A delicada posição dos Estados Unidos no conflito Rússia – Ucrânia
16/02/2022
Até pouco tempo atrás, o mundo estava controlado por dois poderosos atores; de um lado da União de Repúblicas Socialistas Soviéticas, URSS e por outro, os Estados Unidos de América.
Os soviéticos tinham um grupo de países que controlavam e que eram chamados de “Países Satélites” por girar politicamente, economicamente e ideologicamente em torno de Moscou.
Por sua vez, os americanos também contavam com um grupo de nações que giravam em torno de Washington, eram os chamados de “Países Alinhados”, que adotavam as políticas da Casa Branca, a qual reverenciavam.
Era o tempo da Guerra Fria, chamada assim por causa do canhão não ter sido disparado ao ponto de esquentar.
Foi uma guerra de ideias e demonstração de forças; onde cada lado defendia seus interesses políticos, comerciais e estratégicos da melhor forma possível para ganhar maior espaço na política internacional e maior influencia mundial.
Ou seja, adquirir maior capacidade política e militar para ditar os comportamentos no mundo das relações internacionais.
A União Soviética deixa de existir em 31 de dezembro de 1991 quando Boris Yeltsin recém empossado Presidente, comunica ao mundo o fim da União Soviética que durante seu auge, foi formada por 18 repúblicas, entre elas, Ucrânia.
A partir desse momento, as nações que a formavam, agora independentes e soberanas, são levadas a trilhar seu próprio caminho em busca de seu próprio desenvolvimento, que é o caso da Ucrânia.
Nasce então a Federação Russa que por seu tamanho, poderia parecer menos ameaçadora que a antiga URSS, para os americanos.
O problema de segurança para os estadunidenses se manifesta ao observar o brutal crescimento da força militar da China, sendo nos dias de hoje; a maior ameaça e preocupação do Pentágono, visto a quantidade de navios de guerra que já estão navegando por águas que antes eram dominadas pelos Estados Unidos.
Se já era desgastante brigar com a Rússia durante a Guerra Fria; brigar pela hegemonia mundial com a Rússia e com a China ao mesmo tempo, passa a ser uma tarefa ainda mais desgastante do ponto de vista militar e político.
Então, enfraquecer a influência da Federação Russa passou a ser uma das tarefas mais viável para enfrentar a China.
Recomendados pelo LinkedIn
Medidas extremas já foram tomadas por parte da Casa Branca, que decidiu junto com o Reino Unido, repassar a tecnologia de construção de submarinos movidos a energia nuclear para Austrália, por estar geograficamente localizada frente a China.
Na visão dos americanos, construir mais navios de superfície não teriam o mesmo efeito de intimidação para os chineses que já possuem corvetas, fragatas, destroier e porta-aviões em número cada vez maior.
Então, fortalecendo as defesas americanas a partir da Austrália e enfraquecendo o poder da Rússia, os Estados Unidos teriam maior capacidade militar de pressionar a China, e assim defender seus interesses para manterem sua hegemonia global.
Para a Casa Branca, China é a grande ameaça e não Rússia.
China possui hoje o exército mais disciplinado do mundo; o mais preparado, o mais ativo do planeta e o mais equipado para enfrentar uma guerra.
Eles estão muito próximos de atingir o domínio dos espaços aéreos e marítimos do planeta. Seus aviões, helicópteros e navios se igualam ou superam os veículos de guerra americanos, seja em alcance ou capacidade de destruição.
A crise da Ucrânia afetará mais os Estados Unidos que já constatou que a OTAN, que controla; não possui um pensamento único e não é tão unida como se imaginava. Veja o comportamento da Alemanha que mesmo sendo o mais importante membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte não entrou de cabeça neste conflito, bastante alardeado, instigado e atiçado pela Casa Branca.
Rússia sairá triunfante, pois conseguirá que a Ucrânia abandone sua ideia de ingressar na OTAN, o que dará mais segurança a Moscou.
Para ter uma ideia de proximidade, a distância entre Kiev e Moscou é de apenas 879 quilômetros, e se Ucrânia entrasse na OTAN, os Estados Unidos poderiam instalar suas bases militares na Ucrânia a atacar Moscou sem esforço e por baixo custo, e a Rússia ficaria à mercê do humor da Casa Branca.
E isso não vai acontecer.
Rodrigo Hernan Gonzalez Ruiz é pós-graduado em Política Internacional pela Escola de Socióloga e Política de São Paulo.