CONTOS DE CECÍLIA BARREIRA
O PSICOPATA
Diogo. Andava na faculdade a tirar engenharias. Obcecado por Patrícia.
“Porque é que não olhas para mim? Sempre aquele atrasado ao pé. Já não posso mais com ele. Um dia apanho-o no beco e desaparece num instante”
Patrícia era a mais bela das engenharias. Não queria namorados até por que saíra de uma situação complicada”.
“Vais ver. Sempre de volta dela. Maldito Baltazar.
Junto-me com o Estevão e é logo morto”
O maior amigo de Patrícia era Baltazar. Era gay não assumido , iam para todo o lado. Eram confidentes.
“Todo sensível, o estupor. Já vais ver a tua sensibilidade. Não falta muito “.
Nas aulas, Baltazar era o melhor. Exímio e brilhante.
“Julgas-te melhor que os outros? Julgas-te esperto? Quando te matar até vais ganir”
Patrícia passara por uma situação difícil de um namorado violento e ciumento.
“O que tu precisas Patrícia é de um homem a sério. Não desse gato pingado. Não posso chegar a ti que o cromo está sempre, feito verme”
Baltazar também amara. Mas por um homem casado.
“Julgas-te engraçado por teres olhos claros? Numa luta homem a homem és logo morto. Imbecil”
Tinha as rotinas de sempre. Às mesmas horas era visto na cidade universitária por atalhos para chegar ao autocarro.
“Eu sei como é a tua vidinha, escafandro. Eu sei. Com o início da noite levas uma porrada que nem sabes de onde és”
Patrícia não se atrevia a ir por locais esconsos. Apanhava dois autocarros. Baltazar, como era um ás a matemática e cálculo, ajudava-a nas dúvidas.
“Tu és linda para te deixares perder por esse cretino. Ele desaparece e tu começas a atinar”
Às vezes Patrícia e Baltazar reuniam-se com amigos numa casa comum.
“Esse António também anda sempre a rondar-te. Mas é mais parvinho. Agora para já vou tratar do teu querido”
De uma noite para o dia Baltazar desaparecera. A mãe telefonara. Já a polícia andava a verificar a situação.
“Ah, como eu gostei de te cortar aos pedaços. O que vale é que o Estevão me ajudou como sempre. E ninguém te vai encontrar. A trituradora nunca me deixou ficar mal”
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Patrícia, muito preocupada. Não havia sinais .
Na faculdade todos se interrogavam.
“Bem podem andar de cavalinho. Eliminei-o de vez. Já o fiz várias vezes, com outros. A ajuda do Estevão é fixe.”
Até que a polícia a chamou para informações sobre eventuais inimigos.
“Nem nunca falei contigo, verme. Agora tenho a Patrícia para mim. E tu já foste “
Patrícia achou estranho aquele Diogo sempre à volta dela a tentar ajudar. Mas não era ajuda. Era assédio puro e duro.
“Agora és minha. Totalmente minha. Agora vais sucumbir ao que mais quero. Não vou à bola com esse teu ar tristonho por causa daquela besta”
Comentou esse facto à polícia. O assédio.
Resolveram interrogar Diogo.
“Mas o que é isto? Então eu mostro o quanto te amo e veem com perguntas? Não te metas comigo Patrícia. Sabes lá do que eu sou capaz”
E também, de uma noite para o dia, Patrícia desaparece.
“És finalmente minha. Tu andavas a pedi-las. Não gostas da mordaça e das cordas? Olha, é da maneira que te habituas melhor”.
A polícia tentava interligar factos.
“Ontem levaste um bofetão. E bem dado. Então ainda estás caída de saudades por aquela alminha?”
As famílias sem saber o que fazer.
De espírito em riste, Patrícia tentava sobreviver àquele monstro.
Gritava. Mas em vão.
Agora, sim, sabia o que Baltazar deve ter sofrido.
#ceciliabarreira