Como ser feliz no local de trabalho?
O que devemos valorizar acima de tudo num trabalho?
Num trabalho devemos valorizar as coisas positivas e maximizá-las. Nem sempre é possível fazer o que gostamos, mas é possível sempre, olhar com otimismo para o trabalho que desempenhamos. Por natureza, o povo português maximiza as coisas negativas, o desafio é “fazer reset” e mudar de paradigma.
Há especialistas que afirmam que o trabalho perfeito não existe, é uma utopia, e que perdemos tempo atrás dela, concorda? Porquê?
O trabalho perfeito não existe de todo, tal como não existem pessoas perfeitas, nem casas perfeitas, nem situações perfeitas, diria que a perfeição é um mito. Existe sim, o trabalho perfeito para o momento que a pessoa está a viver. Com o tempo e com o crescimento pessoal e profissional vai ser necessário desempenhar outras funções. Considero que a procura incessante do trabalho perfeito é uma perda de tempo, pois só origina que não se usufrua do que se possui no momento. Acho fundamental expressar gratidão pelo que possuímos.
A felicidade não reside no trabalho em si, não advém dele, mas sim existe dentro de nós próprios, no encontro daquilo que mais valorizamos na vida.
Perdemos de facto demasiado tempo a olhar para o que não temos num trabalho – seja a eficiência da equipa, do patrão, dos valores da empresa não serem partilhados por nós?
Hoje perdemos demasiado tempo a controlar coisas que não são passíveis de serem controladas. Tim Galwey há muito que nos lançou o desafio de não nos preocuparmos com o que não controlamos. O foco, deve ser no atingir os objetivos, sermos “accountable”. Ao ser “accountable” raramente caímos no ciclo da vitimização, somos mais responsáveis, mais proativos e acima de tudo “divertimo-nos” mais. Vemos a qualidade do nosso desempenho, tornamo-nos úteis e obviamente ficamos felizes com isso.
Ajudaria a sermos mais felizes no trabalho que temos, mesmo com aspectos negativos, se nos focámos em…
- Em querer ser felizes. Ser feliz é uma escolha e temos de querer ser. É fundamental visualizar a mudança que a felicidade provoca nas nossas vidas. Tim Galwey fala-nos da “Lei da consciência”, e diz-nos: “ se queres mudar alguma coisa em ti o primeiro passo é aumentar a tua consciência sobre isso”. A consciência aumenta a capacidade de, sem fazer julgamentos, focar nos detalhes relevantes para a ação.
- Fazer algo que gostamos todos os dias. Em todos os trabalhos há sempre algo que gostamos. Não é verdade que não gostamos de nada, quando achamos isso é só a tendência para a catastrofização a assolar o nosso cérebro.
- Pedir feedback sobre o nosso trabalho. O poder do feedback é imenso!
- Ser "accountable". Não vale de nada queixarmo-nos do trabalho, das pessoas, da vida, se continuamos inertes, sem assumir um papel ativo na mudança. Estar num ciclo de vitimização constantemente em nada promove a felicidade.
- Evitar a negatividade. O foco deve ser nas emoções positivas e em maximizá-las, o seu efeito é grandioso.
O que nos bloqueia a felicidade num trabalho?
Somos nós próprios que bloqueamos a nossa própria felicidade. Somos nós que não controlamos como diz Tim Gallwey, o " jogo interior" e deixamo-nos levar pelas interferências. A dúvida que assola a nossa mente de que não vamos ser felizes acaba por destruir os "pequenos momentos de felicidade". Ora, a dúvida não é inata no ser humano. As crianças nas suas idades precoces acreditam nelas próprias. Por exemplo, quando estão no processo de aprender a andar e caem, elas não questionam as suas habilidades e continuam a sua aprendizagem natural. Ora, em adultos tudo é igual, há obstáculos à nossa missão de ser felizes e o nosso papel é contorná-los e seguir em frente.
Como fazer para não ir abaixo e passar o tempo a culpar a equipa, o sistema, o patrão e focarmo-nos mais no nosso desempenho pessoal?
Embora não existam soluções mágicas, a chave do sucesso é o foco em melhorar o desempenho e consequentemente a performance organizacional, trabalhar de forma a responsabilizar-se a si e aos outros para atingirem os resultados que pretendem, isto é, ser "accountable".
Como as empresas podem contribuir para a felicidade dos funcionários?
Adotarem a máxima que as pessoas felizes trabalham mais e melhor. Mas como é que se garante a felicidade no local de trabalho? Envolvendo todos na definição da cultura da empresa para que todos se sintam motivados e integrados. O desafio é todos saberem qual o seu papel e propósito na organização, quais os seus objetivos. Para isso, as chefias de topo devem desde cedo, definir os resultados chave da empresa, aqueles que garantem a sua manutenção, e de seguida assegurar que todos os sabem. Posteriormente há que garantir que todos estão motivados para os atingir dando-lhe autonomia e liberdade, de forma a que cada colaborador se sinta "dono da sua própria vida". Os lideres devem ser "colaborativos" e o seu foco deve ser como poderão fazer os seus colaboradores felizes, pois felizes produzirão mais.
