Desafios da transição epidemiológica para o sistema de saúde
A população mundial está passando por uma mudança demográfica importante, com um aumento significativo na proporção de idosos. Em 2018, pela primeira vez, observou-se mais pessoas com mais de 64 anos do que crianças com menos de 5 anos no mundo (Figura 1). No Brasil, essa barreira foi ultrapassada em 2014 (Figura 2). Com a expectativa de vida aumentando e a taxa de natalidade reduzindo, o envelhecimento populacional é uma realidade que já não é novidade e que traz preocupações quanto ao impacto nas políticas de saúde.
Embora muitos países no mundo já tenham vivenciado essa transição demográfica, o Brasil enfrenta uma situação singular, com uma tripla carga de doença: doenças crônicas, doenças infectocontagiosas e causas externas, como acidentes de trânsito e homicídios, que tendem a sobrecarregar ainda mais o sistema de saúde.
Uma das preocupações recentes no Brasil tem sido a redução da adesão às campanhas de vacinação, com uma queda de 30% entre 2015 e 2022 (1). Isso é especialmente preocupante, já que a vacinação é uma das formas mais eficazes de prevenção de doenças infecciosas. Além disso, a manutenção da taxa de mortes violentas no país também é uma preocupação.
Na comparação com as taxas da OCDE, por exemplo, as taxas de óbitos por doenças infectocontagiosas e causas externas ainda é significativamente superior (Figuras 3 e 4).
Diante desse cenário, é importante que o sistema de saúde esteja preparado para atender à transição que viveremos nos próximos anos, com uma atenção primária fortalecida e estratégias específicas para lidar com a carga de doença tripla. Além disso, é fundamental incentivar a adesão à vacinação e promover ações de prevenção de doenças e de redução da violência.
(1) Fonte: Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI/CGPNI/DEIDT/SVS/MS)