Derrotas ligam o sinal de alerta no Grêmio
Eu já escrevi aqui anteriormente, só as Copas interessavam ao tricolor porque o Brasileirão 2017 já tem dono. Dito isso, as más atuações do Grêmio no Campeonato Brasileiro servem como importantes pontos de análise. Assim, com duas derrotas seguidas, ligou o sinal de alerta para o jogo decisivo da Libertadores na quarta-feira.
Vamos começar deixando claro que eu acredito que foi falta de foco dos jogadores contra o Vasco da Gama no Rio de Janeiro. Essa nova Libertadores “tiro longo” é uma maratona mental para qualquer elenco e um desafio de planejamento para qualquer clube e, claro, comissão técnica. Nesse sentido, priorizar competições é fundamental e acredito que o Grêmio já deveria ter deixado isso claro no seu discurso externo faz algum tempo. “Quem muito quer tudo, acaba com nada”, é um ditado popular que se explica perfeitamente o atual momento tricolor.
Se as Copas não fossem a prioridade, então jogadores que estão sendo (ou foram) preparados para as partidas decisivas do mata-mata da Copa do Brasil e Libertadores foram preservados para quê ao longo desse Brasileirão?
Então chega de tapar o sol com a peneira, todos nós queremos mais um título esse ano e o caminho para isso é agora somente a Copa Libertadores da América e não o Brasileiro.
Por isso as más atuações diante do Vasco e Chapecoense ligam um sinal de alerta: o Grêmio é previsível quando não joga com a “corda esticada” pois falta o “algo a mais” que uma competição eliminatória exige.
Você agora me lembraria que o Grêmio foi eliminado da Cop do Brasil pelo Cruzeiro mesmo nessas circunstâncias. É verdade. E aqui está o outro sinal advindo das últimas atuações no Brasileiro: na falta de um armador, o esquema consolidado e vitorioso em 2016 não está funcionando.
Ou seja, se o tricolor não marca gols antes do adversário, a estratégia de jogo de toque-toque com triangulações para inverter a bola de lado e combinações nas laterais para fazer cruzamentos na área, não são suficientes para furar as retrancas de 11 jogadores abaixo do terço inicial do gramado.
A falta de criatividade do meio-campo gremista não é (ou pelo menos deveria ser) somente um consequência da ausência de Luan. Obviamente, se você tira um craque da equipe ele faz falta e é insubstituível. Assim, a maior “virtude” de Luan é o que está faltando nesse Grêmio previsível; ou seja, a quebra de marcação através da jogada individual e movimentação entrelinhas.
O último a fazer isso pelo tricolor agora joga no inverno russo. Pedro Rocha estava desequilibrando pelo lado esquerdo e era o criador das melhores jogadas ofensivas do tricolor. E quando Renato decidiu colocar Fernandinho para fazer a mesma função, logo percebeu-se que o habilidoso e rápido canhoto, rende mais no lado direito onde pode finalizar cortando para o meio.
Aliás, número de finalizações erradas é o terceiro sinal de alerta para a comissão técnica.
Na goleada contra o Sport por 5 a 0 foram seis finalizações erradas e sete certas. Agora percebam a dificuldade quando a bola não entra e o adversário se fecha: contra o Vasco foram 10 finalizações erradas e diante da Chapecoense 12. Nessas duas partidas o Grêmio finalizou apenas TRÊS vezes no gol.
Os números não explicam toda previsibilidade desse Grêmio sem Luan e Pedro Rocha, porém nos ajudam a entender a falta que eles fazem e, além disso, mostram a incapacidade da equipe em achar soluções para furar equipes que "estacionam em ônibus" na frente da área, no melhor estilo Mourinho.
Não estou pensando que Renato deve mudar radicalmente o esquema de jogo a essa altura do ano. Isso seria trágico. Entretanto o treinador precisa achar soluções rápidas para a falta de pontaria e criatividade para o confronto decisivo contra o Botafogo.
Como? Eu não sei. Fosse eu Portaluppi, responderia que “ele é bem pago para achar essas soluções”. E, por favor, não me digam que Jael (depois de sete meses) faz parte desse rol de alternativas para a falta de gols no Grêmio.
Quarta-feira terá que ser um divisor de águas nessa previsibilidade gremista. Vitória terá que vir de qualquer jeito, na raça e no abafa da torcida.
Leia a publicação original no Blog do Rolim.