DIA INTERNACIONAL DA MULHER E O LUGAR QUE NOS RESERVAM (reservavam?)

Um grande viva a nós mulheres, que já ocupamos a maioria das cadeiras no mundo acadêmico, mas estamos longe dividir igualitariamente os cargos de gestão e liderança no mercado de trabalho;

Parabéns pra nós que temos salários inferiores para desempenharmos as mesmas funções que os homens, que temos que provar todo dia nossa capacidade, em tons pastéis e voz macia;

Um troféu pra nós que, quando alcançamos uma posição de destaque no mercado de trabalho, temos que encarar os olhares desconfiados ou acusadores que associam nosso eventual sucesso à um comportamento sexual;

Fogos de artifício pra nós que temos que responder sobre nossos projetos pessoais e maternidade quando concorremos a uma vaga de emprego enquanto aos homens o questionário tende a se ater a currículo e habilidades relacionadas ao cargo;

Meu melhor abraço em nós, que somos espancadas, apedrejadas, torturadas física e emocionalmente, assassinadas brutalmente pelos nossos parceiros e por uma sociedade machista e misógina que procura no comportamento feminino a permissividade para a violência sofrida e a justificativa e perdão para o agressor. Que nós não continuemos caindo da escada, porque não se trata de labirintite, mas de uma cegueira social que segue matando tantas de nós, todos os dias;

Minha energia mais positiva para que consigamos seguir na luta, exigindo nosso lugar ao sol em todas as áreas da sociedade, para que possamos estar aonde quisermos, da forma que quisermos, vestidas ou despidas, acompanhadas ou não, com um livro de receitas sob o braço, com um notebook, uma tese de doutorado em desenvolvimento, uma tela em branco, uma paleta de cores e um pincel ou o que quer que queiramos levar, se é que queremos. Que nosso gênero pare de nos impor regras de conduta que só nos limitam, nos encolhem e nos mostram o lugar que reservaram pra nós, e não o que almejamos ocupar.

Vamos em frente, essa barreira é real, mas é transponível. O caminho é árduo, mas é necessário. E a nossa força não há de ser contida, mas potencializada: pelo apoio recebido, pelo combate tantas vezes velado, pela mobilização, pelo preconceito e “reserva de mercado”... Porque somos assim, desde sempre tivemos que aprender a tirar de todos os cenários o impulso para sermos e irmos. A luta é linda, você lutando de batom e salto alto ou não.

A maioria de nós adora receber uma rosa, desde que ela venha acompanhada de um genuíno respeito e não como compensação pela opressão sofrida.