Cultura Organizacional

Cultura Organizacional

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Nesta edição, trazemos um tema valioso para o sucesso organizacional: a Cultura Organizacional. Com a participação de Maria Funari, CHRO da Accesstage, exploramos como uma cultura forte pode transformar o ambiente de trabalho, impulsionar a inovação e promover a inclusão.

Maria Funari, traz mais de 25 anos de experiência em Gestão de Pessoas, com destaque em transformações culturais e liderança estratégica. Com formação robusta em Psicologia e Gestão, a executiva tem conduzido mudanças significativas em diversas organizações, sempre com foco em criar uma cultura de valor e promover alta performance.


Nós - Em um cenário de mudanças rápidas, como manter uma cultura organizacional que seja flexível e, ao mesmo tempo, consistente com os valores da empresa?

Maria Funari - O primeiro passo é entender que o mercado vive em cenários de extrema mudança e a frequência com que elas acontecem tem aumentado consideravelmente. Isso não é diferente das nossas vidas, pense quantas vezes você, como ser humano, se transformou por questões infinitas. Essa é a questão: se as pessoas mudam, se os negócios mudam, ter uma cultura organizacional inflexível seria insano.

Dessa forma, é fundamental que a flexibilidade faça parte da cultura como um valor, direcionando a gestão do negócio e para que as mudanças não sejam uma surpresa para as pessoas. Aqui, na Accesstage, temos essa consciência, principalmente por estarmos inseridos em um mercado altamente complexo. Veja que cada dia existe uma tecnologia nova e o mundo financeiro tem se transformado com rapidez, nós estamos no centro disso. O primeiro passo foi a definição de nossa cultura (e não existe cultura certa ou errada) e alinhar todos os nossos símbolos e rituais com ela, para que realmente fosse praticada e de forma genuína. E, naturalmente, estratégias e decisões são pautadas em nossa cultura; hoje estamos em plena transformação revendo toda a governança corporativa, estilo de liderança, produtividade, tudo isso pautado em uma cultura de valor que contempla a flexibilidade e adaptabilidade. Para chegarmos nesse ponto, foram várias rodadas de desenvolvimento com a liderança, diversos treinamentos, encontros, assessments, etc., além de criarmos um grupo multidisciplinar e multi-hierárquico para cocriar as premissas de cada um dos novos valores.

Uma das ações mais cruciais, contudo, para o sucesso do Projeto Cultura foi o patrocínio do CEO do grupo, que, extremamente alinhado ao time de People, construiu um propósito robusto, que de fato nos definia e uma visão de curto, médio e longo prazo. Ele é o representante número um de nossa cultura.

Por mais que tenhamos conquistado resultados incríveis com essas ações, tivemos em mente que esse trabalho não pararia em 2018. Mais mudanças no mercado aconteceram, mudanças também que impactaram a vida de todos nós, como a pandemia, por exemplo. Por isso, estamos mais uma vez com o Projeto Cultura no ar agora em 2024. Com orgulho, além das certificações conquistadas, já identificamos que reduzimos em quase 10% o nível de entropia (desalinhamentos culturais). Hoje, temos o privilégio de bater no peito e dizer que as nossas pessoas são e estão altamente engajadas ao nosso propósito e isso impulsiona ainda mais a força da nossa cultura.

 

Nós - Como vocês veem o papel da liderança na construção e manutenção de uma cultura organizacional saudável e engajada?

Maria Funari - A liderança atua como espelho e serve de exemplo em todas as suas ações, que são a base para que os demais colaboradores entendam e sigam a cultura da organização.

Se a liderança não fosse a primeira a assumir o compromisso com a cultura e vestir a camisa dos valores e propósito da empresa, todo o trabalho de mapeamento cultural seria em vão, a começar pela cadeira de CEO. Se essa posição não estiver alinhada com a cultura, o alinhamento entre as pessoas não acontecerá.

É mágico perceber os resultados desse trabalho com a liderança se desdobrando até no engajamento dos times com as pautas de ESG inspiradas e promovidas pelo time de People. Foi pelo exemplo de cuidar das vidas internas que, durante as catástrofes do Rio Grande do Sul, os próprios times se mobilizaram para dar apoio em grupo. Esse mesmo amor e cuidado pelo outro vemos nas ações de ESG que temos na empresa e é pelo exemplo que nossos AccessLovers impulsionam o resultado do grupo (independentemente da área) indicando novos clientes e gerando novas receitas. Esse é o poder real da liderança inspiradora.

