Consumo de plástico: consequências ambientais e dicas para a redução do consumo
É fato que o plástico foi muito importante para o desenvolvimento da civilização. Inclusive, logo que foi inventado, o plástico foi um grande aliado das causas ambientais, uma vez que peças automotivas passaram a ser produzidas deste material, o que deixou os veículos muito mais leves e, portanto, mais econômicos. Desta forma, além de consumir menos combustível, os carros também passaram a emitir menos gases poluentes na atmosfera.
Ou seja, o plástico não é um grande vilão na natureza, mas sim a forma como nós o consumimos. Isso porque 30% a 40% do plástico que utilizamos hoje é considerado de uso único, o que significa que ele será descartado, na maioria das vezes de forma incorreta, em aproximadamente 12 minutos. Fazem parte deste tipo de plástico os canudos (que já vem sendo abolidos em quase todo o mundo), copos, pratos e talheres descartáveis, cotonetes, embalagens de alimentos, saquinhos de supermercado, dentre muitos outros exemplos.
E este tipo de produto já é tão comum em nossa rotina que nem pensamos muito sobre isso. Tanto é que o Brasil se tornou o 4º maior consumidor de plástico no mundo, perdendo apenas para Estados Unidos, China e Índia. Estima-se que cada um de nós, brasileiros, consumimos aproximadamente um quilo de plástico por semana. Levando em consideração que apenas 10% de todo o plástico produzido vai para reciclagem, que seu tempo de decomposição é de 100 a 500 anos e que este tipo de resíduo gera grande volume de lixo, é premente refletirmos sobre nossos hábitos de consumo a fim de reduzir o impacto que o plástico vem causando no meio ambiente.
No entanto, antes de começarmos a pensar soluções para diminuição dos danos causados pelo alto consumo deste material, é importante explicar que, atualmente, encontramos no mercado plásticos de origem sintética, derivados do petróleo, e plásticos de origem natural, vindos de fontes renováveis, como a cana-de-açúcar e o milho. Embora os plásticos naturais gerem menos impacto ambiental, uma vez que se decompõe mais rapidamente, ainda assim não são as escolhas ideais, uma vez que sua produção exige um alto consumo de água.
Mesmo assim, a produção do plástico sintético ainda é pior, pois o processo de refinamento de petróleo emite muitos gases poluentes na atmosfera, gera grandes quantidades de resíduos sólidos de difícil composição, além do risco sempre iminente do vazamento de óleo. Por ser à prova de fungos e bactérias, a decomposição do plástico é lenta e, quando incinerado, ainda lança na atmosfera gases extremamente tóxicos e prejudiciais à saúde, como o dióxido de carbono e o enxofre. Neste sentido, o plástico natural é, realmente, uma opção bem menos nociva, porém não é a única solução existente.
A primeira solução para reduzir o alto consumo de plástico é a (re)educação ambiental, para aprendermos sobre seu descarte correto, através da separação adequada do lixo. Sim, a reciclagem é uma ótima alternativa, pois através dela evitamos que toda a etapa de refinamentos de petróleo ocorra novamente, pois o processo de transformação de um material plástico em outros é mais simples. Além disso, o descarte correto do plástico e a reciclagem evitam o acúmulo destes resíduos em aterros sanitários, ou até mesmo nos esgotos das grandes cidades, reduzindo os riscos de entupimento dos bueiros, que levam a enchentes e causam diversos danos materiais e de saúde à população.
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Inclusive, é importante lembrar que, quando não ocasiona estes entupimentos, o plástico vai parar nos oceanos, onde é desintegrado em minúsculas partículas de microplástico devido ao calor, atrito com a areia, movimento das ondas, causando danos ainda maiores à sociedade. Isso porque estas partículas acabam sendo ingeridas pelos animais marinhos, levando muitos deles à morte e ocasionando um grande desequilíbrio no ecossistema. Isso, é claro, quando não acabam vindo parar na mesa dos seres humanos que, por tabela, acumulam também estas partículas de microplásticos em seu organismo. Ainda não sabemos que tipos de danos isso pode causar a longo prazo, mas com certeza não é nada bom.
Também precisamos estabelecer uma cultura de reutilização, uma vez que, por si só, a reciclagem não é uma solução efetiva para o alto consumo de plástico. Assim sendo, em vez de descartar garrafas de água ou potes de sorvete no primeiro uso, seria mais prudente lavar estas embalagens para usar novamente depois. Não se preocupe, o impacto causado pela utilização da água para lavar embalagens é infinitamente menor que o impacto que teríamos se elas fossem descartadas. Lembre-se que, mesmo descartando seu lixo corretamente, quando não há coleta seletiva no seu munícipio, ele pode acabar indo parar em aterros sanitários e no oceano. Estima-se, inclusive, que até 2050 haverá mais plásticos do que peixes no fundo do mar.
Outra alternativa muito sustentável é simplesmente substituir o plástico por outros materiais, que sejam reutilizáveis ou biodegradáveis. Os canudos de papel ou aço são exemplos desta substituição, mas existem muito mais: escovas de dentes de bambu (material durável, que não escurece e é impermeável), cotonetes com hastes de papel, garrafinhas e potes de vidro, pano encerado em vez de plástico filme, ecobags ou caixas de papelão no lugar de sacolas plásticas, trocar a esponja tradicional por bucha vegetal, coletores menstruais podem substituir o absorvente descartável, dentre muitos outros exemplos que podemos encontrar ao pesquisarmos por opções mais sustentáveis para o nosso dia a dia.
Antes de finalizar, queremos deixar mais suas dicas para um meio ambiente mais equilibrado. A primeira é pesquisar também por produtos de beleza e de limpeza mais ecológicos, que possuam embalagens retornáveis ou vendam refil (pois estes possuem até 60% menos plásticos que as embalagens tradicionais). E a última dica é optar por roupas de tecidos de algodão orgânico. Tecidos sintéticos liberam grandes quantidades de microplástico durante a lavagem e, por serem partículas imperceptíveis, não podem ser coletadas no tratamento da água. Lembra quando citamos que estas partículas são ingeridas pelos peixes que, logo após, são consumidos pelos humanos? Então, esta alternativa é pelo bem da nossa saúde mesmo.
Vale mencionar que, atualmente, existe uma ilha de plásticos de 1,6 milhão de quilômetros quadrados flutuando no Oceano Pacífico. Levará muito tempo para revertermos isso, mas não tentar nos trará problemas ainda maiores. Então, reduzir o consumo de plástico não é só uma questão de cuidar do meio ambiente em que vivemos, embora esta também seja uma causa importantíssima. Se trata principalmente do cuidado e respeito com o próprio corpo, com a própria saúde. Não dizem que nós somos o que comemos? A solução, portanto, é cuidar do planeta como uma forma de cuidar de nós mesmo. Afinal, autocuidado não é só fazer skin care.