou três estagiários, eu não podia restringir meu trabalho à área administrativa, de forma que me vi obrigado a configurar servidores, entender Linux (uuuuhhh!), criar páginas, configurar sites e até a subir em postes para passar cabos. (Obrigado, Marcelo Silva, pela oportunidade e pelos ensinamentos)
Dali para começar a “fazer programas” para clientes avulsos foi um pulo. Em 2004, fui descoberto por um gerente da Montreal Informática (essa história vale um post), que era amigo de um de meus clientes e, certa vez, me viu em atuação.
Entrei [oficialmente] na TI pela Análise de Negócios, área do desenvolvimento de sofware que consiste em estabelecer contato com o mundo real e traduzir os anseios e demandas dos usuários para a equipe de desenvolvimento e vice versa. Muitas pessoas dessa área, vêm do negócio, ou seja, não têm a TI “no sangue”. Isso faz com que muitos não se sintam parte do desenvolvimento e vice versa, muitos que desenvolvem (estão ligados ao código) não vêem os analistas de negócios como parte do time de TI.
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Em 18 anos, atuei, praticamente em “todas as pontas” do Projeto de Desenvolvimento de Software, da análise do negócio ao chão da fábrica, ou seja, a escrita de código. Durante as semanas, irei contando mais sobre minhas histórias, engraçadas ou não, minha vivência nesse universo, onde sempre estive focado na comunicação, para mim, ainda o fator fundamental para o sucesso de aplicações, seja um “sisteminha” (ainda falarei sobre isso) para controlar uma padaria a “grandes sistemas” para gerenciar Bancos ou Siderúrgicas.
Meu objetivo é ajudar pessoas que não são “do meio” a lidarem melhor com a TI e (no fundo, também) ajudar os profissionais de TI a entenderem melhor o mundo real.
Antes de acabar, meus agradecimentos ao autor da imagem que uso de fundo para o banner da coluna, Vicki Hamilton que a disponibilizou de forma aberta no site Pixabay.
Fique bem.
* - O machine learning (novamente chamado de Inteligência Artificial), é uma realidade, mas, o chatGPT ainda não pode ser chamado de "pensador".
** - Note que eu não disse “Mundo Virtual”, porque quando uso o termo “Mundo da TI”, refiro-me a pessoas reais, de carne e osso, com contas para pagar, família etc.
*** - SQL = Structured Query Language: (tradução livre) Linguagem estruturada de consulta. A linguagem usada para “falar” com Bases de Dados relacionais.
**** - Atual Ensino Médio.