Desafio tecnológico para os prefeitos

Desafio tecnológico para os prefeitos

O impacto da inteligência artificial (IA) no mercado de trabalho tem provocado discussões sobre o futuro das profissões e a substituição de trabalhadores por máquinas. A IA avança de forma significativa em diversas áreas e esse progresso, embora promissor em termos de produtividade e eficiência, impõe desafios sociais, particularmente no que diz respeito à destruição de empregos de baixa qualificação.

Conforme o relatório mais recente do Fundo Monetário Internacional (FMI), aproximadamente 60% dos empregos nas economias avançadas podem ser impactados pela IA, uma cifra alarmante que sugere a potencial substituição de uma parte significativa da força de trabalho atual. A tendência é que as economias emergentes e de baixa renda, embora em menor proporção, também enfrentem efeitos substanciais, com 40% e 26% dos postos de trabalho ameaçados, respectivamente. Isso indica que as ocupações mais suscetíveis são aquelas que exigem menor qualificação e que podem ser facilmente automatizadas.

Também é apresentada a aceleração do desempenho da IA, especialmente em tarefas que antes eram consideradas exclusivas de seres humanos. Em 1998, o desempenho inicial da IA estava muito abaixo da média humana em vários domínios, como caligrafia e fala. No entanto, ao longo dos anos, o desenvolvimento de novas tecnologias permitiu que ela ultrapassasse a capacidade humana em algumas dessas atividades.

Essa realidade nos leva a refletir sobre as possíveis implicações no mercado de trabalho. Profissões que dependem de tarefas repetitivas ou rotineiras estão particularmente vulneráveis. Assistentes administrativos, operadores de telemarketing, motoristas e trabalhadores de linha de produção estão entre os primeiros que podem ser substituídos, uma vez que os sistemas de IA conseguem executar essas atividades com maior rapidez, precisão e a um custo reduzido.

Por outro lado, as autoridades governamentais enfrentam o desafio de tratar de forma proativa a crescente desigualdade gerada por esse avanço. Enquanto a adoção da IA pode trazer ganhos significativos de produtividade, ela também amplia o fosso entre trabalhadores qualificados e não qualificados, entre economias ricas e pobres. A preparação dos países para lidar com esse cenário varia consideravelmente, conforme indicado pelo Índice de Preparação para a IA do FMI. Esse índice avalia as nações em áreas como infraestrutura digital, capital humano e políticas voltadas ao mercado de trabalho. Embora as economias avançadas e alguns mercados emergentes estejam mais bem preparados, muitos países de baixa renda carecem das condições necessárias para absorver essa nova onda tecnológica.

Diante desse cenário de rápidas transformações no mercado de trabalho, impulsionadas pela inteligência artificial, os novos prefeitos eleitos terão um importante papel na redução dos efeitos negativos dessa revolução tecnológica em seus municípios. A substituição de trabalhadores por máquinas e sistemas automatizados, especialmente em atividades que demandam pouca qualificação, pode agravar as já existentes desigualdades sociais.

Os gestores públicos locais devem adotar políticas inclusivas e investir em programas de capacitação, em parceria com instituições de ensino e o setor produtivo, para preparar os trabalhadores para as novas demandas da IA. Essa abordagem é fundamental para evitar a exclusão social e fortalecer a economia, exigindo dos novos prefeitos uma gestão estratégica que considere o impacto da tecnologia nas pessoas e na economia local.



Rogério Ribeiro - Economista formado pela Faculdade Estadual de Ciências Econômicas de Apucarana (FECEA), atual campus de Apucarana da Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR). Mestre em Economia pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) e doutorando em Desenvolvimento Regional e Agronegócio na UNIOESTE - campus de Toledo.

É professor do colegiado do curso de Ciências Econômicas da UNESPAR - campus de Apucarana desde 1992. Foi chefe do Departamento de Economia e coordenador do curso de Ciências Econômicas.

Atuou como coordenador administrativo de 2002 a 2010 e de 2010 a 2014 foi diretor da FECEA. De janeiro de 2014 a dezembro de 2020 foi Pró-reitor de Administração e Finanças da UNESPAR.

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