Garantirem que a máxima de Confúcio "Escolha um trabalho que ame e nunca terá de trabalhar em nenhum dia da sua vida", está enraizada na cultura da organização.
Com base em investigações está provado que a felicidade dos colaboradores se reflete no aumento de quase todos os aspetos decisivos no futuro da organização: aumenta as vendas em 37%, a produtividade em 31% e a precisão nas tarefas em 19% (Anchor, Shawn, 2011). Por outro lado, em termos científicos afirma-se que é possível aumentar a felicidade nas organizações até 40% (Lyubpmirsky, Sonka, 2011).
Se é possível as empresas maximizarem a felicidade dos seus colaboradores, lanço o desafio de tentarmos...
Como nos motivamos num trabalho de que não gostamos?
Num estudo baseado em 275.000 pessoas de todo o mundo, três psicólogos (Sonja Lyubomirsky, Laura King e Ed Diener), descobriram que a felicidade é a chave para o sucesso em quase todos os campos da nossa vida, incluindo o desempenho no trabalho, a saúde, a longevidade, as relações, a socialização, criatividade e a energia. Por isso urge encontrar felicidade no trabalho!
Para nos sentirmos motivados sugiro definirmos pequenos sucessos, que imaginamos como pequenos alvos em movimento, e a nossa tarefa é apenas atingi-los.
Destaco o cultivar da cultura do otimismo e das emoções positivas. As emoções positivas levam as pessoas a estarem mais ativas, a pensar e agir de uma forma mais inovadora. Leva-as a ter novas abordagens para ver a realidade e a potenciar os seus recursos pessoais e sociais, ou seja, a libertar a totalidade do seu potencial, provocando um sentimento de utilidade, preditor de felicidade.
É preferível descobrir uma estratégia para sermos mais felizes no emprego actual ou andar de emprego em emprego à procura do que nos dá felicidade?
Considero que hoje é fundamental à luz da economia atual, fazer uma avaliação se já fizemos tudo o que está ao nosso alcance para sermos mais felizes no trabalho em que estamos. Se a resposta, alicerçada em fatos, for sim, talvez a solução passe por procurar um novo emprego.
No entanto, não me parece que exista uma única receita, cabe a cada pessoa fazer a sua autoavaliação e decidir o que fazer.
Que estratégias eu já adotei para ser mais feliz? Dou valor às coisas positivas ou foco-me nos aspetos negativos? Passo o tempo a queixar-me? Sou proativo e tento modificar a organização a que pertenço? Estas são algumas das perguntas que podem ajudar a esta autoavaliação.
Como podemos então ser mais felizes no trabalho?
O primeiro passo é visualizar a mudança que queremos atingir e imaginar ser feliz no local do trabalho. "Na Alice no País das Maravilhas a Alice perguntou ao Gato de Cheshire que direção devia seguir a partir daqui. O Gato respondeu-lhe que isso dependia muito do sítio para onde queria ir. Alice respondeu que isso não lhe interessava muito. O gato a rir respondeu-lhe: então não importa qual a direção que segues.” O mesmo acontece com cada um de nós. Se não sabemos para onde queremos ir, não sabemos como havemos de lá chegar.
O segundo passo consiste em focar-se em aumentar a intensidade dos momentos positivos e decrescer a duração e a intensidade dos momentos negativos, de modo a minimizar o seu impacto.
O terceiro passo, o mais simples, é adotar pequenas estratégias diárias que o foquem exclusivamente em ser feliz. Destaco:
- Escrever no final de cada dia, uma experiência positiva que teve no seu dia de trabalho;
- Não hipervalorizar as situações, mas fazer avaliações objetivas da realidade;
- Aceitar o ponto de vista dos outros, não utilizar o nosso próprio "mapa do mundo", os nossos óculos com que vemos a realidade para analisar todas as situações;
- Cultivar a cultura da empatia, colocando-se várias vezes no lugar do outro;
- Ser grato, pelo que em cada dia consegue, não almejar perfeição, ela não existe.
International market advisor in BIOTA - Estudos e Divulgação em Ambiente, Lda.
8 aGostei muito. Quando já temos alguns anos de atividade profissional de alguma forma vamos dar a essas conclusões, sem dúvida.
CEO, BIOTA - Estudos e Divulgação em Ambiente, Lda
8 aVera, estamos perfeitamente alinhadas! Dificilmente poderia concordar mais com as tuas reflexões. Ainda que de certa forma tente implementar esta cultura na BIOTA , claramente o caminho a percorrer ainda é longo mas ... seguindo as sugestões propostas, acredito que fique mais curto ;). Grata por tudo.
Senior Advisor in People Management & Strategic Innovation in Human Talent
8 aVera, excelentes e oportunas sugestões. O conceito de Felicidade Organizacional, é uma temática importante hoje em dia e que deve fazer refletir os Gestores de Capital Humano, na melhor forma de melhorar a Qualidade de Vida dos colaboradores nas Organizações. Parabéns pela, na minha opinião, excelente reflexão.
Head of People 📍 Helping business through talented teams, Prosource [RaaS] and People first practices @ COCUS!
8 aSem dúvida uma grande preocupação dos gestores de pessoas e, de cada um de nós enquanto indivíduos. Excelentes dicas :)