Dia 8 é um marco para quais mulheres?
São as águas de março fechando o verão e abrindo as discussões sobre o Dia Internacional da Mulher.
(Esse também é o mês do meu aniversário, caso tenha interesse em saber☺️).
Chegou a época que muitas empresas buscam por “lembrancinha dia da mulher” ou “frase dia da mulher”. Pesquisas desse tipo bombam no Google, Bing e em outros mecanismos de busca.
Então, bora abraçar esse tema tão importante para falar de branding?
A Kantar, líder mundial em dados de mercado, apontou algumas tendências para 2024. O ESG e o aumento do vínculo entre os consumidores e as marcas que abraçam causas essenciais para eles estão entre elas.
De forma ampla, o ESG se refere aos aspectos ambientais, sociais e de governança de uma organização.
Isso faz as narrativas das marcas irem além de simples campanhas, como a do dia 8 de março. Agora elas contam a história da marca de forma conectada, ligada ao negócio.
O "S" do ESG trata-se das práticas e políticas sociais das empresas para mudanças sociais positivas. Elas incluem direitos trabalhistas, diversidade e inclusão. Também como são as relações com os stakeholders.
Quando observamos as pesquisas no Google, muitas são para frases e presentes para o Dia Internacional da Mulher. Isso mostra uma falta de compreensão do significado deste marco e da essência e autenticidade de uma marca.
Uma empresa que entende a importância do dia 8 de março sabe que o setor privado tem poder para impactar positivamente a sociedade. Ela sabe também o valor de ser autêntica e não fazer esse tipo de busca (a não ser para fazer aquele benck 👀).
Primeiro, olhe dentro da organização e as parcerias externas. Veja onde há falhas com as mulheres e como corrigi-las.
Também segundo a Kantar, 42% das empresas estão adicionando KPIs de ESG (Ambiental, Social e Governança) aos seus planejamentos. Afinal, o que não é medido, não pode ser gerenciado.
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Exemplificar com números é mais gostoso. Então, vamos lá.
Veja esses dados demográficos do estado de São Paulo. Eles foram coletados pela Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados).
51,3% da população paulista são mulheres. Dessas, 37% declaram-se negras.
14,2% das mulheres negras estão desempregadas. Isso é mais do que o dobro dos homens não negros (5,8%) e consideravelmente maior do que mulheres não negras (9,0%).
O rendimento por hora das mulheres negras é de R$13,86, e das mulheres não negras, R$22,09. Já dos homens não negros é de R$27,15.
Os números disponíveis são muito limitados. No entanto, eles revelam as diferentes condições das mulheres em São Paulo e uma mensagem importante. Isso vai além da óbvia diferença de direitos entre homens e mulheres que não se declaram negros.
O empoderamento feminino está longe de ser único.
As discussões organizacionais devem ir além da unidade. Precisamos considerar diferentes raças, etnias, orientações sexuais, idades, classes sociais e deficiências. Também a maternidade.
Este é o caminho para compreender verdadeiramente os desafios. Buscar a justiça e construir a reputação desejada. Uma história baseada em compromissos reais e impactos.
Outra superação essencial é a de números quantitativos. Irmos além da admissão de mulheres e suas várias faces é necessário.
Devemos fornecer as ferramentas necessárias para se desenvolverem. Precisamos ouvi-las e colocá-las em cargos de liderança. Também fazer quaisquer outras mudanças necessárias. Isso inclui escritórios para profissionais com deficiência e medidas para a interação segura entre todas as pessoas.
Com isso, fica a reflexão:
Dentro do recorte de gênero da empresa, quais mulheres estão inseridas?
Os dados apresentados são da Fundação Seade e da Kantar.