Como CEOs treinam o músculo da resiliência
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Como CEOs treinam o músculo da resiliência

A vida dos CEOs, CMOs, CFOs e dos líderes de primeira linha não anda nada fácil. Tomar decisões num ambiente de tanta volatilidade, com mudanças climáticas batendo à porta, indefinições nas cenas política e econômica, instabilidade no mercado e saúde mental das equipes abalada impõe provas diárias de resistência. São muitas forças externas para administrar e pouco tempo para ponderar sobre seus efeitos.

O momento pede resiliência. Pode soar repetitivo, pois o termo vem sendo discutido no ambiente dos negócios. Mas é a palavra que, dependendo das circunstâncias, mais bem define o que fica de pé e o que desmorona diante de tantos e tão complexos desafios. A capacidade de resistir às intempéries e de se reinventar a todo instante é o que tem permitido às empresas manterem a lucratividade e até conseguirem crescimento em meio aos movimentos de transformação que vêm em todas as direções.

No recém-lançado The journey of leadership: How CEOs learn to lead from the inside out, o livro em que quatro associados seniores da McKinsey traduzem, comentam e colocam em perspectiva as angústias e aspirações de alguns dos líderes mais influentes do mundo, o atributo de resiliência é um dos mais mencionados. 

Na avaliação dos autores, resiliência não é algo que brota espontaneamente, nem mesmo nas empresas mais estruturadas. Resulta, no entanto, de uma construção diária. É como um músculo, um bíceps, por exemplo, que depende de treinamento regular para responder com tônus e vigor quando for recrutado. 

Sua repercussão em todas as camadas do negócio tende a acontecer de cima para baixo, ou seja, o ensinamento vem do líder, da forma como ele reage aos desafios, pondera, decide e se organiza para voltar ao jogo. Entre os CEOs ouvidos pela McKinsey, a qualidade dessa resposta é proporcional à sua capacidade de olhar para si mesmo e trabalhar sua autorreflexão. Quanto mais o líder está em contato com suas forças e seus limites, mais preparado ele fica para reagir. 

O treinamento dessa musculatura não vem do simples aumento de carga, tem a ver também com flexibilidade, concentração e intervalos para regeneração, como em uma academia. É mais resiliente quem cuida da saúde física e mental, investe tempo e qualidade no convívio com a família e com os amigos. Quem, enfim, não tem receio de abrir as emoções e compartilhar problemas, assumindo as próprias vulnerabilidades. 

Na falta de uma visão clara sobre os desafios que estão a caminho, autocuidado importa, e muito, assim como manter o otimismo. A essa altura, você já deve estar se perguntando, “mas como manter o otimismo no meio de uma turbulência?”, e eu respondo: é aí que ter uma musculatura bem treinada faz a diferença. Lembra que no começo deste texto escrevi a respeito da construção diária? É isso. Quem não tem essa reserva de energia, provavelmente desaba no primeiro obstáculo.

Todo mundo passa por altos e baixos, o tempo todo, mas adotar uma maneira positiva de encarar a situação embaraçosa significa treinar a capacidade de ser resiliente. Líderes que trabalham o músculo da resiliência estão buscando aquele crescimento pessoal de dentro para fora, o otimismo vem daí.

Isso dá gás para reagir quando as condições mudam de repente e ainda melhora substancialmente a comunicação com a equipe. Em tempos em que comportamentos egocêntricos ficaram datados e mostraram-se frágeis, contar com uma rede estrutural de resiliência faz toda diferença.

E só como recado final: resiliência não é teimosia. É preciso saber escolher as batalhas que realmente fazem sentido e que vão nos tornar mais preparados para encararmos a próxima onda. E nestes tempos de mar agitado, não há dúvida de que ela já está a caminho.

Fuad Zetuna

International Business LatAm | Business Development | Growth | Sales B2B | Soft Landing | Billing | Payments | Audit | Tax | Technology | Startups | Software | SaaS

1 m

Excelente artigo!

Paulo Dominonni

Head of Business Development @DOMMI DATA | Senior Business Development | Strategist | I Build Business with the Military Forces

2 m

Muito inspirador seu texto professora reflete perfeitamente os dias atuais e os desafios dos negocios. Obrigado por compartilhar, "JA VOU COMPRAR O LIVRO"

Fernanda Nascimento

Crescimento dos negócios B2B através da construção da reputação de empresas e seus líderes | CEO da Stratlab | Mãe de 2

2 m

Iuri, e esse aprendizado não é fácil. Podemos ser humanos e isso é tão bom!

Iuri Mendonça

CEO na Cemig SIM | Liderando equipes rumo ao sucesso

2 m

Reflexão bem interessante e que retrata o cotidiano frente aos desafios/escolhas, ter resiliência somado com a disciplina é fundamental para ter o sucesso.

Rodrigo Alonso

Enterprise Sales na Adobe | Creative Cloud

2 m

Genial Fernanda, nada a somar, apenas um comentario de que nessa jornada de resiliencia, o "simples" tem sido um alvo,...gosto da frase que diz: o simples é o apice da sofisticação..

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