Como reunir os maiores talentos e garantir que eles façam o seu melhor?

Esse final de semana eu assisti o documentário da Netflix, A noite que mudou o Pop. Foi muito nostálgico e um deleite voltar a 1985 e relembrar todo o sucesso da música “we are the world” e das vozes marcantes de tantos artistas fantásticos.

🚨🚨🚨 Alerta de spoiler

O documentário A noite que mudou o pop conta os bastidores da gravação da música “We are the world”  que aconteceu no A&M Recording Studios em Los Angeles, no dia 28 de janeiro de 1985,  imediatamente após a apresentação do American Music Awards e reuniu os maiores ícones da música pop dos anos 80.

 Foi um desafio reunir 46 talentos em 11 horas de gravação e o feito foi um sucesso graças à liderança do Quincy Jones, então resolvi reunir algumas lições que me marcaram e podem te trazer alguns insights.

 Confiança no Líder – Quincy Jones era um produtor respeitado e com uma baita reputação, os artistas confiavam nele. Ele tinha uma capacidade de construir relacionamentos reais. Ele também era competente e igualmente talentoso, tanto é que anos depois viria a produzir o álbum Thriller, de Michael Jackson  que se tornou o álbum mais vendido de todos os tempos.

As pessoas confiam no líder não só pela sua competência, mas também por quem ele é!

Propósito – Quincy Jones garantiu que todos estivessem reunidos em torno de um propósito comum. O objetivo do single era arrecadar dinheiro para o combate à fome na África. Esse propósito compartilhado inspirou e engajou os artistas.

O propósito foi comunicado antes, durante e depois da gravação, todos os talentos tinham clareza do porquê estavam fazendo o que estavam fazendo!

 Antes da gravação ele enviou para cada artista uma fita cassete com o seguinte recado:

As fitas estão numeradas e não sei expressar o quão importante é não deixá-los sem este material. Por favor, não façam cópias e devolvam-na na noite do dia 28. Nos anos futuros, quando seus filhos perguntarem "o que meu pai e minha mãe fizeram no combate à fome mundial?", vocês poderão dizer orgulhosamente que esta é a sua contribuição. Quincy Jones

Humildade – Quincy sabia que teria que lidar com talentos e seus egos então ele resolveu escrever uma orientação e colocou na porta do estúdio: “deixe seu ego na porta”.

No seu artigo para a Harvard Business Review, Rasmus Hougaard e Jacqueline Carter explicam que o ego nos torna suscetíveis à manipulação; estreita nosso campo de visão; e corrompe nosso comportamento, muitas vezes nos levando a agir contra nossos valores.

Naquela noite, a causa era maior que qualquer um.

Os artistas compreenderam isso e retribuíram com a humildade solicitada.

Para gravar o refrão, Quincy Jones, pediu que somente os que pudessem atingir as notas mais agudas cantassem. Os demais, deveriam permanecer calados.

Os artistas souberam reconhecer se atendiam ou não a esse requisito e a instrução foi cumprida.

Eles se ajudaram e tiveram o cuidado de garantir que todos brilhassem. A admiração foi tão grande que lá pelas tantas eles começaram a pedir autógrafo uns aos outros.

Uma equipe de alta performance reconhece, admira e faz o outro brilhar!

Menos de 3 meses depois da gravação, no dia 07 de março de 1985 a música foi lançada simultaneamente em todo o mundo.

Estima-se que o seu lançamento alcançou quase 1 bilhão de pessoas em todo o mundo, através de  transmissão simultânea em rádios e televisões. Esse feito foi gigantesco para uma época em que os meios de comunicação eram limitados à televisão, rádio e mídia impressa, sem a internet, celulares e redes sociais que temos hoje.

No dia 7 de março desse ano a música completa 39 anos.

O single vendeu sete milhões de discos e arrecadou 60 milhões de dólares.

A organização não-governamental “USA for Africa” funciona até hoje e já arrecadou mais de US$ 100 milhões para projetos na África e nos EUA.

E os artistas?

Deixaram o seu ego na porta e um legado que entrou para a história.

Você assistiu o documentário? O que achou?

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