Como Está Seu Planejamento De Carreira? Conheça A Jornada Que Me Trouxe Até Aqui!
Como está sendo sua construção de Carreira? Você teve dificuldades em escolher uma profissão? Já escolheu, mas ainda tem dúvidas se fez a escolha correta? Conseguiu adquirir boas experiências em praticar o que aprendia durante o curso? E hoje, se sente realizado se pergunta se é isso mesmo que quer para sua vida?
Eu tive inúmeras dúvidas…adorava História e Geografia, mas não queria ser historiador, nem geógrafo. Profissões lindas, mas que não me via trabalhando nelas.
No momento de prestar vestibular ainda estava sem ideia de que graduação escolher. Cheguei a fazer por experiência para Administração e Psicologia, mas no momento de fazer a sério, a dúvida persistia! Até iniciar a semana de inscrição, continuava sem saber o que escolher, afinal, é um momento de grande importância que define todo o seu futuro! Foi aí que pensei em convidar alguns amigos para uma conversa pedindo opinião, mas cada um pensava e falava especificamente na área que gostava.
Ainda meio perdido, resolvi fazer um teste vocacional, daqueles que encontrávamos em Guia de Vestibulando em bancas de revistas. Fiz o teste e a indicação foi para Área de Engenharia, com foco em meio ambiente. Lembrei de um professor de Geografia que falava muito em uma profissão que estava crescendo bastante, Engenharia Florestal e decidi pesquisar mais a respeito. Me encantei com as pesquisas e então decidi me inscrever. Foi o ano mais concorrido desde a criação deste curso até àquele momento, mas graças a Deus e muito estudo, passei e em março de 2003 iniciei os estudos na UFRPE.
No começo foi um tanto assustador ver tanta matemática, física e química, misturada com filosofia, sociologia e antropologia…e ao mesmo tempo, quase nada relacionada à aplicação desses conhecimentos na profissão. Isso ainda ocorre muito devido à departamentalização de algumas universidades fazendo com que os próprios professores não saibam como o que ensinam no nível básico do curso será aplicado profissionalmente. Esse problema faz com que muitos alunos se desinteressem e levam à altos índices de desistência nos primeiros semestres, principalmente nos cursos de engenharia.
Mesmo assim, minha paixão pelo curso só aumentava, mas ao mesmo tempo, me preocupava não conhecer ninguém já formado que pudesse me guiar ou indicar um futuro emprego. Então, ainda no primeiro período vi uma divulgação de vaga de estágio voluntário e fui atrás. Infelizmente era pré-requisito estar cursando a partir do 7º período. Dois meses depois uma greve se iniciou e o estudante selecionado desistiu do estágio. Então o professor responsável pela área no último dia de aula antes de iniciar a greve me perguntou se ainda tinha interesse na vaga. Respondi que sim e fui para casa feliz da vida em saber que iniciaria ali as experiências profissionais.
Neste estágio eu desenvolvia tanto atividades práticas de campo como produção de plantas arbóreas e ornamentais, quanto em laboratório. Nos dois ambientes acompanhava estudantes de Mestrado em suas pesquisas e publicávamos trabalhos juntos. Com este estágio e os conhecimentos que fui adquirindo percebi que precisava ainda mais estudo. Comecei então a participar de palestras, cursos, congressos locais, regionais, nacionais e até internacionais. Ao fim do segundo semestre já somava 5 páginas de currículo acadêmico.
O estágio, apesar de não me gerar renda (o que era visto como desestimulante para alguns) trouxe muito conhecimento e me fez ser visto e reconhecido como um estudante interessado em evoluir. Assim, fui convidado a participar de seleção para bolsista de um grupo que trabalhava com ensino, pesquisa e extensão (Programa de Educação Tutorial – PET), sob orientação de uma tutora com doutorado na área. Participei da seleção, fiquei em primeiro lugar e ali permaneci por 1 ano e meio, tendo aprendido muito. Entre os aprendizados, elaborar documentos oficiais, relatórios e projetos, organizar eventos científicos, captar recursos e principalmente, a saber me portar como profissional. Ainda tive a oportunidade de um estágio de vivência em instituição de tecnologias alternativas voltadas à pequenos produtores. Experiências e aprendizados fenomenais!
Nesse período foi maravilhoso conhecer o mundo acadêmico, poder assistir aulas da Pós-graduação mesmo ainda estando no primeiro período da graduação. Me fez ter vontade de fazer Mestrado e Doutorado, mas não me via trabalhando nesse meio como professor universitário. Decidi então sair do estágio, sair do grupo PET e buscar novas oportunidades que me integrassem ao mercado.
