Cringe ou não, é tudo sobre geração

Cringe ou não, é tudo sobre geração

Agora é oficial: cá em terras brasilis, só se fala em “cringe”. Ao menos aqui no nosso macro-mini-mundo da internet, que claramente já se esqueceu de Gil do Vigor, Juliette e da CPI da Covid.

E como tudo que surge nas redes de maneira meteórica - ainda mais durante uma pandemia -, o termo explodiu e rendeu não somente memes, mas até pauta no programa da Fátima Bernardes.

Fazendo uma rápida pesquisa no Google Trends, percebe-se que a busca pelo termo era praticamente nula até janeiro deste ano e, a partir de maio, subiu desenfreadamente ao infinito e além rumo a cringemania.

Se analisarmos os termos correlatos, os resultados apontam basicamente para “o que é”, “significado" e “tradução” - prova cabal de que nenhum de nós é especialista no assunto ou ao menos sabe exatamente o que diabos é essa palavrinha advinda da língua inglesa.

  • No dicionário, a literalidade nos leva para “sentir nojo ou vergonha e, muitas vezes, demonstrar esse sentimento por meio de um movimento do rosto ou do corpo”. 
  • Sensorialmente, pode-se descrever o adjetivo como “o detestável ato de passar as unhas em uma lousa”.
  • Em português óbvio e claro, podemos chamar popularmente de “vergonha alheia”.
  • Mas, para mim, a definição é um pouco mais simples: “sinal dos tempos”.

Afinal, não chega a ser surpresa para ninguém, em nenhum lugar do mundo, o fato de que a geração atual faça recorrentemente piadas com a anterior. A grande novidade é que, talvez pela primeira vez na história, estamos todos na mesma sala.

Basta pensar em tudo o que você postava quando o seus pais não tinham Orkut ou Facebook. Era foto em balada, desabafo sobre o trabalho e, claro, piadinhas sobre o sua mãe não saber usar o WhatsApp ou a dificuldade do seu pai em mexer no controle da NET.

Lembrou? Pois é. O que colocou millenials e zennials em velada batalha virtual é que, agora, estamos todos (quase) nos mesmos lugares. Boa parte da turma que nasceu entre os anos 80 e 90 também acessam o Instagram e o TikTok diariamente, além de assistir aos mesmos canais da turma dos anos 2000. A gente tá se sentindo incomodado porque a piada é com a gente.

-Galvão?

-Fala, Mauro.

-Sentiu.

E aqui, sejamos sinceros e honestos, não cabe revolta ou indignação. O que cabe perfeitamente é rebater as piadas com mais zoeira. Sem desmerecer, pisar ou xingar ninguém; só reagir daquele jeito moleque que a internet nos ensinou.

Nos valhamos do Código de Hamurabi moderno: olho por olho, meme por meme. Eu - que acordo 5:30h da manhã, leio jornal impresso, tomo café o dia inteiro e não guardo pão na geladeira - já estou pronto para rebater cada piadoca com mais torta na cara. E você?

Rafael Barbosa

PhD em Física | Cientista de Dados | IoT | Python | SQL

3 a

claro que não...os zennials deviam ler e aprender...

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