Como criar uma cultura de aprendizagem na sua empresa?
Desde criança, somos ensinados sobre certo e errado. Aprendemos na escola que ser inteligente significa tirar 10 na prova, perguntar algo “bobo” em voz alta é motivo de risada, entender errado significa ser burro e por aí vai. Aprender era sempre uma luta entre o certo e errado, entre encontrar a resposta única perfeita e o completo oposto.
Por mais que tenhamos crescido e nos tornado gestores e gestoras, a pergunta que fica é: até onde continuamos em busca do “certo”? Será que as empresas sabem incentivar a aprendizagem ou ainda estão presas a moldes “perfeitos”?
A pandemia definitivamente ensinou (e forçou) as empresas a mudarem e saírem dessas caixinhas para sobreviverem, mas acredito que aquele medo de errar da infância continua bem aqui. Nem mesmo os treinamentos e compartilhamento de conhecimento dentro das empresas fez isso sumir completamente.
Sabe por quê? Mais do que desenvolver habilidades técnicas e comportamentais de um setor para o outro, precisamos aprender a… aprender. Claro, compartilhar conhecimento é essencial para o crescimento de uma empresa, mas o maior desafio de todos é fazer com que os colaboradores simplesmente encontrem um conhecimento que ainda não existe e, logo, não pode ser ensinado. Ele deve ser descoberto.
E é aí que entra o medo de errar.
Na maioria das empresas, o gestor é um líder que direciona, mas também que diz o que acredita ser o “certo”, o que vai funcionar ou não. A experiência fala nessas horas, mas até que ponto ele está realmente incentivando sua equipe a aprender?
Na cultura de aprendizagem, o processo vale mais que o resultado. O erro não é visto como algo negativo e sim como um teste que ensina algo. É uma cultura que permite testes, análise de resultados e modelos que se adaptam constantemente. É um incentivo a correr atrás do que pensa, errar sem medo de ser julgado ou demitido, buscar a resposta e o conhecimento sozinho porque nem mesmo quem tem experiência sabe.
É assim que empresas como Airbnb, Uber e Nubank se tornaram unicórnios. Elas testaram, erraram e testaram de novo até encontrar um modelo que funcionasse (e não pararam aí).
O Airbnb, por exemplo, criou a hipótese de que aluguéis de curto prazo vendiam melhor com fotos de fotógrafos profissionais. O teste funcionou e comprovou o que imaginavam, mas perceberam que não era uma solução escalonável. O que decidiram fazer, então? Experimentaram contratar freelancers.
Formatos foram sendo testados e ajustados, mesmo que a probabilidade de sucesso não fosse alta, porque o erro direcionaria a solução.
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Dessa forma, pode-se nascer a inovação.
Uma pesquisa da Bersin by Delloite diz que empresas que apoiam a cultura de aprendizado aumentam suas chances de se tornarem líderes de mercado em pelo menos 30%. Por que será então que mais negócios não implementam isso?
A resposta é simples: não é fácil. Muitas empresas estão engessadas por padrões sem perceberem que talvez isto seja exatamente o que as deixará para trás.
Como todo bom inventor sabe, o gestor de hoje - aquele em que acredito e almejo ser - precisa incentivar as perguntas e dar espaço aos testes, porque não adianta falarmos para nossos colaboradores aprenderem se eles não se sentirem seguros de verdade para testarem uma hipótese ou um modelo novo.
É dessa forma que surge uma nova maneira de multiplicar conhecimento, um tipo de aprendizado que é feito em conjunto e valoriza cada pessoa que está ali, além de melhorar a eficácia da empresa como um todo. Afinal, com processos e tarefas sendo aprimorados, rotinas e fluxos de trabalho acompanham esse desenvolvimento e aumentam a produtividade.
Essa mudança, claro, exige uma estruturação da organização que irá permitir que esses erros deem frutos e é por isso que chamamos de cultura da aprendizagem. É preciso uma base sólida para desenvolver essa liberdade criativa que, apesar de estar mais presente em startups, não é limitada a elas de forma alguma.
Cada tipo de empresa e setor terá uma forma diferente de fazer seus testes, afinal existem peculiaridades em cada área. Uma companhia aérea, por exemplo, não pode deixar seus pilotos testarem manobras novas de repente, mas tem inúmeras outras maneiras de abordar a experiência dos seus clientes ou avaliar rotas.
Só tem como saber testando.
É isso que quero convidar gestores e empresas a fazerem. A partir de agora, que tal ir atrás do aprender, e não do estar “certo” ou “errado”?