Comecei a auxiliar profissionais que trabalhavam como consultores ambientais em empresas responsáveis por grandes projetos (estudos de impacto ambiental para construção de usinas hidrelétricas, ampliação de aterros sanitários, manejo de corte de madeira para uso energético,…). Também participei de perícias judiciais e esses momentos possibilitaram grande vivência profissional e conhecimento com outros profissionais já atuantes em empresas de consultoria, órgãos públicos, usinas de cana de açúcar, etc.
Ao ler este relato provavelmente deve estar achando que eu era um nerd e vivia para os estudos…mas passei longe disso! Curti tudo o que a universidade pôde me proporcionar em festas, calouradas…mas na grande maioria das vezes, só fazia isso da sexta em diante! Para tudo tem seu momento.
No fim do penúltimo semestre, apesar de toda a experiência adquirida, ainda não sabia em que área fazer meu estágio obrigatório. Nesses momentos Deus escuta nossos anseios e envia uma nova chance…de repente, um quadro de aviso divulgando vaga de estágio remunerado para recuperação de áreas degradadas em uma usina hidrelétrica, às margens do belo rio São Francisco. Participei da seleção e fui selecionado. Meu orientador, por coincidência, foi o mesmo que me orientou no começo da graduação. O estágio além das atividades específicas, me proporcionou ter contato com toda a estrutura física e tecnológica da usina, bem como todos os projetos que ela desenvolvia na região, envolvendo energias renováveis, psicultura, apicultura, caprinocultura, artesanato, arqueologia…A diversidade de informações e aprendizado foi tanta que escrevi meu relatório final permeado por poesia, música e outras obras de arte! Rsrs…deve ter sido o relatório mais informal entregue até hoje no curso!
No começo do curso pensava exclusivamente em empreender, mas do meio pro fim me encantei com a estabilidade do serviço público e decidi focar em estudar para concurso. Passei em alguns, mas para cadastro de reserva e nunca houve convocação. Próximo ao fim do último semestre saiu o resultado para analista ambiental da prefeitura de Recife. Passei e tive que adiantar a colação de grau para estar apto a tomar posse o mais rápido possível.
Ao ser convocado me encaminharam para o Jardim Botânico do Recife (JBR). Uma unidade de conservação com missões globais bastante profundas e com um grande potencial de desenvolvimento. O local não tinha muita estrutura e a equipe era bastante reduzida, o que tornava um grande desafio, mas já nos primeiros anos muito pôde ser feito!
Diante de questões e dúvidas surgidas durante os anos no desenvolvimento do trabalho no Jardim Botânico, voltei à universidade para realizar Pós-graduação, fazendo mestrado e posteriormente doutorado com intuito de resolver problemas que via na prática. Isso foi uma grande dádiva! Conheci a Pós-graduação muito cedo, mas não queria ter feito por fazer ou por não ter encontrado um emprego e estar interessado em ter uma bolsa de estudos, desenvolvendo qualquer pesquisa indicada pelo orientador, sem amor pela área. Não desmerecendo…todo estudo é válido e tem importância científica, mas acredito ser mais válido ainda quando você tem como objetivo resolver um problema e volta não só podendo aprender, mas sabendo como as coisas funcionam na prática e tendo a chance de compartilhar experiências.
Aos poucos a equipe do JBR foi crescendo e hoje abarca profissionais de diversas áreas (Agronomia, Biologia, Geografia, Engenharia Florestal, Pedagogia, Serviços Sociais). Com uma equipe unida e que se ajuda mutuamente, fizemos o espaço crescer e se tornar referência. Principalmente por meio de projetos que nossa equipe elabora e coordena, transformamos a instituição em uma das mais reconhecidas no país, tendo recebido vários prêmios. Ao todo, nossa equipe conseguiu nos últimos 5 anos captar mais de R$3.000.000,00 (três milhões de reais) em projetos diversos para melhoria de infraestrutura, compra de equipamentos, pagamento de bolsas a monitores, etc.
Este paraíso em que trabalho me proporcionou e continua proporcionando aprender ainda mais e mais, todos os dias e me faz sentir plenamente realizado como profissional. Foi fácil? Não! Teve apenas momentos bons? Também não, existiram inúmeros desafios e barreiras que foram superados. Essa realização é fruto de tudo o que eu construí e planejei algumas vezes até sem perceber, desde o primeiro semestre da graduação, há 17 anos!
Agora se você foi sendo engolido pelo tempo e não teve como construir essa carreira, não desista! Nunca é tarde! Comece já! Não deixe para depois…esse depois pode nunca chegar e se isso ocorrer, você tende a se manter um profissional frustrado.
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