 

Nós - De que forma a diversidade e a inclusão impactam a cultura organizacional e quais práticas têm sido adotadas para garantir um ambiente mais inclusivo?

Maria Funari - A diversidade é o que traz riqueza de conhecimento e amplia os horizontes das organizações. Pessoas diversas trazem em suas bagagens histórias de vidas, experiências e pontos de vista diferentes. Isso é extremamente valioso para toda a organização. Mas, para além dos ganhos em Cultura, não é novidade que a diversidade promove ganhos significativos na produtividade e desempenho financeiro.

Exatamente por isso, com o Projeto Cultura, chegamos nos cinco valores que norteiam a nossa conduta – Respeito, Ética, Sucesso do Cliente, Espírito Empreendedor e Sustentabilidade Financeira –, sendo Respeito o principal.

Uma das frases mais impactantes que, em conjunto com os times, chegamos para definir esse valor é "Olhe para o Outro e Veja Você". Foi essa frase que norteou as pessoas a serem elas mesmas no ambiente corporativo.

Iniciamos silenciosamente uma revolução na contratação e oxigenação da empresa aliadas à diversidade, iniciando com o time de People. Toda posição aberta para aumento de quadro ou substituição, nos atemos a triar pessoas alinhadas à estratégia de diversidade. Como reflexo, conquistamos um time altamente diverso; mais da metade do nosso time de People é composta por mulheres (60%). Quanto à orientação sexual, dos homens cisgênero do time, 50% são homossexuais e, entre as mulheres, 33% são pessoas LGBTQIA+. Daí voltamos mais uma vez para a questão da liderança pelo exemplo. Após essa ação, conquistamos um quadro diverso, comporto por quase 50% de representação feminina, sendo 40% só em nível gerencial.


Nós - Quais são os principais sinais de que a cultura organizacional precisa ser revista ou transformada?

Maria Funari - A cultura é viva e deve ser acompanhada constantemente, bem como as metas que são estipuladas para a organização. Por esse motivo, existe a importância dos símbolos, rituais e valores fortes, que sejam flexíveis e adaptáveis, mas respeitando sempre a essência e propósito do negócio.

Um sinal da hora de revisitar a cultura é quando algum valor não está sendo praticado ou quando surge a necessidade de dar ênfase a novos valores. É importante se manter atento aos sinais de mercado e objetivos empresariais que podem ter impacto cultural. Por exemplo, aumento exacerbado do turnover, M&A de novas investidas, mudanças no quadro societário ou CEO da companhia (dependendo do tamanho da organização), e, ainda, estagnação da receita/produtividade do negócio. Aqui, na Accesstage, o que nos motivou a iniciar o Projeto Cultura foi o nosso desejo em impulsionar a prosperidade financeira das organizações e clientes. Para isso, o primeiro passo seria impulsionar a prosperidade e qualidade de vida das nossas pessoas. O Projeto Cultura foi essencial para chegarmos onde chegamos!


Nós - Como equilibrar a necessidade de inovação com a preservação da identidade cultural da empresa?

Maria Funari - A inovação é essencial em qualquer empresa, ainda mais em empresas de tecnologia como é o nosso caso. Mas, mesmo que busquemos inovar para acompanhar as tendências de mercado, é preciso respeitar o histórico e a cultura da empresa. No nosso caso, o Projeto Cultura foi a chave para instigarmos ainda mais a inovação, uma vez que, entre os valores culturais implantados, enfatizamos o Respeito, com o aumento da diversidade, e o Espírito Empreendedor que descreve exatamente essa fome em inovar. Veja que, ao incorporar valores que incentivam a inovação para além de ganho no negócio, reforçamos ainda mais o alinhamento das pessoas com a nossa Cultura e Propósito.



 Uma cultura organizacional bem definida é o alicerce para o crescimento sustentável e a inovação. Maria Funari nos mostra que, com liderança comprometida e estratégias inclusivas, é possível criar um ambiente de trabalho que não só acompanha as mudanças do mercado, mas também promove o bem-estar e o sucesso de seus colaboradores. 

Agradecemos à Maria Funari por compartilhar sua experiência e percepções sobre cultura organizacional. Sua visão é inspiradora para todos que buscam fortalecer suas organizações.

Agradecemos também a você, leitor, por se juntar a nós nesta edição. Esperamos que este conteúdo traga novas ideias e inspirações para sua jornada profissional.

Até a próxima

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