Construindo seus próprios horizontes
Nunca fui muito de acreditar e reconhecer a força inspiradora e realizadora de ações ritualísticas. E chamo de ações ritualísticas quase tudo o que fazemos na vida, até mesmo escovar os dentes, desde que o ato esteja revestido dessas energias que nos impulsionam para a concretização de algo. Escrever, por exemplo, é extremamente ritualístico. Todo jornalista ou escritor cumpre um ritual antes, durante e depois de buscar organizar e expressar suas ideias. E, acredite, a coisa tem uma força que, muitas vezes, é subestimada pelo nosso pensamento lógico e cortical. Todo esse preâmbulo aí em cima é para falar sobre a força de concretização de um planejamento, seja ele pessoal, familiar, profissional ou de lazer.
O simples ato de colocar no papel, em uma ordem coerente com os nossos desejos, já aciona energias e potenciais que caminham para a sua concretização. Tive provas indiscutíveis desse poder há alguns anos, quando o processo de coaching no Brasil estava ‘nascendo’. Naquela época, minha terapeuta, percebendo a minha insatisfação em algumas áreas da vida (para não dizer todas...), sugeriu que eu tentasse responder a um questionário para identificar os pontos negativos e traçar um plano de metas focadas para o autodesenvolvimento.
Olhei aquele papel com um misto de desprezo, preguiça e descrença, mas enfiei o documento debaixo do braço e fui embora. Só depois de uns cinco dias é que procurei ler com alguma atenção o roteiro à minha frente. As perguntas, que começavam com uma definição sobre mim mesma (qualidade e defeitos) e da minha missão de vida, eram complexas e deram um ‘nó’ na minha cabeça. O desafio estava lançado e a minha simples determinação em responder de cabo a rabo o questionário despertou uma autoconsciência que me surpreendeu.
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Tudo começou com o delineamento das minhas reais capacidades e condições atuais. Depois, saber, pelo âmbito da minha espiritualidade, como definiria a minha missão nesta existência (e essa questão tomou dias...). Parti então para enumerar o que gostaria de melhorar no meu comportamento. Passada essa primeira etapa, entrei no segundo ‘round’, tão difícil (ou mais) quanto o primeiro. O desafio agora era enumerar, de uma1 a 5, metas a serem atingidas em cada áreas da minha vida (pessoal, lazer, saúde, profissional, espiritual, intelectual, social e financeiro) em prazos pré-determinados de 1,5 e 10 anos. Tipo: construindo os meus horizontes.
Rapaz! Não fui econômica! Listei sonhos, viagens nacionais e internacionais, bens materiais e espirituais. Fui além, pedi um amor e até mesmo coloquei uma meta para melhorar as minhas relações familiares. Agora, veja só o que é energia potencial: daquilo que listei como objetivos a serem alcançados em um ano, atingi todos antes do prazo estipulado. Os que listei para cinco – acredite se quiser – foram cumpridos até 2 anos e meio. E para os definidos para acontecerem em dez anos... Afe! Assustei-me e resolvi esperar um pouco, porque deu até medo!
Quando parei para tentar entender o que havia acontecido, percebi que, realmente e ritualisticamente, ‘construí meus horizontes’. É claro que a vida não está totalmente sob o nosso controle e muitas coisas podem acontecer, eventos pelo caminho entre o que você quer e o que você pode. Porém, é imprescindível enxergar na frente para se poder caminhar até lá. Esta é a força da palavra escrita e do ritual de se sentar, pegar uma caneta ou lápis e descrever, em um papel em branco (representando, metaforicamente, o nosso futuro), o que queremos.
Pincelada por pincelada, ilustramos e assumimos a responsabilidade por nossos desejos e sonhos e, então, conseguimos ver de forma clara um caminho a ser trilhado. Estou feliz com a paisagem que criei e com o que consegui concretizar. Outras metas substituíram aquelas e novos desafios se apresentaram na minha vida. Se você deseja e quer chegar a algum lugar, aconselho que pare e trace um plano de metas, tornando-se o autor do seu próprio destino.