Complexo de Pedro e Paulo

Certo domingo fui à missa. Coisa que tento manter como rotina à medida do possível.

Não sou um católico fervoroso, como foram meus pais, mas tenho minha fé. E de certa forma, para quem é intuitivo como eu, a fé me acompanha em todos os momentos.

O tema foi São Pedro. E o padre resolveu palestrar sobre Pedro e Paulo.

Cada um com seu jeito, ambos carregaram a incumbência de construir a igreja católica, sendo seus dois pilares.

Pedro e Paulo, foram como o movimento do coração, nas palavras do padre: sístole e diástole. Um acumula sangue o outro distribui.

Pedro teve sua fé várias vezes questionada, e soube como ninguém reconhecer seus erros e recomeçar sempre. Arrependia-se facilmente e buscava sempre por uma correção.

Pedro era conservador, e foi a principal conexão do velho testamento com o novo. Soube preservar as tradições sem impô-las.

Já Paulo, representava o questionamento. Ele mesmo foi prova disto quanto passou a ser crente na palavra divina. Para Paulo aquilo que ele passou a crer não deveria ficar restrito a um lugar e região. Mas sim compartilhado por todos. Independente de suas crenças, independente de sua raça.

Pedro representava a tradição, Paulo a ousadia.

Paulo representou o crescimento da igreja católica no mundo inteiro. Com o seu exemplo, engajava pessoas para que continuassem em sua região a pregação que ele ensinava. Paulo foi um grande disseminador de ideias.

A igreja sempre foi uma referencia para o ambiente corporativo, seja na forma e no processo de comando, seja na forma de vender e expor suas ideias.

Neste exemplo de Pedro e Paulo não poderia ser diferente.

Como é desafiante para gente, como gestor, manter o perfil de Pedro e Paulo vivo no nosso ambiente profissional.

Manter nossas tradições, e ao mesmo tempo sermos ousados.

Como é possível sentarmos sobre um patrimônio ideológico e ao mesmo tempo sermos flexíveis para nos adaptarmos às diversidades culturais e mesmo assim conseguir engajar e fazer com que pessoas acreditem naquilo que pregamos.

Entender que não somos soberanos, reconhecer nossos erros, e sobretudo, sabermos recomeçar sempre, sem abandonar por completo o que acreditamos, mas acima de tudo nos adaptando às novas visões a partir de nosso aprendizado.

Em determinados momentos de nossa vida profissional somos Pedro e em outros somos Paulo.

Que tal começarmos a pensar no complexo de Pedro e Paulo e tentarmos ser os dois em nossa casa e em nosso trabalho?

Um grande desafio.

Silvio Soledade