Consumo na era digital: quando o próprio consumidor é a mercadoria

*Equipe de Direito Societário Vinhas e Redenschi

Já notaram que quando você faz uma pesquisa sobre preços e tipos de máquinas de lavar, geladeiras ou outros eletrodomésticos nos sites especializados, imediatamente surgem anúncios de produtos semelhantes àqueles pesquisados em todas as suas redes sociais? Da mesma forma, se por acaso foi ver o preço de passagens para Roma, aparecem sugestões e mais sugestões de lugares para conhecer na Itália? Isso não é mera coincidência, mas resultado do uso de algoritmos e informações recolhidas a seu respeito na internet. 

Nesta era digital em que vivemos, o comportamento do consumidor na grande rede ⎯  gostos, hábitos, despesas, localização geográfica etc. ⎯ é permanentemente monitorado no detalhe, e as informações obtidas são utilizadas para personalizar as propagandas apresentadas. O resultado é um aumento de vendas pelos fornecedores, em decorrência destes conhecerem os hábitos e interesses de seus consumidores, através do direcionamento e oferecimento de produtos e serviços, muitas vezes antes mesmo de os próprios consumidores pensarem a respeito. E (quase) ninguém percebe.

A coleta de informações se faz de maneira silenciosa e discreta ⎯ através da Alexa, do Google Assistant, da smartv, do seu celular, da sua máquina de lavar inteligente (aquela mesmo que você pesquisou no primeiro parágrafo), dos minutos gastos em determinada postagem na rede social, do conteúdo das suas interações, das “curtidas” que você dá. Todas essas são informações preciosas, arrecadadas para traçar o perfil social, econômico e cultural daquele consumidor e prever comportamentos futuros.

Assim, nesta era digital, vislumbram-se alguns desafios a serem enfrentados pelo consumidor, como:

1. comunicação e escolha sobre a coleta de informações a respeito de seus hábitos; e 
2. decisão livre na aquisição de produto ou serviço, sem direcionamento subliminar.

O primeiro passo, que aqui se espera, nestas breves linhas, é chamar a atenção dos consumidores para esta realidade desconhecida (ou ignorada) pela maioria ⎯ que, com olhos mais abertos, poderão fazer escolhas mais conscientes, aceitando ou não propagandas personalizadas.

*Equipe de Direito Societário Vinhas e Redenschi