2) Diário de Uma Mente Ansiosa – quando superei minhas preocupações
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2) Diário de Uma Mente Ansiosa – quando superei minhas preocupações

Terça, 14 de fevereiro - Medo instintivo do fracasso

Poucas pessoas sabem, mas o que realmente fode nosso organismo não é o emocional, e sim os pensamentos. Tem a ver com nossa capacidade de simular tudo o que pode acontecer. Mas é como eu sempre digo aos meus pacientes: nem tudo que é possível é provável. Acontece que, em condições espontâneas, a parte emocional do nosso cérebro não dá a mínima para as probabilidades. Não fomos programados para lidar emocionalmente com estatística. Se existe alguma possibilidade de perigo, nos ocuparemos com isso – a menos que treinemos de forma adaptativa, contra nossa natureza mais instintiva.

Eu sei que tenho o dever de compreender essa onda interna de preocupação e encara-la. Como em uma competição de cabo de guerra, forças opostas travam a batalha dentro de mim para definir quem irá prevalecer (e se fortalecer): meu Eu Desesperado ou meu Eu Pleno. Não é fácil! Nesse momento é tentador, mas também ilusório, pensar que estou assim “só dessa vez”, que “é só com esse problema” e que “as coisas vão se ajeitar” e “tudo vai ficar bem depois”.

Esse tipo de mentalidade, infelizmente, é uma tendência comum e muitas pessoas cometem esse erro grave. Elas esquivam da situação porque desejam evitar o desconforto emocional de combater as próprias angústias e fraquezas. Então esperam até que as coisas mais ou menos se organizem ou até que alguém faça o trabalho duro.

Na rotina de um profissional autônomo, como é o meu caso, o fato do fluxo de pacientes cair não é novidade, especialmente em determinadas períodos do ano – é impressionante o quanto o comportamento das pessoas, dos grupos e até mesmo da sociedade obedece a padrões. Já passei por vacas magras outras vezes. E por mais que isso seja esperado, segue sendo o grande medo de todo empreendedor: será que semana que vem terei clientela?

É também muito curioso o fato de eu atender outros empreendedores que passam pela mesma angústia – a incerteza na demanda futura. Mas o que parece ser puramente uma reação psicológica é, na verdade, um poderoso instinto de sobrevivência de qualquer indivíduo que preze pela existência. Trata-se da aversão a escassez. Ela está entranhada nas profundezas da nossa genética e do nosso inconsciente. É algo tão intenso que as vezes parece ser incontrolável, como se todo nosso corpo e pensamentos reagissem em função desse medo. Por isso todas as pessoas vivas e lúcidas temem a falta de segurança, de alimento ou de recursos.

Eu não sou uma exceção a esse temor; ainda.

(2 de 9 - continua)

Parte.1 - A ansiedade é igual para todos

Parte.3 - A preocupação tem muitas faces

Parte.4 "Isso ajudaria?"

Parte.5 - Contemple o caos

Parte.6 - Persista, acostume, adapte

Parte.7 - A realidade é secundária

Parte.8 - A mente sobre a matéria

Parte.9 - Implodindo a mente ansiosa

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